A fuga para dentro do capitalismo e a aceleração da democracia. Entrevista especial com Bruno Cava

por Ricardo Machado, em IHU On-Line

O imperativo existencial do capitalismo é a liberdade, mas não no seu sentido integral, senão aquela capaz de produzir algo que, por sua vez, pode ser vigiada, monitorada, controlada. “O processo do capital precisa de um limiar democrático, precisa do fogo do trabalho vivo que, fora de controle, pode terminar consumindo-o. Esse é o problema da democracia moderna”, pontua Bruno Cava, em entrevista por e-mail à IHU On-Line. De outro lado, o capitalismo contemporâneo experimenta uma forma de tensionamento nova, do processo de ingresso dos marginalizados à revelia do próprio sistema. Tal característica produz uma espécie de aceleração na democracia, “que se manifesta na fuga dos imigrantes, na fuga dos precários, na fuga das ocupações acampadas pelo mundo, numa fuga dos pobres diante da piora das condições de vida. Não exatamente uma fuga para fora do capitalismo, mas uma fuga do Fora do capitalismo, do ingovernável que é uma democracia que não mais se contém”, complementa.

Tudo isso vem na esteira de uma transformação da politização em moralização integral dos comportamentos sociais. “De maneiras diferentes e às vezes numa estranha ressonância, a  onda conservadora no Brasil rebentou dos dois lados, seja como moralização esquerdista do politicamente correto, seja como a moralização direitista dos cidadãos de bem e mulheres honestas, em ambos os casos com seus sacerdotes e policiais cheios de ideias corretas”, critica. “Nesse sentido, se a moralização embute sempre um medo, o medo de um Mal que pode a tudo contaminar, a candidatura de Bolsonaro conseguiu condensar a esperança por dias melhores e mais proteção aos pobres, mesmo que pela via militar e do revide”, pondera.

Bruno Cava é pesquisador associado à rede Universidade Nômade (uninomade.net). Professor de Filosofia, oferece cursos livres em instituições culturais no Rio de Janeiro (Cinemateca do MAM, Casa de Rui Barbosa, Museu da República). É graduado em Engenharia pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA e em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, pela qual também é mestre em Filosofia do Direito. Autor de vários livros, em 2018 publicou New Neoliberalism and the Other. Biopower, antropophagy and living money (Lanham: Lexington Books, 2018), com Giuseppe Cocco.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Em que medida a democracia, em seu sentido moderno, que modelou as formas de representação política, tem mostrado sinais de seu esgotamento?

Bruno Cava – A gênese da democracia moderna está entrelaçada com a do capitalismo. Diferente de outros modos de sujeição social, como a escravidão ou a servidão, o capitalismo envolve uma mediação, um momento articulador de modo que a dominação ocorra indiretamente. No capitalismo, o trabalho deve ser livre, é preciso reconhecer uma margem de liberdade aos produtores. Governa-se o seu exercício. O capitalismo é um regime de subjetivação que propicia a liberdade na mesma medida em que a vigia e busca conduzir. O Estado democrático de direito nasce como articulação dessa liberdade, ao mesmo tempo necessária e perigosa. O processo do capital precisa de um limiar democrático, precisa do fogo do trabalho vivo que, fora de controle, pode terminar consumindo-o. Esse é o problema da democracia moderna.

Na primeira metade do século 20, a mediação assumiu a forma do social. A democracia social implica regular o processo do capital mediante o reconhecimento de uma subjetivação autônoma dada pela cooperação dos produtores. O capital se organiza como colmeia: ordenando espaços de cooperação onde o trabalho é explorado. É a sociedade-fábrica. Depois do ciclo de lutas de 1968, a mediação foi reestruturada na forma da crise. Em vez de uma crise sazonal de descompensação da economia, uma economia de crise, uma crise permanente e interiorizada: o governo dos endividados (Maurizio Lazzarato[1]). É a virada, tematizada por Toni Negri [2] ou Yann Moulier-Boutang [3] e outros, de uma sociedade fabril à fábrica social, da colmeia aos grandes abertos da polinização e do rizoma, uma economia enquanto ecologia. Estamos agora numa nova passagem, da economia de crise à crise da economia de crise, isto é, a crise do neoliberalismo e da globalização neoliberal.

Há filósofos como Slavoj Zizek [4] que entendem que se deu o divórcio entre capitalismo e democracia liberal, o que abriria o caminho para saídas transcendentes à esquerda, como nos casos da China de Xi Jinping [5], da Rússia de Putin [6] ou da Venezuela de Maduro [7]. Outros filósofos, como Éric Alliez [8] e Lazzarato, veem a crise terminal do capitalismo como a regressão a sua condição estrutural, então o norte seria a guerra civil da Síria, tendência de um mundo em conflagração. Uma terceira leva, com a qual me aproximo, vê que longe de ser o divórcio de capitalismo e democracia, como se as classes dominantes estivessem dispensando a democracia, o que se dá é uma aceleração democrática. A democracia interna à economia de crise se tornou ingovernável, o que as primaveras árabes exprimiram como “democracia real já”.

