Temer, aposentado aos 55, deveria usar sua pensão para “comprar” deputados, por Leonardo Sakamoto

Blog do Sakamoto

Michel Temer, que reclama ser injustamente criticado pela imprensa e pela sociedade civil, deveria aproveitar o momento turbulento e dar um exemplo ao país. Afinal de contas, é isso o que lideranças fazem.

Enquanto seu governo busca aprovar a implementação de uma idade mínima na Reforma da Previdência, de 65 anos para homens e 62 para mulheres, ele poderia abrir mão da pensão que recebe por ter se aposentado como procurador do Estado de São Paulo desde seus 55 anos. Hoje, Temer tem 77.

Da mesma forma, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, é aposentado como deputado federal desde os 53, ou seja, há 18 anos. E Geddel Vieira Lima, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo e, agora, hóspede do presídio da Papuda, também recebe pensão como deputado aposentado desde os 51 anos (hoje tem 58).

A cúpula do PMDB, tanto a parte que está fora quanto a que está na cadeia, deveria – ao menos – usar seus próprios recursos para ”comprar” os votos dos parlamentares que votarão a Reforma da Previdência em breve.

Seria, assim, mais justo que a aprovação da mudança – que levará aos trabalhadores a se aposentarem mais tarde e, na prática, contribuindo por mais tempo para conseguir uma pensão digna – seja financiada não apenas com o dinheiro dos impostos dos próprios trabalhadores, mas com aquele oriundo dos privilégios que essa cúpula recebe.

Os valores das aposentadorias recebidas pelo grupo seriam infinitamente menores que a somatória bilionária de emendas parlamentares, perdões de impostos e apoio a medidas e leis que são concedidos a políticos e seus patrocinadores toda vez que Temer precisa aprovar alguma reforma.

Mas, ao menos, riscaríamos a incoerência da lista da longa lista de problemas deste governo.

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

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