Na Paraíba, comunidade em conflito colhe cem toneladas de macaxeira

No município de São José dos Ramos, na Paraíba, 80 famílias camponesas da comunidade centenária Pau a Pique estão demonstrando o valor e a importância da luta pela Reforma Agrária. Nesta terceira semana de janeiro, as famílias realizaram a colheita de cem toneladas de macaxeira, feita por meio de mutirão.

por CPT Nordeste 2 com informações da Equipe da CPT João Pessoa

A colheita ganha um gosto ainda mais especial para as famílias, pois elas têm enfrentado nos últimos anos uma batalha na Justiça para permanecer na terra onde vivem há cerca de cem anos. 

“Esta colheita é de grande importância para as famílias e mostra que a luta pela terra não é em vão. É uma luta que vale a pena, que é justa, pois as famílias conseguem sobreviver da terra, conseguem fazer com que na terra corra leite e mel, que é o propósito maior do Criador, que todos tenham vida e vida em abundância. Então, a luta, a resistência e a persistência fazem com que as famílias vivam com dignidade”, destaca João Muniz, agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em João Pessoa.

O imóvel em questão foi subdividido em razão de herança. Os novos proprietários, aos poucos, foram fechando o cerco sobre as famílias posseiras, ilhando-as com o plantio de cana-de-açúcar e com a criação de gado. Com isso, e também em virtude das ameaças, as famílias foram impossibilitadas de plantar alimentos.

“Rodeadas de cana-de-açúcar e gado, as famílias podiam trabalhar apenas em seus quintais. Nos períodos de seca, os homens iam trabalhar nas usinas da região, parte das mulheres ia trabalhar como diaristas, e os jovens iam para João Pessoa em busca de emprego”, afirma.  Foi esta situação que fez com que as famílias despertassem para a luta pela terra e expandissem suas produções. 

Atualmente a comunidade encontra-se ameaçada de despejo. Por isso, a colheita realizada neste mês de janeiro foi simbólica para as famílias e demonstra para a população que os frutos da luta pela terra são felicidade, fartura, alimentos saudáveis e dignidade.

Imagem: CPT Nordeste 2

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