Passivo da Brasilit/Saint-Gobain: MPT debate com ex-empregados expostos ao amianto os danos à saúde a longo prazo

Audiência em Capivari discute saúde de trabalhadores expostos ao amianto pela Brasilit

Por MPT, no Viomundo

No próximo dia 25 de setembro, às 14h, o Ministério Público do Trabalho realizará uma audiência pública no auditório da Câmara Municipal de Capivari (SP) para debater a saúde coletiva de trabalhadores expostos ao amianto ao longo das três décadas em que a Brasilit, atual Saint-Gobain, manteve operações industriais na cidade utilizando a fibra como matéria-prima.

O evento contará com a presença de cerca de 250 ex-empregados da multinacional.O objetivo dos procuradores do MPT é chamar atenção para a importância da realização de exames periódicos que possam identificar precocemente doenças relacionadas à exposição da fibra cancerígena, dentre elas, o mesotelioma, uma neoplasia que leva ao “encarceramento” do pulmão, levando a graves dificuldades respiratórias e, em muitos casos, à morte.

O mesotelioma maligno ainda pode produzir metástases por via linfática em 25% das vezes. Mas o que mais preocupa é o seu período de latência: pode demorar mais de 40 anos para se manifestar, por isso a necessidade do alerta aos expostos ao amianto, agente causador da doença.

“A empresa deixou um passivo de trabalhadores que podem sofrer as consequências da exposição ao amianto muitos anos depois de respirar a fibra. Devido à omissão da empresa, o MPT tem atuado para identificar os trabalhadores e dar o encaminhamento aos órgãos de saúde”, afirma a procuradora Alvamari Cassillo Tebet.

A audiência também tem a finalidade de envolver as autoridades locais na manutenção do passivo deixado pela indústria do amianto em Capivari.

Para isso foram chamados para participar do evento o prefeito municipal, o presidente da Câmara Municipal, o INSS e a Vigilância Estadual em Saúde.

Além dos MPT também participarão da audiência Unicamp, USP, Cerest Piracicaba, Fundacentro, TRT-15, OAB Capivari, ABREA (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho), sindicatos, Associação Comercial de Capivari e movimentos sociais.

Duas pesquisadoras estrangeiras farão exposições sobre as consequências do uso do amianto para a saúde coletiva na França e na Itália, sendo elas a professora Annie Thébaud-Mony, da Universidade de Bobigny (FR), e Agata Mazzeo, da Universidade de Bolonha (IT).

Protocolo – Algumas instituições participantes da audiência estão estudando propor à Secretaria Estadual de Saúde a instituição de um protocolo de atendimento a pessoas expostas ao amianto no âmbito do Estado de São Paulo, de forma que hospitais e unidades de saúde de todos os municípios paulistas estejam preparados para oferecer os exames necessários para identificação precoce de doenças relacionadas à exposição ao mineral crisotila.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Fernanda Giannasi.

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