Primeira bebé do ano na Áustria é alvo de racismo e xenofobia

Onda de ódio contra os muçulmanos tem crescido substancialmente nos últimos anos. Estereótipos e mensagens racistas e xenófobas continuam a multiplicar-se nas redes sociais e a pequena Asel, recém-nascida, não escapou à violência dos comentários online

Por Pedro Bastos Reis, no Notícias ao Minuto

A pequena Asel foi a primeira bebé de 2018 a nascer na Áustria, passavam 47 minutos da meia-noite. Por esse motivo, como é habitual nestas circunstâncias, tornou-se notícia e a sua foto, acompanhada pelos pais – Naime e Alper -, foi publicada nos jornais austríacos e nas redes sociais.

Infelizmente, os comentários que se seguiram foram, sobretudo, pautados pelo ódio. O motivo? O racismo e xenofobia pelo facto de os pais de Asel serem muçulmanos.

“Em vez de receberem as boas vindas dos cidadãos que leram o anúncio do seu nascimento nos jornais austríacos do dia de ano novo, a pequena rapariga e a sua família foram recebidas com uma onda de racismo, aversão e ódio”, escreve o New York Times.

Os comentários nas redes sociais, entre outros, pediam mesmo a “morte” da criança, uma vez que esta “será uma terrorista no futuro”. Comentários deste género multiplicaram-se um pouco por todo o lado, isto num país que acaba de ter um novo governo em que um dos partidos é de extrema-direita e assumidamente anti-imigração e anti-muçulmanos.

Chocado com o que leu, Klaus Schwertner, da associação católica Caritas da Áustria, recorreu também às redes sociais para condenar a onda de ódio. “Nas primeiras horas da sua vida, este doce de menina já era alvo de uma onda inacreditável de violência e de ódio nos comentários online”, escreveu. “É uma onda completamente nova de ódio online, que tem como alvo uma recém-nascida inocente”.

Em declarações ao New York Times, Barbara Unterlechener, que gere um centro de aconselhamento legal e de apoio a vítimas de ódio online, afirmou que esta onda racista e xenófoba na Áustria aumentou substancialmente após a chegada de milhares de refugiados ao país – 145 mil pessoas, desde 2015, maioritariamente provenientes do Iraque, da Síria e do Afeganistão.

“Um certo estereótipo relativamente a muçulmanos tornou-se substancialmente comum nas redes sociais”, referiu Unterlechener. “Quem aparente ser muçulmano é visto como inimigo da nossa cultura”, acrescentou.

Foto: reprodução facebook

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