Há, portanto, uma aceleração da democracia que se manifesta na fuga dos imigrantes, na fuga dos precários, na fuga das ocupações acampadas pelo mundo, numa fuga dos pobres diante da piora das condições de vida. Não exatamente uma fuga para fora do capitalismo, mas uma fuga do Fora do capitalismo, do ingovernável que é uma democracia que não mais se contém. A resposta nos últimos anos foi brutal: modular violentamente o êxodo populacional (no Mediterrâneo, nos Balcãs, na Turquia), guerra civil (SíriaUcrânia/RússiaVenezuela), fazer a aceleração voltar-se contra si própria, numa linha de abolição, suicidária (Trump [9], Bolsonaro [10], Duterte [11]). No final da década de 2010, estamos numa “situação Anti-Édipo“, para fazer referência ao livro de Deleuze [12] e Guattari [13], embora tenha sido escrito noutras condições.

IHU On-Line – Diante do atual cenário político do Brasil, qual a importância de não transformar a derrota política-eleitoral em derrota subjetiva?

Bruno Cava – Na Crítica à filosofia do direito de Hegel [14], Marx [15] chama de crítica vulgar aquela que assume diante da realidade empírica uma atitude arrogante, altiva, pretensiosa, que expõe as contradições diante do existente apenas para desprezá-las como pertencentes à massa. É uma crítica dogmática que luta contra o seu objeto. A esquerda brasileira, desde 2013, tem se autossegregado das lutas, em nome da defesa abstrata do ideal de Esquerda, que na prática nada mais é do que um entrincheiramento junto do PT e de Lula. Ela foi de encontro de movimento de Junho, à indignação anticorrupção, ao transbordamento social provocado pela greve dos caminhoneiros, sobretudo por meio do Whatsapp.

direita, ao contrário, foi ao encontro do movimento novo e se reorganizou dentro dele. Pior do que a derrota de fato, ou seja, ter perdido a eleição, é convertê-la numa derrota de direito: não havia como vencer, a derrota estava dada irremediavelmente. Ou estaríamos diante de algum Mefisto maligno, da ascensão global trumpista idealizada por Steve Bannon [16], de uma nova Guerra Fria [17] perversa; ou diante da ascensão de um metafísico conservadorismo de fundo, as profundezas racistas e homofóbicas do povo brasileiro, que estaria emergindo na forma de uma violência fascista contra as minorias; ou uma mistura em variadas proporções desses dois estilos da crítica vulgar.

O diagnóstico do fracasso vira o fracasso do diagnóstico e as esquerdas continuarão a girar em falso numa mobilização de cunho moral e autorreferente, que na prática é seguir na órbita do PT e de Lula pelos próximos anos, ainda que sob o bordão do antifascismo. Aí o diagnóstico do fracasso se converte no fracasso dos diagnósticos. É preciso compreender as condições de direito com que a derrota aconteceu e isso está relacionado diretamente com o longo Junho de 2013, o ciclo anticorrupção e o movimento dos caminhoneiros. Assim como, em termos globais, a ascensão da nova direita está relacionada com a restauração do ciclo das primaveras árabes. Sem uma nova teoria, a prática continuará centrípeta, autorreferente.

IHU On-Line – Em que medida a politização no Brasil se transformou em uma espécie de “moralização”?

Bruno Cava – A política começa quando a ordem das representações não dá conta do que se está exprimindo. Seu portador é a parte dos sem parte, os que têm de abrir um dissenso na vigência (Jacques Rancière [18]). Por exemplo, no movimento do 15 de Maio, no verão europeu de 2011, havia um suplemento ingovernável que não cabia na polarização política do país, instaurada pelo Regime pós-ditadura de 1978. No Brasil, as jornadas de Junho de 2013 não colocaram só em questão determinadas pautas, mas todo o pacto da redemocratização, motivo pelo qual, no calor da hora, Marcos Nobre [19] acertou em chamá-las de “choque de democracia”. Em alguns países, essa mobilização de novo tipo se enredou com campanhas eleitorais.

Difícil, por exemplo, separar de maneira estanque o movimento Occupy [20] e a campanha positiva “Yes We Can” que o precedeu e levou Obama [1] ao poder. Ou então as acampadas do 15-M e a proposta original do Podemos de se organizar por meio de círculos autônomos. Ou os protestos de Gezi Park, na Turquia, e a emergência do Partido Democrático dos Povos (HDP, na sigla em turco) como força política significativa no parlamento. No Brasil, contudo, os mais politizados, aqueles que se colocam como militantes de esquerda, foram na direção contrária ao movimento.

