Militantes passaram por avaliação médica e, apesar dos sintomas da privação extrema, seguem convictos de sua missão
Por Redação Brasília
Do Brasil de Fato / MST
Neste domingo (5), o sexto dia sem a ingestão de alimentos sólidos, os grevistas Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê), Rafaela Alves, Jaime Amorim e Frei Sérgio Görgen, da Greve de Fome por Justiça no STF, já sentem alguns dos efeitos da privação, mas mantém-se com “espírito elevado”.
Eles receberam neste domingo uma avaliação médica – além de sessões de Reiki, acupuntura, alongamento e acompanhamento psicológico.
“A pressão arterial de dois grevistas, que estava um pouco mais alterada, está melhor, pois entramos com um tratamento anti-hipertensivo, que estava inadequado em um dos grevistas. Tivemos que refazer o tratamento da hipertensão arterial sistêmica dele, o que foi feito com sucesso, pois as dores de cabeça diminuíram”, afirma Ronald Wolff, médico que acompanha os grevistas.
Eles apresentam também sintomas de cansaço, fadiga e dores musculares. Além disso, começaram a perder peso – entre 2,1 e 5,6 quilos -, e têm sofrido com a baixa umidade de Brasília. “A respiração está bem, mas é afetada pela baixa umidade do ar. Quando cai a ingestão de líquidos, os batimentos cardíacos se aceleram, o que é remediável com hidratação adequada”, disse Wolff.
Fome contra a fome
A grevista Zonália Santos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em contato com a fome extrema, trouxe uma reflexão poderosa. “A fome representa o desprezo do ser humano. Como se os pobres não precisassem viver. Isso é muito forte e muito doloroso”, declarou.
Frei Sérgio, do Movimento dos Pequenos Agricultores, que também participa do movimento, declarou hoje sua convicção na greve, como uma forma de lutar contra a desigualdade e a falta de uma alimentação digna para o povo. “A greve de fome que a gente está realizando aqui em Brasília, é contra a fome. É para que outros não passem fome. A fome é uma tragédia e a fome coletiva é uma tragédia coletiva. E, felizmente, o Brasil, depois de muitos anos, superou o drama da fome. Por isso que a greve de fome é uma denúncia pela volta da fome, das epidemias, pela volta da mortalidade infantil”, afirma o Frei.
Segundo ele, a resistência parte da consciência que a grande massa do povo brasileiro depositou sua esperança em Lula. “[O Lula] é um símbolo, uma referência, que lidera um projeto de combate à fome e que está trancafiado em Curitiba. Por isso, essa greve de fome é pela liberdade de Lula, que está lá condenado porque representa a ideia que não se pode sustentar os privilégios da elite às custas da fome do povo”, conclui.
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Foto: Adilvane Spezia | MPA.