Jovem assassinado no Ceará, durante ato contra o fascismo, era defensor da democracia

Charlione, filho da presidenta do Sindicato dos Sapateiros, gostava de futebol e torcia para o Ceará

Por Juca Guimarães, no Brasil de Fato

Na cidade da Pacajus, localizada na região metropolitana de Fortaleza (CE), onde vivem cerca de 70 mil habitantes, a eleição de 2018 ficará marcada pela violência e intolerância do fascismo, em oposição aos gritos por democracia.

O jovem Charlione Lessa Albuquerque, filho da presidenta do Sindicato dos Sapateiros, Regina Lessa, foi assassinado na tarde de sábado, um dia antes da eleição, durante carreata dos eleitores do candidato Fernando Haddad (PT).

Torcedor do Ceará e fã de futebol, Charlione tinha 23 anos e trabalhava como servente de pedreiro em Fortaleza, a 51 quilômetros de distância de Pacajus. Na carreata, que seguia de forma pacífica, os manifestantes expressavam sua indignação contra a onda de extrema direita, representada pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública, um automóvel Gol branco parou perto da carreata, uma pessoa desceu e disparou tiros contra os manifestantes. Charlione foi atingido e morreu.

Intimidação

A deputada federal Luizianne Lins (PT) afirmou que ficou chocada com o assassinato do jovem durante o ato pela democracia. A deputada que também já foi prefeita de Fortaleza disse que a violência fascista ecoa na capital do Estado.

“Eles querem nos inibir pelo medo. Isso não aconteceu de forma isolada. Em vários bairros de Fortaleza tivemos registros de tiroteios onde as pessoas, ligadas ao candidato Bolsonaro, foram ameaçar e amedrontar as pessoas que estavam fazendo a campanha do 13, a campanha do Haddad. Nós tememos que esta seja mais uma ação criminosa desse monstro que ronda o Brasil”, disse a deputada.

Falta de informações

O deputado José Guimarães estava participando de uma caravana em Fortaleza, no mesmo horário da carreata de Pacajus, quando soube do assassinato do jovem na cidade vizinha.

“Um crime bárbaro. Ele foi brutamente assassinato. Foram várias tiros. Aqueles que atiraram estavam num carro branco gritando o nome do Bolsonaro. É claro que, por enquanto, não podemos acusar ninguém. Este é um trabalho que solicitamos à polícia do Estado do Ceará”, disse o deputado.

Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Ceará solicitando informações detalhadas sobre o crime. O órgão negou o pedido de acesso ao Boletim de Ocorrência e informou, em nota, que três departamentos do órgão participam das investigações para identificar e prender o suspeito do assassinato.

Edição: Cecília Figueiredo

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