A política recomeça no ponto em que os valores existentes não dão conta, onde é preciso criar. Para fazer política é preciso ter uma Ideia. Sem política, sobre apenas polícia, uma atitude de chegar ao problema com todas as ideias justas e corretas de antemão, com as quais se pretende julgar a realidade. O que se entende por politização integral da vida no Brasil, com a frase “o pessoal é político”, não foi política, mas polícia, uma moralização integral dos comportamentos e atitudes, que deveriam seguir um padrão. De maneiras diferentes e às vezes numa estranha ressonância, a onda conservadora no Brasil rebentou dos dois lados, seja como moralização esquerdista do politicamente correto, seja como a moralização direitista dos cidadãos de bem e mulheres honestas, em ambos os casos com seus sacerdotes e policiais cheios de ideias corretas.

IHU On-Line – Qual a relação desse processo [da moralização] com a emergência, por exemplo, de figuras como Bolsonaro?

Bruno Cava – Em certa medida, Bolsonaro é um soldado das guerras culturais, como afirmou o Pablo Ortellado [22]. O antagonismo real de Junho foi deslocado, com a restauração do levante, a uma disputa de narrativas. Mas o trabalho do antagonismo continuou nos subterrâneos, como uma marmota sorrateira. O conflito social cresceu na mesma marcha do aumento da crise, e as indignações foram apenas inchando diante do colapso da metrópole em câmera lenta, estrangulada pela sensação de insegurança, o gargalo do transporte e a decadência do sistema de saúde. Enquanto a esquerda recuou e se entrincheirou em seus espaços de segurança: universidades, Facebook e circuito cultural estabelecido, multiplicando bandeiras, narrativas e simbologias, a direita se ramificou por dentro dos antagonismos reais, especialmente com o discurso anticorrupção da ‘alt right‘ e as redes de solidariedade e alento das igrejas protestantes de base.

Bolsonaro conseguiu capitalizar eleitoralmente em cima dos dois processos: por um lado, a vitória nas guerras culturais sobre a esquerda, por outro, a vitória em representar a indignação antissistêmica dos mais pobres (com exceção da fortaleza lulista no Nordeste, onde Lula ainda é o antissistema). Os dois processos, cultural e socioeconômico, se complementam, sem primazia de um sobre o outro. Bolsonaro foi vivido como uma resposta política a uma situação aparentemente sem saída, já que o PT chegou a 2018 bastante desgastado como opção. Boa parte dos eleitores tolera o que entende ser excessos e arroubos, em nome da luta maior para escapar da crise e reencantar a democracia. Nesse sentido, se a moralização embute sempre um medo, o medo de um Mal que pode a tudo contaminar, a candidatura de Bolsonaro conseguiu condensar a esperança por dias melhores e mais proteção aos pobres, mesmo que pela via militar e do revide.

IHU On-Line – Qual a importância de se pensar os desafios políticos para além de uma moralidade prêt-à-porter?

Bruno Cava – O principal desafio é reconectar-se com as lutas. A esquerda acha que as lutas vão nascer dela mesma. Muitos artistas e produtores culturais também pensam que a cultura de luta é uma tarefa deles realizarem. As análises disponíveis no mercado acadêmico são muito prescritivas: devemos fazer isso, devemos fazer aquilo. O “nós” implicado é bem mais testemunhal, no sentido de um grupo que compartilha de valores, do que propriamente político, capaz de avançar sobre novos terrenos de mobilização. O grande desafio envolve, primeiro, um ajuste da percepção, uma vidência que movimentos como Junho ou a greve dos caminhoneiros colocam. Parar de olhar para si próprio como régua do mundo e desmontar o tribunal esquerdista, sempre pronto a condenar as lutas mediante testes de tornassol das bandeiras ou esquerdômetros discursivos.

Mas a resposta não pode ser um genérico “trabalho de base”, mesmo porque a sociedade do século 21 não se organiza mais verticalmente, mas num ecossistema mais complexo, em rede e em múltiplos níveis de articulação. Qual é a reengenharia de redes, a lógica algorítmica de nuvem, os novos agenciamentos sociotécnicos de que precisaríamos? Eles já estão sendo criados nas franjas da cooperação social, no comum produtivo que move o capitalismo hoje. Essas são as tendências de que precisamos.

Nada mais distante dessa atitude do que moralizar, por exemplo, o uso do Whatsapp, mediante um tema que está se tornando o mais novo pânico moral: as fake news. Construir a democracia por vir exige, antes de qualquer coisa, uma atitude prospectiva com a própria democracia: como exercer um princípio seletivo no interior do grito dos indignados, como organizar os ritmos e timbres num canto? A pergunta leninista por excelência: como organizar de dentro do movimento, da potência social, na tendência das lutas, os desvios clinâmicos que podem nos levar para uma realidade melhor?

IHU On-Line – Qual o impacto da polarização política na democracia representativa?

