Acampamento Marielle Franco já conta com cem famílias e está aberto a receber mais sem-terras
Por Fernanda Couzemenco, Século Diário
Uma área de 80 alqueires no município de Fundão foi ocupada na madrugada dessa segunda-feira (20) por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O acampamento, chamado de Marielle Franco, já conta com cem famílias e está aberto para receber mais pessoas.
A área está em posse da Aracruz Celulose (Fibria) e coberta com eucaliptais. As extensas monoculturas de eucaliptos nas regiões norte e noroeste do Estado formam um desolador cenário de deserto verde, onde não há biodiversidade nem produção de alimentos.
Muitas dessas áreas, conta Geisa Carvalho Gomes Giuberti, da coordenação estadual do MST, são terras devolutas, ou seja, áreas públicas, usurpadas pela multinacional de celulose, configurando uma das principais razões para que o direito constitucional à Reforma Agrária não seja implementado a contento no Espírito Santo.
“Queremos a garantia de assentamentos e, para isso,é preciso lutar ocupando as terras, denunciando a ausência do Estado no cumprimento das leis”, explica Geisa. A Fibria é a empresa que mais utiliza as áreas devolutas no estado. Por isso ocupamos mais essa área”, conta a sem-terra.
Existem mais cinco fazendas reivindicadas pela Aracruz Celulose (Fibria) com acampamentos para Reforma Agrária, sendo três em Linhares, um em Aracruz e um em Montanha.
O MST informa que há nove anos não há liberação de terras para Reforma Agrária no Espírito Santo e já passa de 900 o número de famílias acampadas de norte a sul, aguardando assentamento para produzir alimentos saudáveis e dignidade para o campo.
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foto: MST/ES.