‘Você não tem cara de advogada’: o racismo no meio jurídico

Em reportagem da TVT, quatro advogadas negras que desafiam o racismo no meio jurídico relatam o dia a dia de fóruns e tribunais

Por Redação RBA

São Paulo – “Você quer ser advogada? Você não tem cara de advogada.” A frase, uma de muitas ouvidas por advogadas negras em fóruns e tribunais pelo país, é uma das mais evidentes expressões de racismo no meio jurídico. Maria Ferreira, Ângela Borges Kinbango, Andreia Nascimento e Carmem Lúcia Lourenço Felipe são sócias no escritório Borges e Mariano e se impõem em um ambiente majoritariamente branco e masculino. O cotidiano delas e as dificuldades que enfrentam para superar preconceitos – além de negras, mulheres – foi mostrado em reportagem do Seu Jornal, da TVT, na edição da quinta-feira (25), Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. “O juiz de leigo, quando eu entrei na sala de audiência, o autor da ação era um homem, ele me perguntou se eu era o Leonardo. Porque para ele era muito mais fácil eu ser um cliente trans, do que ser uma advogada negra”, conta Maria.

Ela lembra que quando ingressou no curso de Direito já ficou evidente que ela estava rompendo as barreiras do racismo. “Eu estudei na zona sul, então você pode imaginar que eu era a única negra na sala. Quando eu comecei a estagiar, eu era a única negra do escritório. Meu primeiro trabalho como advogada, foi em um escritório na Barra da Tijuca, então mais uma vez eu era a única negra”, relata.

O escritório Borges e Mariano, fundado pelas quatro advogadas, é composto apenas por profissionais negras. Em seis meses, o grupo já conseguiu uma carteira significativa de clientes, incluindo ONGs e artistas. Mas o atendimento não se restringe à população negra. “Somos advogadas competentes para atender qualquer causa”, ressalta Ângela.

Se a participação geral no meio jurídico já é pequena, o número de  mulheres negras ocupando cargos de poder no país é ainda menor. “A estatística atual é de 2,04 mulheres assumindo a liderança em qualquer âmbito que seja, jurídico, administrativo, CEO. Quando se olha o ambiente corporativo não se vê essa representatividade da mulher e menos ainda da mulher negra”, destaca Andreia.

Confira a reportagem completa:

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