Bruno Cava – Quanto mais a democracia é invocada como defesa do indefensável, mais a democracia se esvazia e se torna uma palavra vazia. Se uma candidatura que representa o pacto de imunização da casta política é bem-sucedida em promover-se como a candidatura da democracia, a maioria pode começar a questionar se queremos mesmo essa democracia. Se alguém que vive em condições de fascismo social, sob a insegurança, a vergonha da dívida, a chantagem permanente de grupos armados, o medo da miséria, for informado que isso é a democracia, que agora é que viria a ditadura, pode ser que essa pessoa se questione o que a democracia tem de ruim. E apesar disso, a pesquisa do Datafolha mostra que a democracia é defendida como valor pela grande maioria brasileira, numa tendência de ascensão.

Dois terços dos eleitores de Bolsonaro, segundo a estatística, também sustentam a relevância da democracia. Talvez esse seja o grande paradoxo, como um candidato que elogiou a vida inteira a ditadura, inclusive nas suas piores práticas de tortura, censura e eliminação da oposição, pode ser escolhido como representante de um movimento que se vê como despertar democrático? Esse paradoxo não tem saída racional se não colocarmos na análise Lula e o PT, pois somente na polarização com eles é que a campanha de Bolsonaro se encorpou a ponto de conquistar a maioria. Mas há uma enorme contradição e isso abre, novamente, o terreno para a política (e não da veemência moral das condenações).

IHU On-Line – É possível pensar uma democracia pós-representativa?

Bruno Cava – Na verdade ela já está sendo pensada o tempo todo, desde a virada do fordismo ao pós-fordismo, que esquematizei anteriormente. A própria democracia representativa já foi arrastada pela pós-representação, refuncionalizando-se. No texto “Post-scriptum sobre as sociedades de controle” (1991), de Deleuze, o filósofo coloca como as sociedades contemporâneas se organizam de maneira micropolítica. Não somos mais integrados no mercado como indivíduos, mas como índices flutuantes, tendências, multiplicidade de elementos diferenciais. A macroeconomia de Keynes [23] se desenvolveu numa psicologia das massas baseada em propensões, euforias e espirais depressivas conforme a matemática dos grandes números. Hoje essa lógica se generalizou para a microeconomia.

Somos bitificados pelos algoritmos, gamificados em diferentes nuvens simultâneas de “grupos de controle“, constantemente mapeados e remapeados por trackings na econometria do Big Data. Assim funciona o mercado, como também o mercado político, o consumo dos produtos eleitorais da representação. João Santana [24] talvez tenha sido o último czar de uma publicidade que se tornou tão multitudinária que um bunker de propaganda não dá mais conta. A campanha de Bolsonaro já rizomatizou de outra forma e, se toda espontaneidade é organizada, também há muita espontaneidade naquilo que parece de antemão organizado, pois a organização é um problema que também sofre mutações em seus termos. Ver, sobre isso, “The organisation of the organisationless“, de Rodrigo Nunes.

Não adianta falar que a vitória de Bolsonaro é a organização que não queremos. Porque tem pontos de toque e de diferenciação em relação à greve dos caminhoneiros e, um pouco mais distante, de Junho de 2013 e das Primaveras Árabes. Em “Estado e revolução” e “O que fazer“, textos pré-revolucionários, Lênin [25] diz que não cabe à vanguarda inventar formas novas, que a matéria política não carece de algo que venha de fora para moldar-lhe. As tendências já existem, enquanto novos mundos em gênese real, e devem ser perscrutadas enquanto multiplicidade intensiva. De que maneira a ascensão das novas direitas e o terreno da restauração reabrem a Organisasions Frage (mas também uma nova Organisation der Frage!), como funcionam, de que modo obtêm eficácia para além das velhas estruturas, o que podem nos ensinar? Sem regredir à formulação populista (só que de esquerda), muitas vezes outro nome para a confusão de nossos esforços pelo conceito.

IHU On-Line – O que significa 42 milhões de eleitores terem aberto mão da escolha do presidente no segundo turno, seja como abstenção, nulo ou branco?

Bruno Cava – Com uma eleição de voto compulsório com as duas candidaturas que passaram ao segundo turno com índice elevado de rejeição, era previsível um aumento dos votos nulos, brancos e abstenções. Quando diferenciamos os índices dos três grupos, se constata que as taxas de abstenção e em branco se mantiveram nas médias históricas para segundo turno, enquanto os votos nulos cresceram 60% em relação a 2014, chegando a 7,4% do total. Um valor significativo, se pensarmos que as duas campanhas defenderam o voto nos respectivos candidatos com uma veemência inédita.

De um lado, a indução de um pânico vermelho, juntando PTVenezuelaURSS e nazismo no mesmo saco de gatos do totalitarismo e da amoralidade. Do outro lado, o pânico do fascismo, juntando Bolsonaro, a ditadura de 1964, Mussolini [26] e, de novo, o nazismo, como sinal do perigo de um totalitarismo de direita. O problema da indução de um pânico é que ele esfuma as nuances e fabrica um grande indiferenciado, uma espécie de sombra escura que funciona como a soma confusa de todos os medos, uma ameaça pervasiva e inassinalável, porém intratável no plano da análise e das estratégias. Que tantos eleitores tenham evitado essa prensa de compressão das subjetividades não deixa de ser um dado interessante dos resultados do segundo turno.

