Mulheres se organizam contra o feminicídio e a reforma da previdência no Piauí

Em São João do Piauí, Mulheres Sem Terra entregaram demandas às instituições e fazem protestos

Por Marilene Nascimento, na página do MST

Durante a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que traz como tema este ano “Pela vida das Mulheres, somos todas Marielle”, cerca de 400 mulheres caminharam pelas principais ruas da cidade de São João do Piauí, a 470 km de Teresina. A caminhada teve como principais objetivos denunciar o feminicídio – assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher – e a proposta da Reforma da Previdência que, colocada em prática, irá impactar negativamente as mulheres.

As companheiras dos assentamentos do MST Marrecas e Lisboa marcharam juntamente com as mulheres do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de São João do Piauí, Coletivo de Mulheres Quilombolas do Saco Curtume e artesãs sanjoanenses. A caminhada aconteceu no dia 08 de março.

Para Damires Sousa, do coletivo Regional de Mulheres do MST, é preciso denunciar o feminicídio e ir contra a proposta da reforma da previdência. “Temos que ocupar nosso espaço, não queremos perder nossos direitos”. Damires também ressaltou jornadas de mulheres que já foram tombadas na luta, como Roseli Nunes, e falou também do atual governo que, segundo ela, representa retrocesso.

No percurso, foram entregues ofícios a alguns órgãos públicos como forma de reivindicação dessas companheiras. Na Delegacia de Polícia foram solicitados alguns serviços como agilidade nos registros de Boletim de Ocorrência; já na Eletrobrás as mulheres reivindicaram, além de outras coisas, o melhoramento da iluminação pública na sede dos assentamentos; no INSS, além de manifestar insatisfação com a discussão de uma nova reforma na previdência, foi reivindicado a realização de perícia médica no município.

A última parada foi na Prefeitura Municipal, aonde foram cobradas ações referentes a aplicação do crédito Fomento Mulher, espaço de venda dos produtos do campo, biblioteca comunitária, atendimento nos postos de saúde, creches nos assentamentos, recuperação das estradas de acesso aos assentamentos e comunidades e academia popular.

As falas realizadas durante todo o percurso ressaltaram a denúncia sobre violência contra as mulheres e as injustiças de gênero praticadas. Elas como também denunciaram o fechamento de escolas no território e  se manifestaram em relação a reportagem da Rede Record sobre os Sem Terrinha.

Após a caminhada, um grupo de mulheres do MST prestaram solidariedade e acompanharam um registro de B.O de uma mulher sanjoanense que foi agredida moral e fisicamente por um policial no dia 7 de março. Outras mulheres foram às rádios municipais denunciar essa e outras violências praticadas às mulheres na região, como o feminicídio. Destacaram ainda as conquistas das mulheres do campo e a semana de mobilização da mulher, além de outros temas voltados às mulheres.

A programação da semana da mulher iniciou nesse dia 08 e vai até o dia 14, data em que completa um ano da morte de Marielle Franco, parlamentar negra assassinada e cujos mandantes do crime continuam impunes. Como uma das atividades de mobilização das mulheres, será inaugurada dia 14 a placa Marielle Franco no assentamento Lisboa.

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