Ação destrói garimpos em RR, retira invasores e apreende até helicóptero na maior terra indígena do país

Operação Walopali durou 12 dias na Terra Indígena Yanomami e foi realizada para reinstalar uma base de proteção etnoambiental (Bape) no rio Mucajaí. Medida visa o combate ao garimpo ilegal e a conservação das comunidades tradicionais.

Por G1 RR — Boa Vista

Uma fiscalização fechou ao menos 30 garimpos ilegais e retirou centenas de invasores da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A operação Walopali-Curare XI durou 12 dias e apreendeu equipamentos usados na exploração de ouro e até um helicóptero.

Durante a operação, deflagrada entre os dias 23 de setembro e 3 de outubro, foram destruídas duas pistas de pouso ilegais de abastecimento ao garimpo feitas no meio da floresta. O resultados foram divulgados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) nessa sexta (4).

Além disso, dezenas de motores, bombas draga, geradores e equipamentos de sucção utilizados nos garimpos de barranco, chamados localmente de “tatuzão”, foram destruídos para evitar o uso e aproveitamento indevidos.

Coordenada pela Funai, por meio da Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC), a operação Walopali ocorreu para que fosse reinstalada uma base de proteção etnoambiental (Bape) no Rio Mucajaí, próximo à fronteira oeste da Terra Indígena Yanomami e ao lado de um bloqueio fluvial do Exército Brasileiro.

A instalação da Bape foi uma determinação da Justiça Federal a pedido do Ministério Público Federal de Roraima (MPF-RR), em novembro do ano passado. Estão previstas a instalação de três bases. A medida é considerada fundamental para o combate ao garimpo ilegal e a conservação das comunidades tradicionais na terra yanomami.

Para entrar na região de difícil acesso, foram utilizados um helicóptero, oito embarcações e nove viaturas. A operação ocorreu em três frentes de atuação: na região ocidental da TI e na Floresta Nacional de Roraima, e ao longo das calhas dos rios Mucajaí e Couto Magalhães, um dos principais focos de garimpo ilegal de grandes proporções.

Ao todo, 75 agentes da Funai atuaram diretamente na Walopali, com o apoio de servidores da Polícia Federal, Exército, Ibama, ICMBio, Divisão para Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério da Economia (Detrae), Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) e da Polícia Civil.

O nome da operação, Walopali, significa “espírito da onça-pintada” na língua yanomami-ninam e designa locais de força espiritual dos pajés. A base reinstalada pela Funai na região também se chama Walopali.

A instalação dessas bases é feita pela Coordenação-Geral de Índios Isolados, que articula com outras instituições operações de combate ao garimpo para que o trabalho possa ser executado. O chefe do setor, Bruno Pereira, foi exonerado do cargo nesta sexta-feira (4).

Maior terra indígena do Brasil

A TI Yanomami, segundo a Funai, é a maior terra indígena do Brasil, com área de cerca de 9,6 milhões de hectares. Vivem na região cerca de 26 mil indígenas dos povos Yanomami e Ye’kuana.

O território também contém a referência confirmada de um povo indígena isolado, além de seis outras referências em estudo.

A estimativa da Funai é que há cerca de 7 a 10 mil garimpeiros operando ilegalmente na Terra Indígena. Já a Hutukara Associação Yanomami fala em 25 mil. Essas invasões impactam em expansão de doenças, violência, desmatamento, assoreamento dos rios e contaminação por mercúrio nas comunidades.

Operação Walopali destrói garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Foto: Funai/Divulgação

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