Para o presidente do Cimi, é necessário “romper com o paradigma histórico que vê a Amazônia como uma despensa inesgotável dos Estados sem levar em conta seus habitantes”.
Por Assessoria de Comunicação CNBB
No terceiro dia do Sínodo, 8 de outubro, o arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), concedeu entrevista ao jornalista Silvonei Protz, do VaticanNews.
Dom Roque falou que a metodologia de trabalho usada – conferências, silêncio e oração – favorece a escuta do Espírito Santo pelos padre sinodais. “Estamos escutando à nós, depois de quatro intervenções, fazemos 4 minutos de silêncio, para escutar a voz de Deus. É preciso que o Espírito Santo sopre com força para que nos ajude termos a serenidade e convicção de que é um momento histórico, um Kairós, onde o protagonista é o Espírito Santo e nós precisamos ser instrumentos neste caminho”.
O presidente do CIMI ressaltou também a necessidade de escutar os gritos manifestados no processo de escutas sinodais do qual participaram, segundo suas informações, 87 mil pessoas nos nove países que integram a Região Pan-Amazônica.
A escuta aos gritos dos povos originário é um dos pontos sensíveis do instrumento de trabalho do Sínodo.
O arcebispo de Porto Velho (RO) também manifestou contentamento pela postura do Papa Francisco. “É uma alegria também sentir a preocupação do coração do Santo Padre com os povos originários”, disse. Dom Roque ressaltou a ternura do Santo Padre em ouvir de forma personalizada cada um. “Ele simplesmente ouve com atenção personalizada a cada um. Fez o discurso inicial e está ouvindo a todo mundo”, destacou.
Na avaliação do religioso, o Sínodo está dando a tônica de um compromisso de irmãos e irmãs na perspectiva de caminhar juntos, onde não tem há quem ensina e quem aprende. “Todos nós somos aprendizes da Escola de Jesus, queremos fazer da nossa vida um eterno hino de louvor de nós criaturas ao Criador. É um clima de irmãos e irmãs, procurando construir uma estrada juntos na certeza de que somos conduzidos pelo Espírito Santo”, disse.
O arcebispo disse que levou ao encontro dos padres sinodais a esperança dos pobres que depositam na Igreja uma grande confiança e expectativa para que o Sínodo não falhe na opção do zelo e do cuidado com os pobres da terra e com o cuidado com a terra.
Recordando as palavras do Papa Francisco em Puerto Maldonado, no Peru, quando lançou oficialmente o Sínodo, em janeiro de 2018, junto aos povos indígenas, dom Roque disse que é necessário “romper com o paradigma histórico que vê a Amazônia como uma despensa inesgotável dos Estados sem levar em conta seus habitantes”. Muitas ameaças, como afirmou o Papa, estão impactando negativamente a vida dos povos originários. “A Igreja precisa fazer e por mais que faça, fará pouco pelo bem, pela vida e pela esperança dos povos originários e amazônicos’, concluiu.
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Dom Roque na entrada para o Sínodo, na segunda-feira (07). Foto: Guilherme Cavalli/Cimi