Há 100 anos nascia Violeta Parra, “Santa Violeta”, como lhe chamou Neruda

Cantora, compositora, etnógrafa, pintora, tecelã, poetisa. A chilena que soube agradecer à vida nascia há 100 anos.

Na  TSF

Filha de um professor de música e de uma camponesa e cantora popular, que lhe ensinou os primeiros cantos chilenos, Violeta Parra começou a atuar com 9 anos. Com os irmãos, cantava boleros e rancheros em bares e restaurantes e, mais tarde, em 1943, com o nome “Violeta de Maio”, percorre o país com um repertório de músicas espanholas.

Aos 35 anos, Violeta Parra desperta para as raízes e começa um longo trabalho de investigação e recolha de folclore chileno.

Percorre o país, aldeias remotas, bate porta a porta para ouvir da voz dos camponeses os cantares das terras. O que ouve, muda a forma como compõe. Inspira-se nas raízes: “Verso por el fin del mundo”, “Casamiento de negros” e “Qué pena siente el alma”.

Com a ajuda do musicólogo Gastón Soublette, as músicas que recolheu no Chile profundo passaram a partituras e, anos mais tarde, dariam origem a “Cantos Folklóricos Chilenos” – uma obra maior, testamento para o Chile.

Soublette abriu-lhe as portas da Rádio Chilena, onde era chefe de programação, e nasce “Canta Violeta Parra” – um programa de culto, que divulgava o folclore chileno.

Depois, Violeta Parra saiu para o mundo. Polónia, União Soviética, Londres e Paris, onde grava os primeiros discos e faz um profundo trabalho de divulgação da música tradicional chilena.

É no regresso ao Chile que grava o primeiro LP da série “El Folklore de Chile” – voz e guitarra apenas, com dois temas originais.

Nessa altura, começa a explorar novas formas de arte. Pintura, cerâmica, escultura, tecelagem, as célebres  arpilleras – quadros bordados a lã, com um aspecto quase naif.

E também escreveu. Poesia, principalmente. “Décimas” autobiográficas, editado mais tarde, é um retrato da vida de Parra desde a infância, escrito em forma de poesia popular.

Percorre o país a cantar, a mostrar e a ensinar a música do Chile. Passa pela Argentina e em 62 fixa-se em Paris. Dois anos mais tarde, os quadros e as esculturas de Violeta Parra ganham o direito a ser apresentados no Museu de Artes Decorativas do Palácio do Louvre. Foi a primeira exposição individual de uma artista latino-americana no Louvre.

Em 1965 volta ao Chile. Violeta não foi viver para uma casa. Escolheu antes uma tenda de circo, onde inaugurou o Centro de Arte Popular Carpa de la Reina.

Foi ali que aos 49 anos Violeta Parra se suicidou. Faltava pouco para as seis da tarde daquele domingo, 5 de fevereiro de 1967.

Cantora, compositora, etnógrafa, pintora, tecelã, poetisa.

Inquieta, determinada, combativa, explosiva, solitária, genial.

Violeta. Dela, para ela, escreveu Pablo Neruda:

“Que amor a mãos cheias
recolhias pelos caminhos:
arrancavas cantos das fumaças,
fogo dos velórios,
participavas na mesma terra,
eras rural como os pássaros
e às vezes atacavas com relâmpagos”

.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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