Por Matheus Leitão, G1
Após a saída de Adalberto Eberhard na semana passada da presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), três diretores do órgão ambiental também pediram nesta quarta-feira (24) exoneração ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
No ofício encaminhado ao ministro, três dos quatro diretores que estão diretamente subordinados à presidência do ICMBio pediram desligamento dos cargos:
- Régis Pinto Maia, presidente-substituto e diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (Dibio);
- Luiz Felipe de Luca, diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (Diman);
- Gabriel Henrique Lui, diretor de Ações e Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades De conservação (DISAT)
Questionado pelo blog, o Ministério do Meio Ambiente respondeu, em nota, que a nomeação de uma nova diretoria é parte do “processo” natural de preenchimento de cargos da nova gestão.
“A nomeação da nova diretoria do ICMBio complementa o processo de ocupação natural de cargos da nova gestão que conduzirá os trabalhos do instituto, juntamente com o presidente indicado, coronel Homero de Giorge Cerqueira”, afirmou o ministério na nota.
O ofício com os pedidos de demissão dos três diretores do instituto circulou na manhã desta quarta-feira em grupo de troca de mensagens da Associação Nacional de Servidores da Carreira de Meio Ambiente (Ascema Nacional).
Como o blog informou, a associação divulgou carta repudiando declarações de Ricardo Salles, a quem chamou de “ardiloso, falacioso e grosseiro”. A entidade citou o episódio em que o ministro do Meio Ambiente ameaçou os servidores e criticou a atitude dele.
O diretor da Ascema Nacional, Rogério Eliseu Egewarth, confirmou ao blog que o pedido de demissão consta do sistema eletrônico do ICMBio.
Os servidores começam o documento citando a exoneração de Adalberto Eberhard e falam sobre a necessidade de que as orientações para o ICMBio sejam amparadas por uma equipe de confiança de Ricardo Salles.
“Frente à exoneração do senhor Adalberto Eberhard do cargo de presidente do ICMBio no último 15/04 e reconhecendo a necessidade de que suas orientações para o instituto sejam amparadas e conduzidas por uma equipe de sua mais elevada estima e confiança, vimos solicitar a exoneração dos cargos”, escreveram os servidores em trecho do ofício.
Na conclusão do documento, os três servidores demissionários agradecem “a oportunidade de contribuir com a gestão do ICMBio”.
Demissão de Eberhard
O pedido de demissão de Adalberto Eberhard da presidência do ICMBio foi apresentado depois que o ex-presidente do instituto acompanhou Ricardo Salles em uma agenda no Rio Grande do Sul.
Em um evento da agenda, o ministro ameaçou abrir processo administrativo contra servidores que não estavam presentes. Além disso, a fala de Salles sobre uma possível fusão entre o ICMBio e o Ibama teria incomodado o agora ex-presidente do instituto.
Para o lugar de Adalberto Eberhard, o ministro do Meio Ambientou nomeou o coronel Homero de Giorge Cerqueira, que atuava como comandante da Polícia Militar Ambiental do estado de São Paulo.
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Imagem: A saída dos diretores ocorre em meio a uma crise instalada na área ambiental do governo Bolsonaro (Rafaela Felicciano/Divulgação)
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Amyra El Khalili