CDHM
“Chocou o Brasil e o mundo que o Presidente da República tenha determinado, oficialmente, ao Ministério da Defesa, que ‘faça as comemorações devidas com relação ao 31 de março de 1964’. A decisão é um atentado aos princípios civilizatórios.
Durante a ditadura militar, resultante do Golpe de Estado de 1964, ocorreram prisões ilegais, torturas, assassinatos desaparecimentos e ocultação de cadáveres por agentes do Estado brasileiro. Além do fechamento do Congresso e da censura da imprensa.
Essas são conclusões da Comissão Nacional da Verdade que confirmou 434 assassinatos e desaparecimentos de civis o que, certamente, não corresponde ao total, mas apenas aos casos cuja comprovação foi possível. Sabe-se também que esses crimes eram de conhecimento e autorizados pelo Estado brasileiro.
A Comissão também destacou o reconhecimento, pelas Forças Armadas, de sua responsabilidade institucional pelas graves violações de direitos humanos, a responsabilidade jurídica dos agentes e a proibição da realização de eventos oficiais em comemoração ao golpe militar de 1964.
Ao contrário de trabalhar no sentido da justiça, em defesa da memória e na busca da verdade, o presidente Jair Bolsonaro decide celebrar oficialmente crimes contra a humanidade, atos desumanos cometidos contra a população.
Sua postura merece total repúdio. Ditadura e tortura não se comemoram.”
Brasília, 28 de março de 2019
Helder Salomão (PT/ES), Presidente da CDHM
Padre João (PT/MG), 1º Vice-Presidente da CDHM
Tulio Gadelha (PDT/PE), 2º Vice-Presidente da CDHM
Camilo Capiberibe (PSB/AP)
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Foto: Lula Marques