Médica que vaiou cubanos na chegada a Fortaleza chefiará Mais Médicos em 2019

Alexandre Padilha disse que a escolha aponta para uma “mentalidade que pensa na população inserida na Saúde Pública como privilégio”

Na RBA

A médica pediatra Mayra Pinheiro, que ficou famosa por hostilizar os médicos cubanos no Ceará, foi escolhida para ser a futura secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (STGES), pasta responsável pelo programa Mais Médicos. A indicação foi feita pelo futuro ministro da Saúde, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS).

Em 2013, Mayra ficou conhecida após participar de protesto contra a chegada de médicos cubanos no Ceará. Uma foto publicada pela Folha de S.Paulo, mostra ela gritando e mandando eles de volta para a “senzala”.

Em sua conta no Twitter, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha criticou a escolha. “Esse ato preconceituoso aponta para uma mentalidade que não pensa a população inserida na Saúde Pública como direito, mas como privilégio da Casa Grande”, publicou.

Após o caso, ela se candidatou duas vezes para o Congresso Nacional. Em 2014, disputou eleição para cargo de deputada federal, pelo PSDB, mas não se elegeu. Neste ano, tentou uma vaga no Senado pelo Ceará, mas também não obteve sucesso.

Ao jornal O Povo, a pediatra, que também presidiu o Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), afirma que sua atuação será para corrigir o que chama de “distorções” do Mais Médicos. Segundo Mayra, o programa se resume a convocar profissionais de outros países quando, “na lei, contempla tanto a formação médica quanto o ensino nas universidades e especialização de profissionais”.

Mais Médicos

Em novembro, o Ministério da Saúde Pública de Cuba anunciou a saída do Programa Mais Médicos no Brasil. O rompimento, de acordo com os cubanos, se deve a ataques feitos pelo presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, aos 8.300 profissionais do exterior.

Até esta terça (4), dos 34.653 inscritos no Mais Médicos, apenas 3.276 já haviam se apresentado ou iniciado as atividades no programa. No novo edital também, o governo de Michel Temer (MDB) retirou 1.600 vagas de 1.000 municípios que aguardavam reposição de médicos cubanos.

A saída dos médicos cubanos – criticados pela futura gestora –, foi lamentada por boa parte da população mais carente.

Médicos cubanos são vaiados e chamados de terroristas e de escravos por seus ‘colegas’ brasileiros, ao desembarcarem no aeroporto de Fortaleza, em agosto de 2013. Mayra Pinheiro, à direita, ficou famosa por participar de protestos mandando os cubanos ‘voltarem à senzala’. Foto: Jarbas Oliveira /Folhapress

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