Jurista denuncia e brasileiros de vídeo podem responder por crime na Rússia

Por Luiza Oliveira, do UOL, em Moscou

Os brasileiros que aparecem em vídeos gravados na Rússia que causaram indignação podem responder por crime no país da Copa do Mundo. A jurista russa Alyona Popova fez uma denúncia e escreveu uma petição contra os atos machistas por violência e humilhação pública à honra e à dignidade de outra pessoa.

Dessa forma, o Ministério de Assuntos Interiores deve começar a investigar o caso de acordo com a petição e com os relatos já publicados na imprensa. A petição ajuda a promover a opinião pública sobre o caso e a encontrar soluções para o problema.

Nas imagens que viralizaram na internet no último fim de semana, um grupo de brasileiros aborda uma mulher estrangeira e a faz repetir palavras chulas em referência ao órgão sexual feminino. Nos vídeos, os brasileiros dizem as palavras “boceta rosa” e a estrangeira as repete.

No documento, Alyona, que é ativista feminista e umas das maiores referências no país em defesa dos direitos da mulher, cita a repercussão do caso entre imprensa, autoridades e celebridades no Brasil. Segundo ela, as punições para os ofensores podem variar de multa a restrições na Rússia.

“Na legislação russa, existem várias opções de multa aplicadas às pessoas que humilharam publicamente a honra e a dignidade. Assim, os cidadãos estrangeiros no vídeo podem ser responsabilizados por cometer um delito nos termos da Parte 1 do art. 5.61 do Código de Ofensas Administrativas (insulto, isto é, honra e dignidade de outra pessoa, expressa na forma indecente – implica a imposição de uma multa administrativa aos cidadãos, no montante de mil a três mil rublos), ou processado sob Parte 1 do art . 20.1 do Código Administrativo (vandalismo), isto é, a violência da ordem pública, expressando desrespeito claro para a sociedade, acompanhados por linguagem ofensiva em locais públicos, abuso sexual ofensivo para os cidadãos”, diz a petição.

“E se comprovar que os estrangeiros cometeram os atos destinados a incitar o ódio ou inimizade, bem como a humilhação de uma pessoa ou grupo de pessoas em razão do sexo, raça, nacionalidade, língua, origem, atitude à religião, bem como pertencentes a um tanto o grupo social, publicamente ou usando a mídia, eles podem ser levados à responsabilidade criminal”, completa ela.

Três homens já foram identificados no vídeo, que já se tornou uma das maiores polêmicas do Mundial. O advogado Diego Valença Jatobá e o tenente da Polícia Militar de Santa Catarina Eduardo Nunes, além do engenheiro Luciano Gil.

Alyona lembra que eles podem ter até restrições no país. “De qualquer forma, se eles tiverem a taxa administrativa, eles podem ter restrições para visitar a Rússia de novo. Se eles acumularem mais que uma multa por exemplo”, disse ela ao UOL Esporte.

Em sua representação oficial, Alyona afirma ainda que os torcedores deveriam pedir desculpas à mulher ofendida. “Os cidadãos estrangeiros deveriam também pedir desculpas publicamente para a menina e a sociedade russa e admitir o comportamento do sexismo, a falta de respeito às leis da Federação Russa, o desrespeito em relação a um cidadão russo, insultos, humilhação da honra e dignidade de um grupo de pessoas com base no sexo”, conclui.

Foto: reprodução.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Isabel Carmi Trajber.

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