Cacique Jorginho Guajajara é assassinado no Maranhão

Crime estaria relacionado ao acirramento do conflito dos índios com madeireiros que invadem impunemente a Terra Indígena Araribóia.

No ISA

Mais uma liderança indígena é morta no Brasil. O cacique Jorginho Guajajara, da Terra Indígena Araribóia, na Amazônia maranhense, foi assassinado no último fim de semana. Segundo lideranças Guajajara ouvidos pela reportagem do ISA, seu corpo foi encontrado na manhã do domingo (12/8) na entrada do município de Arame (MA), cuja sede faz limite com a TI. Jorge era cacique da aldeia Cocalinho I, do povo Guajajara.

Segundo lideranças Guajajara, nenhuma providência foi tomada por órgãos públicos até agora. “Até agora nenhum órgão se manifestou”, afirma Vitorino Guajajara, da região de Lago Branco, na TI.

Segundo Marçal Guajajara, o cacique foi morto por não-indígenas. O conflito na região é acirrado, com invasões constantes de madeireiros na Terra Indígena. Segundo Vitorino, existe uma espécie de toque de recolher na cidade e nenhum índio deve circular em Arame depois das 22 horas. O cacique Jorge estava no município depois desse horário. “Se for lá depois das 22h, acontece isso”, relata Vitorino. “Os madeireiros se juntam aos caçadores para agredir nossos parentes”, relata.

A região amazônica do Maranhão é alvo de intenso desmatamento e degradação florestal, inclusive dentro de terras indígenas. Segundo dados do Prodes/INPE 2017, 70% do bioma já foi desmatado no Estado (veja mapa abaixo). Apenas na TI Araribóia, foram 24.698 hectares desmatados até 2017. No município de Arame, ainda segundo dados do Prodes 2017, a situação não é diferente: dos últimos 25% de floresta restante, a maior parte está em terras indígenas. Além da TI Araribóia, os Guajajara ainda possuem uma segunda área que incide sobre o território do município, a TI Geralda/Toco Preto, de 19 mil hectares.

Guardiões da Floresta

Para combater a invasão de seus territórios e a degradação de suas florestas, os Guajajara tem se organizado em grupos de proteção territorial chamados de “guardiões da floresta”, que também fazem a vigilância contra garimpeiros e caçadores. O grupo ainda busca proteger, dos invasores, índios Awá Guajá isolados que vivem na região.

Xulwi Guajajara é líder do grupo de guardiões da Aldeia Zutiu, na TI Araribóia. Segundo ele, há um grupo de madeireiros foragidos da Justiça vivendo na TI, e que realizam assaltos na região. Isso tem acirrado o conflito e as ameaças contra os guardiões, que estão buscando apoio das autoridades locais e federais.

Imagem aérea da Terra Indígena Arariboia, na Amazônia brasileira. Foto: Survival

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