Dona Raimunda, quebradeira de coco babaçu e liderança no Tocantins, morre em casa aos 78 anos

Ela ficou conhecida por lutar pela valorização das quebradeiras de coco. Durante a vida foi indicada ao prêmio Nobel da Paz e recebeu título de doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Tocantins. A CPT Araguaia-Tocantins e o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) lamentaram a morte da quebradeira, fonte de inspiração e animadora da luta na região Norte do país.

Do G1 Tocantins / CPT Araguaia-Tocantins / MIQCB, na CPT Nacional

A líder comunitária Raimunda Gomes da Silva morreu na noite desta quarta-feira (7) aos 78 anos. Ela lutava contra diabetes e já tinha perdido a visão por causa da doença. Raimunda Quebradeira, como era conhecida, faleceu na própria casa no povoado Sete Barracas, a cerca de oito quilômetros do município de São Miguel do Tocantins, norte do estado.

A prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias e ponto facultativo nesta quinta-feira (7). O corpo de Raimunda Quebradeira deve ser levado para o Imperatriz (MA) e depois retorna para o povoado, onde será velado e enterrado.

Segundo o secretário de cultura de São Miguel, Orlando Martins, a ex-quebradeira de coco chegou a ficar internada na UTI de um hospital em Imperatriz. Ela recebeu alta há algumas semanas e pediu para retornar para casa.

A líder comunitária ficou conhecida por lutar pela valorização das quebradeiras de coco no norte do Tocantins desde os anos 80. Ela foi uma das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que atua nos estados do Pará, Tocantins, Maranhão e Piauí.

A ex-quebradeira de coco rompeu as fronteiras do Brasil. Foi à China, aos Estados Unidos, à França e ao Canadá. Ela também chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz e recebeu homenagens do da Assembleia Legislativa do Tocantins e do Senado Federal. Em 2009, recebeu o título de doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Tocantins (UFT).

O governador Mauro Carlesse (PHS) enviou nota lamentando a morte da líder comunitária. “O Estado do Tocantins perde uma de suas maiores líderes. Dona Raimunda construiu uma extensa folha de serviços ao nosso Estado e ao Brasil, por desenvolver um importante serviço comunitário e também como trabalhadora rural e ativista de destaque nacional, que por sua atuação recebeu, entre outros, o prêmio Bertha Luz, concedido pelo Senado Federal”, diz trecho da nota.

Frei Xavier Plassat e CPT Araguaia Tocantins lamentam a morte de dona Raimunda

“Descanse em paz, Raimunda, grande, incansável, querida lutadora, mulher exemplar que tem iluminado e seguirá iluminando o caminho de tanta gente. Precisaremos mais que nunca da sua força e sua determinação, da sua esperança e sua serenidade, para enfrentar os tempos duros que se apresentam. Onde esteja agora, entre Josimo e Dorothy, são Romero e Marielle, frei Henri, dr Osvaldo e Maria do Espírito Santo, Expedito e Margarida, mande-nos suas bênçãos, sempre. Seus familiares, Toinho, Moisés, recebam nosso abraço de consolo e ternura, na fé que nos une no Deus da Vida que sempre guiou a Raimunda.

Fr. Xavier e todos seus amigos e amigas da CPT, unidos a vocês nesta noite de imensa perda e invencível esperança”.

Nota de Pesar: MIQCB perde uma de suas fundadoras

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco do Brasil (MIQCB) se solidariza com a família de Raimunda Gomes da Silva, a Dona Raimunda, uma de suas fundadoras, que faleceu na noite desta quarta-feira (07), em sua residência, no assentamento Sete Barracas, em São Miguel do Tocantins, no extremo norte do estado do Tocantins. Aos 78 anos, Dona Raimunda lutava contra uma diabetes e já estava com dificuldade para enxergar.

Quebradeira de coco babaçu, líder comunitária e ativista política de destaque nacional, Dona Raimunda foi um exemplo de mulher de coragem e determinação que sempre lutou pelos direitos das trabalhadoras rurais e das agroextrativistas.

Além de ajudar a fundar o MIQCB (1991), movimento com atuação no Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins, a ativista também foi responsável pela Secretaria da Mulher Trabalhadora Rural Extrativista do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e umas das fundadoras da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (Asmubip).

Premiada e reconhecida nacionalmente por seu trabalho, ela chegou a recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Tocantins e o Diploma Mulher-Cidadã Guilhermina Ribeira da Silva (Assembleia Legislativa do Tocantins) e o Diploma Bertha Lutz (Senado Federal).

Para o MIQCB, Dona Raimunda estará sempre presente, inspirando outras mulheres a continuar na luta pelo respeito aos seus direitos.

Foto: Thomas Bauer – CPT Bahia.

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