Notas:

[1] Maurizio Lazzarato: sociólogo e filósofo italiano que vive e trabalha em Paris, onde realiza pesquisas sobre a temática do trabalho imaterial, a ontologia do trabalho, o capitalismo cognitivo e os movimentos pós-socialistas. Escreve também sobre cinema, vídeo e as novas tecnologias de produção de imagem. É um dos fundadores da revista Multitudes. O IHU já publicou uma série de textos e entrevistas com Maurizio Lazzarato entre elas: O “homem endividado” e o “deus” capital: uma dependência do nascimento à morte. Entrevista especial com Maurizio Lazzarato publicada na IHU On-Line, edição 468, de 29-6-2015; Subverter a máquina da dívida infinita. Entrevista com Maurizio Lazzarato, publicada em Notícias do Dia, de 2-6-2012, no sítio do IHU; “Atualmente vigora um capitalismo social e do desejo”. Entrevista com Maurizio Lazzarato, publicada em Notícias do Dia, de 05-01-2011, no sítio do IHU; “Os críticos do Bolsa Família deveriam ler Foucault…” Entrevista com Maurizio Lazzarato, publicada em Notícias do Dia, de 15-12-2006, no sítio do IHU; Capitalismo cognitivo e trabalho imaterial. Entrevista com Maurizio Lazzarato, publicada em Notícias do Dia, de 6-12-2006, no sítio do IHU; As Revoluções do Capitalismo. Um novo livro de Maurizio Lazzarato. Reportagem publicada em Notícias do Dia, de 6-12-2006, no sítio do IHU. (Nota da IHU On-Line)

[2] Antonio Negri (1933): filósofo político e moral italiano. Durante a adolescência, foi militante da Juventude Italiana de Ação Católica, como Umberto Eco e outros intelectuais italianos. Em 2000, publicou o livro-manifesto Império (Rio de Janeiro: Record), com Michael Hardt. Em seguida, publicou Multidão. Guerra e democracia na era do império (Rio de Janeiro/São Paulo: Record), também com Michael Hardt – sobre essa obra, a edição 125 da IHU On-Line, de 29-11-2004, publicou um artigo de Marco Bascetta. (Nota da IHU On-Line)

[3] Yann Moulier-Boutang: economista, filósofo e escritor. É professor de economia na Universidade de Bretagne du Sud, em Vannes. Também é professor de gestão e administração no Institute of Political Science, em Paris e de análise econômica na Universidade de Caen, na Normandia. Participa de pesquisas sobre as transformações no sistema capitalista no Laboratory Matisse. (Nota da IHU On-Line)

[4] Slavoj Zizek (Slavoj Žižek, 1949): filósofo e teórico crítico esloveno. É professor da European Graduate School e pesquisador sênior no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. É também professor visitante em várias universidades estadunidenses, entre as quais estão a Universidade de Columbia, Princeton, a New School for Social Research, de Nova York, e a Universidade de Michigan. Publicou recentemente Menos que nada. Hegel e a sombra do materialismo dialético (São Paulo: Boitempo, 2013). (Nota da IHU On-Line)

[5] Xi Jinping (1953): nascido em Pequim, atual presidente da República Popular da China e secretário-geral do Partido Comunista da China. Tem doutorado em Engenharia Química e Ciência Política. É atualmente o principal membro do Secretariado do Partido Comunista Chinês, o presidente da China, o diretor da Escola Central do Partido e o mais importante membro do Comitê Permanente do Politburo, que é o órgão que controla o país. Filho do político comunista Xi Zhongxun, Xi Jinping começou sua carreira política na província de Fujian e foi posteriormente escolhido como chefe do partido na província vizinha de Zhejiang, depois promovido a chefe do partido de Xangai após a demissão de Chen Liangyu. Conhecido por suas posturas liberais, duro combate à corrupção e uma franqueza e abertura quanto a reformas políticas e econômicas, é o destacado líder emergente da quinta geração de líderes da República Popular da China. Assumiu o cargo de presidente da China no dia 15 de março de 2013, sucedendo Hu Jintao. Foi nomeado como uma das pessoas mais influentes do mundo em 2009, 2011 e 2012 pela revista Time. Em 2017, foi eleito pelo The Economist o homem mais poderoso do mundo. Em 2018, o parlamento chinês aprovou o mandato vitalício a Xi Jinping. (Nota da IHU On-Line)

[6] Vladimir Putin (1952): presidente da Rússia. Também é ex-agente do KGB no departamento exterior e chefe dos serviços secretos soviético e russo, KGB e FSB, respectivamente. Putin exerceu a presidência entre 2000 e 2008, além de ter sido primeiro-ministro em duas oportunidades, a primeira entre 1999 e 2000, e a segunda entre 2008 e 2012. (Nota da IHU On-Line)

