Nesta sexta-feira, 16, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) nos estados do Amazonas e de Roraima lançam, em suas respectivas capitais, a publicação anual da Pastoral “Conflitos no Campo Brasil 2018”. A 34ª edição do relatório reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais. O evento de lançamento nacional ocorreu no dia 12 de abril, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF).
Em Manaus (AM), o lançamento ocorrerá entre a partir das 08 horas (horário local) no Centro de Formação da Arquidiocese de Manaus (CEFAM), na Avenida Joaquim Nabuco, nº 1023, no Centro. Participam do evento o arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani; o vice-presidente da CPT e bispo da Diocese de Itacoatiara, Dom José Ionilton; a coordenadora nacional da CPT, Jeane Bellini; e o membro da Articulação das CPT’s da Amazônia, Josep Iborra; além de representantes de órgãos públicos estaduais.
Já em Boa Vista (RR), o evento acontecerá às 18 horas (horário local), no Auditório Alexandre Borges da Universidade Federal de Roraima (UFRR), e contará com a presença de povos indígenas, agricultores familiares; da articuladora das CPT’s da Amazônia, Darlene Braga; do representante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Luís Ventura, e o bispo da Diocese de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva.
Em 2019, conforme dados parciais do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da CPT, a violência no campo já fez 17 vítimas, sendo sete mortes no Pará, quatro no Amazonas, duas no Mato Grosso, e um assassinato em cada um dos estados: Amapá, Bahia, Pernambuco e São Paulo. Esses dados mostram, novamente, os estados da Amazônia Legal na dianteira dos conflitos agrários.
Amazonas – No estado do Amazonas ocorreram 45 conflitos no campo em 2018 que envolveram 34.930 pessoas. E o estado tem a segunda maior área em disputa do Brasil (só perde para o estado vizinho de Roraima): são 11.598.449 hectares em disputa. 468 famílias foram despejadas no estado; 1.046 estiveram ameaçadas de despejo; e 704 famílias sofreram tentativa ou ameaça de expulsão. 722 casas foram destruídas; e no estado foram registradas 316 ações de pistolagens.
Roraima – Foram 21 conflitos no campo no estado com 42.791 pessoas envolvidas em situações de conflitos. Roraima possui a maior área em disputa do Brasil: são 12.031.957 hectares. E 20 famílias tiveram suas roças destruídas.
Amazônia Legal – Detentora de cerca de 61% do território brasileiro, a região conhecida como Amazônia Legal compreende nove estados: Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. 49% dos 1.489 conflitos no campo no Brasil registrados pela CPT em 2018 ocorreram nesta região. E das 960.630 pessoas envolvidas em conflitos, 62% (599.084) estão na Amazônia Legal.
A Pastoral da Terra também registra o número de hectares em disputa no Brasil, que em 2018 subiu 6,5% em relação ao ano anterior, passando para 39 milhões e 425 mil hectares implicados em conflitos agrários. Deste total, 97,7 % das áreas em conflitos estão na Amazônia Legal, ou seja, 38.523.167. Toda essa extensão territorial alvo de disputa indica, de modo incontestável, a forte invasão que essa região vem sofrendo e que há uma questão (de reforma) agrária em aberto.