por Isabela Mercuri e Ronaldo Pacheco, em Olhar Conceito
Antônio Benedito da Conceição, mais conhecido como ‘Antônio Mulato, nasceu em 12 de junho de 1905, e completou 113 anos na última terça-feira. Filho de escravos libertos, ele é o líder do quilombo de Mata Cavalo, tem dezoito filhos, sendo 13 vivos, e 38 netos.
Em sua trajetória, destaca-se a luta pela igualdade. Um de seus feitos foi, em 1940, ter conseguido instalar a primeira escola pública do Brasil em uma comunidade quilombola. Graças à sua luta, a maioria dos 13 filhos que ficaram vivos tem formação em nível superior. Manoel Irineu da Conceição, 90 anos, filho mais velho do primeiro casamento, é advogado. De sua descendência, além dos 13 filhos, tem 38 netos, 44 bisnetos, 29 tatarenetos e quatro trinetos.
Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, em decorrência de sua defesa da terra quilombola, Mulato recebeu incontáveis ameaças de morte, por não aceitar deixar as terras que receberam da ‘sinhazinha’. Mesmo enfrentando Mal de Parkinson e Alzhaimer, ainda se lembra de fatos do século passado. E, para se “manter forte”, ainda toma um cálice de vinho por dia, antes do almoço.
Em 2017, o ancião tentava inserir seu nome no Guinass Book, como o mais velho do mundo, já que, desde a morte do polonês Yisrael Kristal, em Haifa (Israel), ele o é. Yisrael era sobrevivente do Holocausto, vivia em Israel e tinha 113 anos – faltava um mês para completar 114 anos.
Antônio Mulato ainda vive em Mata Cavalo, onde moram cerca de 300 famílias. Nestes 113 anos, casou-se duas vezes. Da primeira companheira, com quem teve seis filhos, ficou viúvo. Teve um relacionamento passageiro que lhe rendeu uma filha. Depois se casou com a atual esposa, com quem tem outros seis filhos.
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Foto: José Medeiros