Maioria da população defende debate político e de gênero e sexualidade nas escolas

Em pesquisa realizada no final de 2018 o Datafolha apontou que 71% dos brasileiros ainda são favoráveis a que escolas e professores abordem temas políticos em sala de aula. Além disso, uma maioria de 54% também concorda que os debates de gênero e sexualidade devem estar presentes no cotidiano das escolas.

Redação Esquerda Diário

Mesmo com a ofensiva da extrema-direita e da bancada evangélica contra os dois temas e contra os professores nos últimos anos a população também percebe o que os professores alertam cotidianamente, que são discussões inerentes a juventude e que os próprios estudantes trazem os assuntos políticos e os debates de sexualidade para as aulas.

O governo Bolsonaro iniciou o ano e o mandato deixando claro que serão os professores o primeiro alvo de seus ataques e ódio, isso porque sabe que de dentro das escolas pode sair uma juventude politizada e esclarecida, que em aliança com seus professores pode ser uma grande resistência contra seu governo, que quer atacar e massacrar os trabalhadores de conjunto.

O projeto Escola sem Partido, que não conseguiu ser aprovado no Congresso no final de 2018, pode ser retomado este ano pelos parlamentares da base de Bolsonaro, e segue tramitando nas Câmaras Municipais de várias cidades pelo país. Mas o que fica claro é que o Escola sem Partido já conseguiu se instalar para além de um projeto de lei e se tornou um movimento de censura, assedio e repressão aos estudantes, instituições de ensino e principalmente professores.

A pesquisa realizada entre 18 e 19 de dezembro em 130 municípios mostrou que a aprovação de debates políticos nas escolas é maior que a discordância em todos os recortes analisados, seja por idade, renda, religião e preferencia partidária. Dos 28% que são contrários a debates políticos nas escolas, 20% discordam totalmente e os 8% restantes discordam em parte.

Entre os que apoiam a abordagem de gênero e sexualidade nas escolas a maioria é de mulheres, ainda que a porcentagem entre os homens seja bem próxima, o que é uma evidente reação ao nível de assédios, violência sexual, violência doméstica e a repressão ao corpo que sofrem as mulheres em todo o país com números altíssimos de casos e incidência. Os debates de gênero e sexualidade dentro das escolas já ajudou a milhares de alunas e alunos a perceberem casos de violência sexual e assédio, mas também é uma reivindicação de uma nova geração que se opõem a repressão dos corpos pelas igrejas e o moralismo dos setores conservadores da sociedade.

Uma pesquisa realizada em São Paulo em 2016 mostrou que 83% dos jovens são apoiadores de que as escolas e instituições de ensino fomentem as discussões de gênero e sexualidade no percurso de ensino.

Segundo o Datafolha a oposição a esses temas na educação só é maioria entre os evangélicos e eleitores de Bolsonaro. Foi a partir da verdadeira “caça as bruxas” e a cruzada de Bolsonaro contra o que ele e sua base chamam de “ideologia de gênero” dentro das escolas, que conseguiu a visibilidade inicial de sua carreira política.

Ainda que essa seja a grande marca de Bolsonaro e seus apoiadores diversos setores da educação, psicologia e direitos humanos continuam alertado que a repressão a esses temas nas escolas é não só uma forma de se defender, como mencionamos acima, mas também pode gerar problemas sérios na formação de crianças e jovens.

Imagem: Adriano Machado/Reuters

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