[7] Nicolás Maduro Moros (1962): é um político venezuelano, atual presidente da República Bolivariana da Venezuela. Depois de, como vice-presidente constitucional, assumir o cargo com a morte do presidente Hugo Chávez, foi eleito em 14 de abril de 2013 para mandato como 57º presidente da Venezuela. (Nota da IHU On-Line)

[8] Éric Alliez (1957): é um filósofo francês que foi orientando de Gilles Deleuze e, atualmente, é um destacado professor na Universidade de Paris 8. Além disso é pesquisador do Centro de Pesquisas em Filosofia da Kingston University. (Nota da IHU On-Line)

[9] Donald Trump (1946): Donald John Trump é um empresário, ex-apresentador de reality show e atual presidente dos Estados Unidos. Na eleição de 2016, Trump foi eleito o 45º presidente norte-americano pelo Partido Republicano, ao derrotar a candidata democrata Hillary Clinton no número de delegados do colégio eleitoral; no entanto, perdeu no voto popular. Entre suas bandeiras estão o protecionismo norte-americano, por onde passam questões econômicas e sociais, como a relação com imigrantes nos Estados Unidos. Trump é presidente do conglomerado The Trump Organization e fundador da Trump Entertainment Resorts. Sua carreira, exposição de marcas, vida pessoal, riqueza e modo de se pronunciar contribuíram para torná-lo famoso. (Nota da IHU On-Line)

[10] Jair Bolsonaro (1955): militar da reserva e deputado federal nascido em Campinas (SP). De orientação política de extrema direita, conservadora e nacionalista, cumpre sua sétima legislatura na Câmara Federal. Em janeiro de 2018, anunciou sua filiação ao Partido Social Liberal – PSL, o nono partido político de sua carreira. Foi o deputado mais votado do estado do Rio de Janeiro nas eleições gerais de 2014. Ficou conhecido pela luta contra os direitos LGBT, pela defesa da ditadura e da tortura. Seus embates contra os direitos humanos são constantes. Suas declarações controversas já lhe renderam cerca de 30 pedidos de cassação e três condenações judiciais, desde que foi eleito deputado em 1989. Documentos produzidos pelo Exército Brasileiro na década de 1980 mostram que os superiores de Bolsonaro o avaliaram como dono de uma “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”. Segundo o superior de Bolsonaro na época, o coronel Carlos Alfredo Pellegrino, “[Bolsonaro] tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos”. É notório o seu machismo, como evidenciam as agressões e ofensas direcionadas a suas colegas parlamentares. Seu desrespeito à condição feminina não poupou nem a filha. Em abril de 2017, em um discurso no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, Bolsonaro fez uma menção à caçula, então com seis 6 anos: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”. Em uma entrevista para a revista Playboy, em junho de 2011, sua agressividade dirigiu-se aos gays: “Seria incapaz de amar um filho homossexual”. Ainda disse preferir que um filho “morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”. Em abril de 2017, durante um discurso no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, afirmou que acabará com todas as terras indígenas e comunidades quilombolas do Brasil caso seja eleito presidente em 2018. Também disse que terminará com o financiamento público para ONGs: “Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou pra quilombola”. Eleito no dia 28 de outubro de 2018, será o 38º Presidente do Brasil. (Nota da IHU On-Line)

[11] Rodrigo “Digong” Roa Duterte (1945): é um político e advogado filipino, atual presidente do seu país desde 2016. Em 30 de junho de 2016, ele foi eleito como o 16º presidente das Filipinas com 39% dos votos válidos pelo partido PDP-Laban. (Nota da IHU On-Line)

[12] Gilles Deleuze (1925-1995): filósofo francês. Assim como Foucault, foi um dos estudiosos de Kant, mas tem em Bergson, Nietzsche e Espinosa, poderosas interseções. Professor da Universidade de Paris VIII, Vincennes, Deleuze atualizou ideias como as de devir, acontecimentos e singularidades. (Nota da IHU On-Line)

[13] Pierre-Félix Guattari (1930-1992): filósofo e militante revolucionário francês. Colaborou durante muitos anos com Gilles Deleuze, escrevendo com este, entre outros, os livros Anti-Édipo, Capitalismo e Esquizofrenia e O que é Filosofia?. Félix Guattari, dotado de um estilo literário incomparável, é, de longe, um dos maiores inventores conceituais do final do século XX. Esquizoanálise, transversalidade, ecosofia, caosmose, entre outros, são alguns dos conceitos criados e desenvolvidos pelo autor. (Nota da IHU On-Line)

[14] Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831): filósofo alemão idealista. Como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, desenvolveu um sistema filosófico no qual estivessem integradas todas as contribuições de seus principais predecessores. Sobre Hegel, confira a edição 217 da IHU On-Line, de 30-4-2007, intitulada Fenomenologia do espírito, de (1807-2007), em comemoração aos 200 anos de lançamento dessa obra. Veja ainda a edição 261, de 9-6-2008, Carlos Roberto Velho Cirne-Lima. Um novo modo de ler Hegel; Hegel. A tradução da história pela razão, edição 430, e Hegel. Lógica e Metafísica, edição 482. (Nota da IHU On-Line)

