Assassinatos em territórios disputados pelo narcotráfico leva governo a destacar 2,5 mil soldados para a região, após ser fortemente criticado por inação. Comunidades denunciam genocídio
Os assassinatos de cinco membros da comunidade indígena nasa, no departamento colombiano de Cauca, causou indignação em todo o país e gerou críticas ao governo, acusado de inação na região, sob forte influência do narcotráfico.
Os indígenas disseram ser vítimas de um “genocídio”, que teria sido perpetrado por dissidentes da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e outros grupos que atuam em seus territórios.
As mortes dos cinco membros da comunidade nasa ocorreram nesta terça-feira. O ataque, que também deixou 6 feridos, teve como alvo a Guarda Indígena, um grupo de vigilância e controle que trabalha desarmado e utiliza apenas cassetetes e equipamentos de comunicação.
A Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic) afirma que desde o início do governo do atual presidente, Iván Duque, em agosto do ano passado, ao menos 125 membros das comunidades nativas foram assassinados, principalmente em Cauca, um dos departamentos mais problemáticos no país.
Em resposta, o presidente se reuniu nesta quarta-feira (30/10) com um conselho de segurança nas imediações do território indígena onde ocorreram as mortes. Ele anunciou a criação de uma força de elite com 2,5 mil soldados que deverá combater aos dissidentes da guerrilha na região. A missão, segundo Duque, será tomar o controle territorial, “fechar as rotas do narcotráfico” e “desmantelar” a dissidência.
O presidente afirmou que no máximo em 40 dias a chamada Força de Destacamento Rápido (Fudra) iniciará operações na região onde, além dos dissidentes das Farc, atuam a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) e grupos de narcotraficantes levados até a região por cartéis mexicanos.
As comunidades indígenas afirmam que permanecerão em seus territórios, apesar das tentativas dos grupos armados que pretendem submetê-los aos negócios ilegais.
“Esta é a nossa casa, e de nossa casa nós não vamos sair […] Vamos permanecer mesmo se tivermos que morrer”, disse o coordenador nacional da Guarda Indígena, Luis Acosta.
Desde o êxito inicial do processo de paz entre o governo e as Farc, em 2017, a violência vem ressurgindo em alguns pontos do país, onde grupos armados querem tomar o controle frente à lentidão do Estado em ocupar os espaços vazios deixados pelos guerrilheiros.
A Onic convocou uma mobilização nacional de repúdio à violência contra os indígenas. A marcha, que deverá reunir sindicatos, camponeses e estudantes, ocorrerá no dia 21 de novembro, data em que serão realizadas manifestações contra o governo. A comunidade indígena na Colômbia, com cerca de 1,9 milhão de pessoas, representa 4,4% da população do país.
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Comunidades indígenas na Colômbia sofrem ameaças de grupos guerrilheiros e narcotraficantes
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Amyra El Khalili.