Após rompimento, MAB pede audiência com governador para tratar sobre atingidos pela barragem do Quati (BA)

No Mab

Nesta sexta-feira (12), o Movimento dos Atingidos por Barragens enviou ao governo do estado da Bahia um ofício solicitando audiência com o governador Rui Costa (PT) para debater políticas de segurança e ajuda emergencial humanitária para os municípios de Pedro Alexandre e Coronel João Sá, próximos à divisa com Sergipe, afetados pelo rompimento da barragem do distrito de Quati.

Ontem, após o alagamento, as primeiras informações davam conta de se tratar de um transbordamento, ocasionado pela intensidade das chuvas na região. Hoje, pela manhã, a assessoria de comunicação do governo confirmou que, além de rachaduras laterais, houve o rompimento parcial da estrutura devido à pressão da água.

Cerca de 500 pessoas seguem desalojadas em Coronel João de Sá; em Pedro Alexandre são aproximadamente 150 famílias, segundo informou a prefeitura. “Nós estamos acompanhando o que aconteceu na cidade de Pedro Alexandre, mais uma tragédia anunciada que o movimento denuncia durante todos esses anos de luta, o que ocorreu só reforça a necessidade de uma política séria de segurança das barragens e das populações atingidas”, diz Andreia Neiva, da coordenação nacional do MAB, que atua na Bahia.

Ao saber do rompimento, o movimento emitiu uma nota pontuando a problemática da falta de fiscalização destes empreendimentos, já que o sistema de classificação de risco se mostra extremamente falho – a barragem de Quati não estava no radar para possível rompimento, assim como outros casos emblemáticos e graves como Mariana e Brumadinho (MG).

Equipes de solidariedade do MAB já estão se deslocando para a região, que fica a 435 quilômetros de Salvador. Caso o governador da Bahia atenda o pedido de reunião, o movimento irá cobrar informações sobre o andamento de pautas que já foram expostas em 2015, ainda sem respostas, com relação a políticas de direitos dos atingidos. Além disso, os principais pontos propostos para a audiência são: medidas emergenciais e humanitárias aos atingidos pela barragem de Quati; criação de um plano estadual de direitos das populações atingidas que contemple questões relacionadas ao desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural; maior participação popular na política de segurança das barragens no estado.

Após ficarem ilhados durante a madrugada, alguns moradores já conseguiram acessar pontos da cidade onde encontraram suas casas cobertas por lama e muita destruição; os municípios – que decretaram situação de emergência e calamidade pública – ofereceram escolas como abrigos para a população.

A barragem do Quati foi construída pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), órgão ligado ao governo do estado, e entregue nos anos 2000 para a Associação de Moradores da Comunidade do distrito de Quati. Ela represa o Rio do Peixe para o período de estiagem e tem água salobra, utilizada, em especial, para pesca.

Foto: Mathues Alves

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