‘O Exército matou meu filho’, diz mãe de catador baleado em ação com 80 tiros em Guadalupe, Rio

Luciano Macedo tentou ajudar uma família no carro fuzilado por militares e acabou atingido por três tiros. Ele considerava o bairro seguro por ser próximo da Vila Militar, contou a mãe.

Por Gabriel Barreira, no G1

O corpo da segunda vítima que morreu após a ação do Exército com 80 tiros em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, foi enterrado nesta sexta-feira (19), no Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio.

O catador Luciano Macedo foi atingido por três tiros ao tentar ajudar o músico Evaldo Rosa, que morreu pelo fuzilamento. Ele ficou internado por cerca de 11 dias no Hospital Carlos Chagas, na Zona Norte, mas não resistiu e morreu nesta quinta-feira (18). Luciano deixa a esposa grávida de cinco meses.

Segundo a família, o catador se preparava para montar um barraco numa favela em Guadalupe justamente por considerar o lugar seguro por ser próximo da Vila Militar. Aparecida Macedo, mãe de Luciano, fez um desabafo.

“Meu filho só estava tentando ter a casinha dele. Tinha a carteira assinada, mas não teve oportunidade, tá entendendo? E eu ainda falei para ele: ‘Vai fazer barraco aí?’. Aí ele falou pra mim: ‘Fica calma, coroa. O Exército está ali, a gente está seguro’. O Exército matou meu filho. O Exército matou meu filho”.

Luciano era catador de latinhas e passava pela rua na hora da ação do Exército em Guadalupe. Testemunhas relataram que o catador chegou a tirar uma criança de sete anos do veículo e só foi morto quando chegou ao corpo de Evaldo.

Exército lamenta morte

Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Comando Militar do Leste disse que lamenta a morte de Luciano Macedo e se solidariza com a família e os amigos. O comando disse ainda que está em contato com o advogado do catador. Confira a nota divulgada pelo Exército.

“O Comando Militar do Leste lamenta a morte do Sr. Luciano e solidariza-se com a família e amigos. O advogado da família do Sr.Evaldo, Dr. João Tancredo, que também auxilia a família do Sr. Luciano, que infelizmente faleceu hoje, foi contatado por autoridade militar designada pelo CML, para tratativas iniciais”.

Catador Luciano Macedo é a segunda vítima dos mais de 80 tiros disparado por militares. Foto: Reprodução TV Globo

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