Collor e Lula, mais PMDB no poder: Só falta o Atari para voltar aos anos 80, por Leonardo Sakamoto

No blog do Sakamoto

O plano secreto para nos levar de volta aos anos 80 teve mais uma etapa, nesta sexta (19), quando o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) anunciou que é pré-candidato à Presidência da República nas eleições de outubro.

”Eu digo a vocês que esse é momento dos mais especiais da minha vida pessoal e como homem público. Porque hoje a minha decisão foi tomada: sou, sim, pré-candidato à Presidência. Obrigado e vamos à vitória.”

Para quem estava preso em uma caverna na Mongólia e não tem ideia do que aconteceu no último quarto de século por aqui, Collor foi presidente da República entre 1990 e 1992, quando foi defenestrado por um impeachment.

Quem concorreu com ele em 1989 foi o, hoje, ex-presidente Lula. Ele espera os desdobramentos do julgamento do recurso contra sua condenação no caso do triplex do Guarujá pelo Tribunal Regional da 4.ª Região, na próxima quarta (24), para saber se terá negado ou não o registro de candidatura.

Enquanto isso, o (P)MDB está na Presidência da República, na forma de Michel Temer. Nos anos 80, o partido estava no poder com José Sarney, substituindo Tancredo Neves que morreu antes de governar. Naquele momento, o país viva uma grave crise econômica e uma situação política delicada (tal como agora) que culminou em uma eleição imprevisível – tão imprevisível quanto agora. Em 1989, as principais apostas da direita, da esquerda e do centro não chegaram ao segundo turno.

O governo Temer tem feito de tudo para retornarmos à chamada ”década perdida”. Vamos lembrar algumas provas isso já divulgadas pelo blog:

Agosto de 2017: ”Quero dizer da minha satisfação de estar aqui e, convenhamos, para recordar um pouco os bons tempos de 82 e 83 quando o mundo, pelo menos para mim, era mais tranquilo”, afirmou o ocupante do Palácio do Planalto. Considerando que o Brasil ainda vivia uma ditadura militar e que Paolo Rossi enterrou, com três pás de cal, na Copa de 1982, a última seleção brasileira que realmente jogou bonito, pode-se dizer que Temer não se importava muito com a democracia. Nem com futebol.

Junho de 2017: Temer disse que conversou com os ”soviéticos” em viagem oficial à Rússia: ”Estive agora recentemente em Moscou, na Rússia, e depois na Noruega, e verifiquei o interesse extraordinário dos empreendimentos soviéticos, o deputado Perondi lá esteve em nossa comitiva, e nós pudemos verificar o interesse extraordinário de empresários soviéticos e noruegueses, no nosso país, pelo que está acontecendo no país”. Como todos sabem, menos ele e algumas pessoas com prisão perpétua na Sibéria, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deixou de existir em 1991. Poder-se-ia afirmar que foi uma gafe isolada. Mas o próprio Palácio do Planalto havia divulgado, em sua agenda, uma visita oficial à ”República Socialista Federativa Soviética da Rússia”.

Janeiro de 2017: Durante uma cerimônia de entrega de ambulâncias no Rio Grande do Sul, Temer – referindo-se ao ministro da Saúde – afirmou: ”Em pouquíssimo tempo, ele anunciou a economia de 800 milhões de cruzeiros, que significam novas UPAs, novas UBSs e também novas ambulâncias.” O cruzeiro, moeda corrente em vários momentos da história do país, vigorou entre 1970 e 1986.

Popularidade – Como também já disse aqui, Temer se esforçou tanto que a aprovação de seu governo bateu nos 3%, em seu limite negativo, segundo pesquisa Ibope, abaixo até do recordista anterior, José Sarney – que alcançou 7% em seu pior momento nos anos 80. Lembrando que era uma época de hiperinflação, quando empregados de supermercados chegavam a retirar o produto da mão da gente para remarcá-lo com um novo valor, que subia mais de uma vez por dia.

Pré-Constituição – Isso sem contar que ele aprovou a PEC do Teto dos Gastos, congelando os gastos públicos em áreas como educação e saúde pelas próximas duas décadas. Com isso, conquistas garantidas pela Constituição de 1988 serão perdidas. Na época da aprovação, Temer afirmou que essa era a medida legislativa mais séria e responsável desde a Constituição Federal de 1988. Ao mesmo tempo, conseguiu passar a Lei da Terceirização Ampla e a Reforma Trabalhista, mudanças que vão reduzir a proteção à saúde e à segurança do trabalhador, voltando atrás em avanços obtidos ao longo das décadas de 80 e 90.

Greve geral – Todas essas políticas provocaram um chamamento a uma greve geral, ocorrida no dia 28 de abril do ano passado. E muitos vão concordar comigo que greve geral é algo muito com a cara dos anos 80 e 90, portanto, nossa mais uma evidência. As pautas são diferentes das de março de 1989, maio de 1991 e junho de 1996, mas o clima de descontentamento geral com a economia, a política e o futuro do país uniram esses momentos da história.

Diretas Já – Cirúrgico, Temer falou de 1982 e 1983, mas não de 1984 – quando a campanha pelas ”Diretas Já” ganhou às ruas, exigindo eleições à Presidência da República. O que nos traz mais provas: a base de apoio de Michel Temer na Câmara dos Deputados conseguiu barrar a proposta de uma emenda constitucional que permitiria uma nova eleição direta para presidente caso o cargo ficasse vago até junho de 2018. Em 25 de abril de 1984, a base de apoio do governo João Figueiredo na Câmara dos Deputados conseguiu barrar a proposta de emenda constitucional que permitiria uma nova eleição direta para presidente.

Portanto, seria interessante, como já dito aqui, nos prepararmos para o retorno aos Trash 80’s. Ressuscitar blazers com ombreiras, comprar algumas jaquetas de couro largas e jeans de cintura alta, tirar as polainas de cores brilhantes da naftalina. Procurar LPs do Richie, com Menina Veneno, e do The Police, com Every Breath You Take. Proibir a Fafá de Belém (ou Vanusa) de cantar o Hino Nacional e colocar Kátia, com Não Está Sendo Fácil. Deixar os os mullets crescerem. Abandonar o PlayStation e adotar um Atari.

Por que Pitfall é maior que GTA V. E Pac-Man, que Minecraft.

 

Comments (1)

  1. concordo com proibir a fafá de belem: fede

    enquanto ao autor da nota, seria bom para ele ter de volta neurônios de jovem.

    xq a esclerose fica visível no momento de escrever o título.

    salvo que tenha adotado o sistema da globo…

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