M Facebook – 25 a 30 de abril, 2018

Por Natasha Bachini e João Feres Jr., no Manchetômetro

Entre os dias 25 e 30 de abril de 2018, as 41 páginas que monitoramos publicaram 4.728 posts, que geraram 3.703.222 compartilhamentos. As páginas que mais postaram essa semana foram: Movimento Brasil Livre – MBL (320 posts), Juventude Contra Corrupção (313 posts) e Juiz Sergio Moro – o Brasil está com você (312 posts).

Os 10 posts da tabela AQUI concentram 7% do volume total de compartilhamentos alcançados pelas 41 páginas ao longo do período. Esse número recuou porque os dois posts que alcançaram o maior número de compartilhamentos foram retirados da lista, devido aos motivos expressos na nota de rodapé*. O recurso mais usado nestes posts foi a foto (90%), seguida do vídeo (10%).

Mais uma vez, as páginas Vem Pra Rua Brasil e Movimento Brasil Livre (MBL) dominam o ranking. A primeira ocupa sete posições e a segunda, três. Os posts, de modo geral, perseguem conhecidos objetivos: criminalização do PT e apelo por justiçamento (o que se volta, por um lado, contra os ministros do STF quando estes fazem valer a Constituição, e, ao mesmo tempo, endossa os discurso dos procuradores da Lava Jato). Além disso, seus argumentos comumente derivam de abordagens superficiais e enviesadas dos fatos.

O post mais compartilhado da semana é do Vem pra Rua. Consiste numa foto do ministro Gilmar Mendes acompanhada do texto: “Compartilhe se você sente vergonha por ter um ministro como Gilmar Mendes no Supremo”. O segundo post apresenta o mesmo formato e texto, substituindo apenas o nome e a foto de Mendes pelos de Dias Toffoli. Esses ataques são oriundos da decisão do STF de retirar do juiz Sérgio Moro os trechos das delações da Odebrecht que envolvem o ex-presidente Lula, posto que as informações dadas sobre o sítio de Atibaia e sobre o Instituto Lula não têm relação com a Petrobras e, portanto, com a Operação Lava Jato. Porém, os dois casos continuam sendo julgados por Moro. Tudo indica que na visão do movimento, o único juiz capaz de gerar sentenças que lhe se satisfaça, é o paranaense.

O terceiro post é do MBL. Este traz uma foto de Dilma e Lula com a irônica frase: “Presente do PT! Brasileiros pagarão R$1,3 bilhão para cobrir calote da Venezuela e de Moçambique”. O quinto post, também do grupo, trata do mesmo assunto a partir do enunciado: “A conta chegou!”. A título de informação, visto que o MBL não se preocupa em fazer o mesmo em sua página, o uso do fundo de Amparo do Trabalhador para saldar as dívidas contraídas pelas empresas envolvidas na Lava Jato junto ao BNDES, para sua expansão no exterior, foi autorizado pelo Congresso Nacional no dia 2 de maio.

No quarto post, o Vem Pra Rua apresenta uma foto do procurador do MP Deltan Dallagnol com sua opinião sobre a dificuldade de se prender e manter presos os poderosos no Brasil: “É difícil descobrir a corrupção. Quando descoberta, é difícil prová-la. Provada, difícil que o processo não seja anulado. Não anulado, demora mais de década e prescreve. Não prescrito, a pena é baixa e é indultada no Natal. Se sobra alguma pena e é aplicada a um poderoso, ele adoece e vai para casa”. Essa reflexão foi postada pelo próprio Dallagnol em seu Twitter quando foi concedida prisão domiciliar ao deputado Paulo Maluf, no fim de março de 2018. O sexto post também faz menção aos procuradores da Lava Jato. Desta vez, o movimento informa que estes seguirão em frente nas duas ações envolvendo Lula, a despeito “das tentativas da segunda turma (do STF) de destruir a operação”.

O sétimo post, do MBL, consiste em outro investida contra o PT. Dessa vez, o movimento declara: “O PT é o maior perigo para a justiça brasileira hoje”, pois ataca “juízes, promotores, ministros e desembargadores e quer proibir a TV Justiça de transmitir os julgamentos”. A proposta de impedir a transmissão de julgamentos foi elaborada pelo deputado Vicente Candido (PT-SP) em 2013 e retomada pelo partido após o julgamento do habeas corpus de Lula. Segundo alguns petistas, o resultado poderia ser diferente se o julgamento não tivesse sido televisionado ao vivo, pois haveria menos pressão sobre os ministros.

No oitavo post, o alvo foi Dilma Rousseff. Ao reproduzir um trecho de sua fala sobre o isolamento de Lula na prisão e o veto às suas visitas, o Vem pra Rua questiona: “Alguém consegue entender o que ela quer dizer?”. A pergunta nos parece fora de propósito, pois o recado da ex-presidente foi bastante claro, ao menos para nós.

No nono post, o grupo pede à PGR: “Raquel, não deixe a segunda turma destruir a Lava Jato”. E, por fim, no décimo post, o Vem pra Rua diz: “Tal pai, tal filho. Lulinha tenta a todo custo fugir de prestar depoimento para Moro”. Na última semana, a defesa de Fábio Luis evocou o artigo 206 do Código Penal, que dispensa da obrigação de depor os familiares de primeiro grau do réu. Somado a isso, foi ressaltado pelos advogados que, segundo o STF, o caso não estava mais na alçada do juiz. Moro atendeu à solicitação.

Em suma, abril findou do mesmo jeito que iniciou, com as páginas da nova direita retomando o protagonismo da discussão política no Facebook. Porém, houve uma troca na liderança desses argumentos, que passou do MBL ao Vem pra Rua. Esperava-se que com a prisão de Lula, esses grupos mudassem suas miras para outros partidos e políticos, mas o conteúdo de seus posts apresentou poucas alterações ao longo desse período, talvez pela recência dos acontecimentos, ou pela força eleitoral que o ex-presidente detém, posto que segue enquanto favorito nas pesquisas.

A partir de maio, ampliaremos nossa amostra de páginas na tentativa de aumentar nossa capacidade monitoramento e contemplar o processo eleitoral. Vejamos se com essa abertura e a proximidade da disputa, outras páginas despontarão no ranking dos posts mais compartilhados.

*Por não tratarem de Política, os posts de três páginas foram excluídos do ranking dessa semana. São elas: G1, Catraca Livre e Adilson Barroso.

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