Atingidas por Belo Monte denunciam falta de vaga na escola de reassentamento

No Mab

Não há mais vagas para as crianças atingidas pela hidrelétrica de Belo Monte no maior reassentamento urbano da cidade de Altamira (PA). Esse é o problema denunciado por muitas mães e que motivou uma reunião na noite dessa quarta-feira (23) no centro comunitário do Reassentamento Urbano Jatobá.

“Muitas vizinhas têm vindo me procurar par reclamar que não conseguiram matricular seus filhos na escola do bairro e eu mesma não consegui vaga para três filhos meus”, afirma Edizângela Barros, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).  “O MAB e a associação do bairro então chamaram essa reunião para decidirmos coletivamente o que fazer e procurar as autoridades competentes”, complementou.

Ana Cleia mudou-se no final do ano passado para o bairro, após a comunidade em que vivia, na Lagoa do Independente 1, ter sido reconhecida como atingida pela hidrelétrica. Após essa conquista, já se deparou com o primeiro obstáculo no novo bairro: foi tentar matricular seu filho e sua nora e não conseguiu vaga. A escola do bairro vizinho, Mutirão, também está lotada. “E não temos transporte para eles irem estudar em lugares distantes daqui”, afirma. O transporte escolar, que levava as crianças do bairro para outras localidades, foi interrompido após a construção da escola do Jatobá.

O Jatobá completa cinco anos em 2019 e é o maior reassentamento, com cerca de 1.100 famílias. A escola da comunidade também atende os bairros vizinhos. Os cinco reassentamentos da cidade possuem escolas, mas só o Jatobá tem ensino médio. As mães também denunciam que as escolas dos reassentamentos não possuem todas as séries do ensino fundamental e que, esse ano, para abrir turmas nas séries mais avançadas, foram fechadas algumas turmas do primeiro fundamental. Também foi fechada a escola Bulamarqui de Miranda, no bairro Boa Esperança, onde vivam muitas famílias atingidas que foram removidas.

“Belo Monte já está gerando milhões em compensação financeira para o município e para nós a prioridade deveria ser utilizar esse recurso para a educação, para que nenhuma criança fique fora da escola. É uma contradição muito grande a que os atingidos estão enfrentando”, diz Edizângela.

Imagem: Reprodução do MAB

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