Transporte coletivo: rebelião já!

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

Ouvi hoje no rádio a propaganda da prefeitura de um aplicativo que poderemos ter nos celulares, com o qual vamos saber onde o ônibus está. Está bem, sou explosiva e violenta. Mas hoje fui ao auge. Confesso que minha vontade era fazer como aquele personagem do Michel Douglas, no filme “Um dia de fúria”. Tudo pelos ares! Sorte eu estar em casa. Pude me acalmar.

Senhor prefeito, por favor, ande de ônibus. Não queremos saber onde o ônibus está. Nós queremos que o ônibus passe no horário, porque temos de pegar dois ou três carros antes de chegar aonde temos de chegar. E se perdemos o horário num, a vida toda atrasa.

Não queremos saber onde o ônibus está. Nós queremos um corredor de ônibus exclusivo para que o coletivo possa circular rápido e chegar rápido no trabalho, no cinema, na casa do nosso amor, onde for. Nós queremos um transporte verdadeiramente público, que se importe com o usuário e não com o lucro dos empresários. Nós queremos um sistema verdadeiramente integrado que nos permita ir de um bairro a outro sem passar pelo centro, fazendo por vezes, duas vezes o caminho.

Nós sabemos que os corredores são inviáveis para a prefeitura, porque se forem feitos, vão provocar a ira das pessoas que andam de carro. A classe média motorizada vai chiar. Pois eu digo em alto som: Fodam-se os carros. Foda-se a classe média motorizada. Que fiquem mofando no trânsito enquanto a gente passa ligeirinho pelos corredores exclusivos. Tenho certeza que logo estarão andando de ônibus também, porque será mais rápido.

O nosso sistema na ilha chama SIM, ou Sistema Integrado Municipal. É uma mentira, um tormento, um sofrimento, um terror. É um NÃO. Ele é comandado por meia dúzia de empresários que estão nesse ramos há décadas. Vejam onde eles moram, como vivem, o que comem, como se movimentam na cidade. Não sabem o que é viver esse estresse cotidiano, sistemático, irracional. Hoje, perdemos de três a cinco horas no percurso entre a casa e o trabalho. É uma tortura isso.

Não há qualquer argumento veraz para não fazer o corredor exclusivo. Não há. Eu posso desenhar esse sistema. Imaginem os técnicos.

Essa é uma cidade mansa demais. Apavora-me saber que em pouco tempo todos estarão com seus aplicativos procurando saber onde o ônibus está. Já eu não. Quero uma rebelião. Transporte público/estatal já! E corredores exclusivos.

A parte isso, boas ciclovias e transporte marítimo. Já fica aí a dica para o perfil do novo prefeito ou nova prefeita. E, sinceramente? Podia ser eu!

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

4 × um =