Eles não são santos. São os exterminadores do futuro. (O caso do oeste da Bahia)

Por Prof. Dr. Altair Sales Barbosa, nCaminhos do Cerrado

Vocês adultos que tiveram uma infância compartilhada com muitas plantas, que conheceram animais silvestres em liberdade, que saciaram muitas vezes suas sedes tomando com as próprias mãos as águas límpidas de um ribeirão ou mesmo refrescando nestes seus corpos saudáveis. Vocês que eram felizes e inventavam brincadeiras inspiradas nos rios, nas plantas, nos bichos e nos arco-íris, por que querem tirar de seus filhos e netos esta possibilidade? Por que querem deixar para as futuras gerações, uma terra estéril, envenenada e assolada por pestes incontroláveis?

Pois bem, é isto que estão fazendo aqueles que agem em favor dos grandes latifundiários do oeste da Bahia.

A Fazenda Igarashi, ocupada na quinta-feira passada (02/11/17), é apenas um dos exemplos de investimentos maciço do capital que os empresários japoneses estão jogando no Brasil e em especial no oeste da Bahia. A Fazenda Mizote, que em apenas um ano retirou toda vegetação nativa do interflúvio situado entre o Rio do Meio e o Rio Santo Antônio é outro exemplo desta triste realidade.

Enganam aqueles que pensam que são atividades legais. As terras foram retiradas de seus legítimos donos através da grilagem. O uso dos recursos hídricos foi autorizado por organismos que nunca visitaram o oeste da Bahia, porque o além São Francisco, nunca foi Bahia para eles. E o pior de tudo é que desconhecem a história evolutiva desses ecossistemas regionais, nem a importância dos rios ali situados para a perenização do São Francisco. Da mesma forma, desconhecem a história da ocupação humana da região. Por esta razão, jamais vão entender que os rios para aquelas populações, não são só água, mas a própria vida. São os avós, os pais, os irmãos, os amigos, preenchem o dia-a-dia do imaginário e está no batismo sagrado de cada vivente.

Podem ter certeza que os grandes empresários que se dizem donos daquelas terras griladas, devem estar neste momento sorrindo, porque são absenteístas e não têm compromisso, nem ambiental, nem social para com o estado brasileiro. Seus capatazes fingem-se chateados, embora saibam que todo maquinário danificado está muito bem protegido por uma seguradora.

Um grupo econômico que usa equipamento, sem o mínimo de conhecimento de planejamento ambiental, capaz de produzir prejuízos ambientais irreversíveis e de tamanhas proporções, deve ser julgado por Tribunais Internacionais, pois no mínimo estão exterminando com o futuro e com o alvorecer do amanhã.

Foto enviada para Caminhos do Cerrado por um morador de Correntina-BA

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ione Rochael.

 

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

5 + doze =