[15] Karl Marx (1818-1883): filósofo, cientista social, economista, historiador e revolucionário alemão, um dos pensadores que exerceram maior influência sobre o pensamento social e sobre os destinos da humanidade no século 20. A edição 41 dos Cadernos IHU ideias, de autoria de Leda Maria Paulani, tem como título A (anti)filosofia de Karl Marx. Também sobre o autor, a edição número 278 da revista IHU On-Line, de 20-10-2008, é intitulada A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx. A entrevista Marx: os homens não são o que pensam e desejam, mas o que fazem, concedida por Pedro de Alcântara Figueira, foi publicada na edição 327 da IHU On-Line, de 3-5-2010. A IHU On-Line preparou uma edição especial sobre desigualdade inspirada no livro de Thomas Piketty O Capital no Século XXI, que retoma o argumento central de O Capital, obra de Marx. A revista IHU On-Line, edição 525, intitulada Karl Marx, 200 anos – Entre o ambiente fabril e o mundo neural de redes e conexões, em celebração aos 200 anos do nascimento do pensador. (Nota da IHU On-Line)

[16] Steve Bannon (1953): é um assessor político estadunidense que serviu como assistente do presidente e estrategista-chefe da Casa Branca no governo Trump. Como tal, participou regularmente do Comitê de Diretores do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, entre 28 de janeiro e 5 de abril de 2017, quando foi demitido. Antes de assumir tal posição da Casa Branca, Bannon foi diretor executivo da campanha presidencial de Donald Trump, em 2016. (Nota da IHU On-Line)

[17] Guerra Fria: nome dado a um período histórico de disputas estratégicas e conflitos entre Estados Unidos e União Soviética, que gerou um clima de tensão que envolveu países de todo o mundo. Estendeu-se entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a queda da União Soviética (1991). (Nota da IHU On-Line)

[18] Jacques Rancière (1940): filósofo argelino, professor da European Graduate School de Saas-Fee e professor emérito da Universidade Paris VIII (Vincennes-Saint-Denis). Seu trabalho se concentra sobretudo nas áreas de estética e política. Pensa a história, a sociedade, os movimentos políticos e o cinema. Colaborador frequente da lendária revista Cahiers du Cinéma. Foi um dos colaboradores do pensador Louis Althusser no volume Lire le Capital (Ler o Capital), de 1965, antes de romper com seu antigo professor na École normale supérieure. No final dos anos 1970, Rancière organiza, com outros jovens intelectuais, como Arlette Farge e Geneviève Fraisse, o coletivo Révoltes Logiques que, sob a inspiração do poeta Rimbaud, questiona as representações tradicionais do social e publica a revista Les Révoltes logiques. Paralelamente, voltou sua atenção para a emancipação operária e os utopistas do século XIX (notadamente Étienne Cabet), com uma reflexão filosófica sobre educação e política. Desse trabalho nasceu sua tese de doutorado, publicada em 1981, sob o título La Nuit des prolétaires. Archives du rêve ouvrier, sobre os operários saint-simonianos. Alguns de seus livros lançados no Brasil são Nomes da Historia. Ensaio de Poética do Saber (Unesp, 2014), O Ódio à Democracia (São Paulo: Boitempo, 2014), O Inconsciente Estético (São Paulo: Ed. 34, 2009), A noite dos proletários: arquivos do sonho operário (São Paulo: Cia. das Letras, 1988), O desentendimento – Política e Filosofia (São Paulo: Ed. 34, 1996) e Políticas da Escrita (São Paulo: Ed. 34, 1995). Esteve no Brasil em 2005, quando participou do Congresso Internacional do Medo, que aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro.(Nota da IHU On-Line)

[19] Marcos Nobre (1965): graduado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo – USP. É professor da Universidade de Campinas – Unicamp. Atua no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – Cebrap desde 1990, como integrante da área de Filosofia e Política, tendo se tornado pesquisador da casa em 1997. Em 1999 fundou, juntamente com Ricardo Terra, o Núcleo Direito e Democracia, coletivo de pesquisa interdisciplinar orientado pela perspectiva da Teoria Crítica, do qual foi o coordenador até 2012. De 2006 a 2011, foi professor visitante da Université d’Auvergne, Clermont-Ferrand, França. Foi pesquisador visitante nas universidades: da Califórnia (Berkeley), Johann Wolfgang Goethe (Frankfurt/Main), Chicago, Paris I (Sorbonne), Leipzig, Humboldt (Berlim). É autor da tese do “peemedebismo”, como ele batizou a ideia da existência de um bloco de forças políticas que, ao se associar ao governo, lhe dá estabilidade e o blinda contra ameaças como o impeachment que o ex-presidente Fernando Collor sofreu em 1992. (Nota da IHU On-Line)

