Mineração baiana de urânio em debate no Fórum Social Mundial/2018

Zoraide Vilasboas, Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania

A mineração de urânio na Bahia, um dos mais graves impactos do Programa Nuclear Brasileiro, estará em debate em vários momentos do Fórum Social Mundial, com destaque especial na Tenda do Bem Viver, onde, nos dias 14 e 15 de março, estará em xeque o modelo de desenvolvimento, concentrador de riqueza e multiplicador da miséria, que explora os bens comuns, ameaçando a Vida na Terra. O FÓRUM acontecerá em Salvador, de amanhã a 17 deste mês, na Universidade Federal da Bahia e outros locais.

A única mineração de urânio em exploração na América Latina foi ativada em 2000 pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil), uma estatal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que atua na cadeia produtiva do urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ). A mina fica no sudoeste da Bahia, a cerca de 638 km da capital baiana, Salvador, entre os municípios de Caetité – 52.853 habitantes – e Lagoa Real -16.029 (populações estimadas pelo IBGE para 2017). Caetité integra as Bacias Hidrográficas do São Francisco e do Rio de Contas, que deságua em Itacaré, cidade praiana da Mata Atlântica da Bahia.

A presença de mármore, ametistas, ferro, manganês e outros minerais transformaram a região de Caetité num foco da cobiça dos exploradores das riquezas naturais e, por isto mesmo, num palco de crimes ambientais, injustiça social e violação de Direitos Humanos. Diversas pesquisas têm demonstrado que os prejuízos socioambientais causados pela mineração são mais graves e extensos do que indicou o Estudo de Impacto Ambiental que previa a contaminação das águas (superficiais e subterrâneas), do ar, do solo e o adoecimento de trabalhadores e populações vizinhas expostas à radiação ionizante. Ainda assim, está em curso um projeto de expansão da mineração de urânio em Caetité e em Santa Quitéria no Ceará.

Atividades que acontecerão na Tenda do Bem Viver em 14 de março:

10:30h – RODA DE DIÁLOGO Matriz Energética Renovável. Nuclear não!
(O projeto obsoleto de Angra 3; Diálogo: Brasil/França/Japão nas lutas antinucleares e  apresentação do site nuclearfreeworld.net), com a participação de Chico Whitaker, da Articulação Antinuclear Brasileira/Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares; ativistas franceses, japoneses e vítimas da indústria nuclear.

13:30   RODA DE CONVERSA Mineração de urânio, passado, presente e futuro

(Impactos das atividades nucleares em Caetité (Ba) e o projeto de exploração de urânio em Santa Quitéria (CE). Participantes: Profa. Claudia d’Arede, Programa de Pós Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho/UFBA; Profa. Raquel Rigotto, Núcleo Tramas/ UFCE; Lucas Mendonça, Sindmine.

 

Atividades do dia 15

11h –  FÓRUM CIÊNCIA E DEMOCRACIA Ciência Regulatória e Democracia é o tema que a socióloga Marijane Lisboa abordará na Sala de Ensaios da Escola de Música/UFBA, comparando vários tipos de governança de tecnologias de risco, inclusive a nuclear, mostrando que todas elas têm como pressuposto uma decisão política tomada de forma não democrática, de aceitar riscos. Participam também Paulo Fonseca (Ba), Antonio Andrioli (RGS) e Fernando Carneiro (UNB)

13h – OFICINA Custos Humanos e Ambientais da Mineração: Alternativas de Resistência é uma atividade que vai acontecer na Sala 6 do PAF/UFBA, proposta pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração (Brasil), Igrejas e Mineração, Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale, CESE,  CIDSE, Comboni Network, Diálogo dos Povos, FIDH, Movimento pela Soberania Popular na Mineração e Articulação Antinuclear Brasileira.

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