No momento em que posto esta matéria, 15:37 de domingo, 16 de julho, o número de votos favoráveis ao PL totaliza 12.101. Somente 1.230 pessoas são contrárias à medida. Você pode votar AQUI. TP.
No Justificando
Com três grandes chacinas e um total de 36 mortos no campo, o ano de 2017 está entrando para história como um dos mais sangrentos desde a redemocratização. Mesmo com esse cenário, o senador Wilder Morais (PP-GO) propôs o PL 224/2017, que autoriza a posse de arma em zonas rurais. A proposta está aberta para votação por meio do portal e-Cidadania do Senado e já conta com 5.233 votos a favor e 511 contra.
Morais ficou conhecido em fevereiro por ser o dono de um barco-boate, uma chalana chamada Champagne, onde ele e outros senadores receberam Alexandre de Moraes, então ministro da Justiça, que buscava apoio político para ser confirmado como ministro do Superior Tribunal Federal (STF).
Morais disse que o morador do campo “encontra-se desassistido pelas forças de segurança em tempo hábil para preservar a sua integridade física e moral, o que demanda a atuação do Estado no sentido de assegurar seu direito à autodefesa”.
O último grande massacre no campo no Brasil, no município de Pau d’Arco, no sudeste do Pará, foi realizado exatamente pela policia, no dia 24 de maio. Deixou dez camponeses mortos durante reintegração de posse em ocupação na Fazenda Santa Lúcia.
Em entrevista para o De Olho nos Ruralistas, na reportagem Democracia já tem quase 2 mil assassinatos políticos no campo, um dos coordenadores nacionais da CPT, Thiago Valentim, listou três fatores para o aumento dos conflitos.
Primeiro: a impunidade, mas aquela “relativa aos conflitos no campo, porque nosso sistema prisional é um dos que mais prendem”. Segundo: sucateamento dos órgãos e falta de política do Estado voltada para a democratização da terra, “chegando ao ponto de ter anos em que o governo não desapropriou nenhuma terra”. E, terceiro, a expansão do agronegócio: “o avanço de grandes corporações econômicas no campo e grandes obras de infraestrutura”, que visam ao território de comunidades tradicionais.
O autor do projeto, Wilder Morais, entrou no Senado após o titular da cadeira Demóstenes Torres (DEM-GO) ter o mandato cassado em julho de 2012. Segundo a investigação Operação Monte Carlo, da Policia Federal (PF), Demóstenes era o padrinho político do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pivô do escândalo que ficou conhecido como “máfia dos caça-níqueis” em Goiás.
Segundo a reportagem de Vinicius Sassine, gravações da PF revelaram que o contraventor Carlinhos Cachoeira atuou para que Morais fosse o senador suplente de Demóstenes. A ex-mulher dele, Andressa Mendonça, é hoje casada com o bicheiro preso e acusado de crime organizado, lavagem de dinheiro e corrupção. Andressa é dona de uma loja de lingerie no Shopping Bouganville, de propriedade do senador.
Morais também foi secretário de Infraestrutura do governo de Marconi Perillo (PSDB) em Goiás. Conforme escutas, intermediou com o tucano assuntos tratados com o bicheiro. O segundo suplente do ex-senador cassado é o fazendeiro José Eduardo Fleury (DEM-GO), que declarou um patrimônio de R$ 1,4 milhões ao TSE. O principal bem declarado é uma fazenda de 810 hectares em Quirinópolis (GO). Wilder, que também foi do DEM, se filiou ao PP em 2015 e se tornou presidente estadual do partido.
–
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, no ano passado, foram registrados 61 assassinatos em conflitos no campo. Foto: Arquivo Agência Brasil