A proposta do ministro Paulo Guedes para o serviço público é a volta aos tempos dos coronéis. Ou seja: para ser um servidor público haverá de ter QI, o famoso “quem indica”. Todo o processo de luta que os trabalhadores travaram para garantir um serviço público livre das ingerências dos governantes de plantão irá para o ralo com a reforma que está em curso.
Segundo a proposta do ministro não haverá mais servidores públicos com estabilidade. E a estabilidade é justamente o único mecanismo que o Estado tem para não sucumbir aos humores dos governos. Ou seja, um trabalhador estável não pode ser demitido simplesmente porque o governo que está de plantão não gosta de sua cara ou de sua posição política. A estabilidade é uma garantia de que, independentemente de quem está no governo, o trabalho público segue visando apenas o bom atendimento à sociedade.
Pois a ideia do governo de Bolsonaro é colocar na máquina pública apenas os amigos e os amigos dos amigos. A estabilidade estará reservada apenas para um grupo muito seleto de trabalhadores como os auditores fiscais, diplomatas, policiais federais e fiscais do trabalho. Mas, mesmo esses terão de viver um período de “treinamento” de três anos, podendo ser demitidos se não houver vaga ou se não for bem avaliado. Caso passe por esse funil, que significa passar três anos fazendo as vontades das chefias para poder ser bem avaliado, o trabalhador ainda terá pela frente sete anos de estágio probatório, provavelmente o estágio mais longo já criado no universo. Assim, se a pessoa conseguir ficar 10 anos servindo aos seus chefes de maneira cordata e servil, sem meter-se com greves e reivindicações – aí sim terá o direito à estabilidade.
As demais carreiras não terão possibilidade de pleitear a estabilidade. Tudo ficará ao sabor do chefe de plantão. E, caso o governo decida, pode acontecer demissão. Também poderão ser contratados servidores temporários, ou seja, o trabalho precário e sem direitos.
Não bastasse isso quando o governo decidir que vive uma emergência fiscal, poderá passar a mão no salário dos trabalhadores, reduzindo-o em até 25%. Tirar dos ricos nem pensar, os empresários estão cada vez mais recebendo as benesses da desoneração de impostos. Vão tirar mesmos é dos trabalhadores.
Aí está. O plano “Mais Brasil” é na verdade um plano de “mais amigos meus mamando no estado”. Provavelmente só sobreviverão no serviço público os que fizerem a “aliança” pelo brazil e servirem ao senhor deus de Israel. Quando à sociedade? Que se dane!
E os trabalhadores? Esperarão a Justiça?
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