De acordo com autora do livro “Gramática da Manipulação”, a repetição de palavras, termos e informações fundamenta estereótipos capazes de criar uma realidade paralela àquela de fato real
por Redação RBA
ara a jornalista Letícia Sallorenzo, desde a eleição da ex-presidenta Dilma Rousselff (PT), há quase quatro anos, veículos da mídia tradicional vêm aplicando, também nestas eleições, uma fórmula de repetição diária de palavras, termos e informações a fim de criar uma “realidade paralela” junto à opinião pública, ou seja, os eleitores. Com críticas diretas aos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, em palestra para jornalistas e sindicalistas do Coletivo de Comunicação da CUT nesta quarta-feira (26), em Brasília, a autora do livro “Gramática da Manipulação”, lamentou o atual jornalismo feito também pelo veículo O Estado de S. Paulo.
Segundo Letícia, a despeito da qualidade e da “elegância” de seus textos, o Estadão vem apostando na linguagem depreciativa, principalmente diante de fatos envolvendo governos considerados pela linha editorial do veículo como “opostos”, a exemplo do PT, que o jornal classifica como “lulopetista”, ou ainda, mais recente, a palavra “tigrada”, uma referência, segundo a jornalista, à forma como os feitores – capatazes – se referiam aos escravos na época da escravatura.
“Você vai formando na cabeça das pessoas estereótipos que não são ideias racionais”, explica a autora ao jornalista Uélson Kalinovski, do Seu Jornal, da TVT. “São sensações que você tem a respeito do outro, geralmente negativas, e são ‘sensações’ sem nenhuma base concreta, sem nada que dê um respaldo e resguardo de realidade”.
Para os jornalistas presentes na palestra, as notícias pedem uma interpretação mais ampla para a percepção do emprego das palavras. “A gente não percebe que uma palavra pode mudar totalmente o contexto e dá um outro entendimento por trás daquilo”, avalia a diretora de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Distrito Federal, Yslene Raiane Souza.
Assista à íntegra da reportagem:
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Imagem: Jornais O Globo e Folha de S. Paulo, segundo Letícia Sallorenzo, pautaram-se pela derrota de Dilma desde a eleição – TVT/REPRODUÇÃO