[20] Occupy: série de protestos mundiais iniciados no dia 15 de outubro de 2011, a partir da ocupação de Wall Street, nos Estados Unidos, dando origem ao movimento Occupy. O movimento se espalhou por várias cidades do mundo, organizado por coletivos locais, organizações de bairro ou movimentos sociais, os quais propunham alternativas de desenvolvimento voltadas à preservação do planeta e ao consumo consciente de produtos, opondo-se à especulação financeira e à ganância econômica. (Nota da IHU On-Line)

[21] Barack Obama [Barack Hussein Obama II] (1961): advogado e político estadunidense. Foi o 44º presidente dos Estados Unidos, tendo governado o país entre 2009 e 2017. (Nota da IHU On-Line)

[22] Pablo Ortellado: filósofo, com doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo – USP. É professor do curso Gestão de Políticas Públicas e orientador no programa de pós-graduação em Estudos Culturais da mesma universidade. É coordenador do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação – Gpopai. (Nota da IHU On-Line)

[23] John Maynard Keynes (1883-1946): economista e financista britânico. Sua Teoria geral do emprego, do juro e do dinheiro (1936) é uma das obras mais importantes da economia. Esse livro transformou a teoria e a política econômicas, e ainda hoje serve de base à política econômica da maioria dos países não-comunistas. Confira o Cadernos IHU Ideias n. 37, As concepções teórico-analíticas e as proposições de política econômica de Keynes, de Fernando Ferrari Filho. Leia, também, a edição 276 da Revista IHU On-Line, de 6-10-2008, intitulada A crise financeira internacional. O retorno de Keynes. (Nota da IHU On-Line)

[24] João Santana (1953): músico, jornalista, escritor e publicitário brasileiro, com atuação na área de campanhas políticas. Coordenou seis campanhas vitoriosas de presidentes da república: Lula (reeleição, 2006), Mauricio Funes (El Salvador, 2009), Dilma Rousseff (2010), Danilo Medina (República Dominicana, 2012), José Eduardo dos Santos (Angola, 2012) e Hugo Chavez/Nicolás Maduro (Venezuela, 2012). (Nota da IHU On-Line)

[25] Lenin [Vladimir Ilyich Ulyanov] (1870-1924): revolucionário russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo. Suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo. (Nota da IHU On-Line)

[26] Benito Mussolini (1883-1945): jornalista e político italiano, governou a Itália com poderes ditatoriais entre 1922 e 1943. Liderou o Partido Nacional Fascista e é tido como uma das figuras-chave na criação do fascismo. Tornou-se o primeiro-ministro da Itália em 1922 e em 1925 começou a usar o título Il Duce, que significa “o condutor”, em italiano. Após 1936, seu título oficial era Sua Excelência Benito Mussolini, Chefe de Governo, Duce do Fascismo e Fundador do Império. Também criou e sustentou a patente militar suprema de Primeiro Marechal do Império, junto com o rei Vítor Emanuel III da Itália, quem deu-lhe o título, tendo controle supremo sobre as forças armadas do país. Mussolini permaneceu no poder até ser substituído em 1943. Foi um dos fundadores do fascismo, que incluía elementos de nacionalismo, corporativismo, sindicalismo nacional, expansionismo, progresso social e anticomunismo, combinado com a censura de subversivos e propaganda do Estado. Nos anos seguintes à criação da ideologia fascista, Mussolini conquistou a admiração de uma grande variedade de figuras políticas. Entre suas realizações de 1924 a 1939, destacam-se os seus programas de obras públicas como a drenagem das áreas pantanosas da região do Agro Pontino e o melhoramento das oportunidades de trabalho e transporte público. Mussolini também resolveu a Questão Romana ao concluir o Tratado de Latrão entre o Reino de Itália e a Santa Sé. A ele também é creditado o sucesso econômico nas colônias italianas e dependências comerciais. Embora inicialmente tenha favorecido o lado da França contra a Alemanha no início da década de 1930, Mussolini tornou-se uma das figuras principais das potências do Eixo e, em 10 de junho de 1940, inseriu a Itália na Segunda Guerra Mundial ao lado dos alemães. Três anos depois, foi deposto pelo Grande Conselho do Fascismo, motivado pela invasão aliada. Logo depois de preso, Mussolini foi resgatado da prisão no Gran Sasso por forças especiais alemãs. Após seu resgate, Mussolini chefiou a República Social Italiana nas partes da Itália que não haviam sido ocupadas por forças aliadas. Ao final de abril de 1945, com a derrota total aparente, tentou fugir para a Suíça, porém, foi rapidamente capturado e sumariamente executado próximo ao lago de Como por guerrilheiros italianos. Seu corpo foi então trazido para Milão, onde foi pendurado de cabeça para baixo em uma estação petrolífera para exibição pública e a confirmação de sua morte. (Nota da IHU On-Line).

Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

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