Outra Saúde: sobre o Covid 19

No Outras Palavras

Mais R$ 1 bilhão: esse é o pedido dos estados ao governo federal para que possam se organizar para o enfrentamento do coronavírus. A solicitação deve ser protocolada hoje ou amanhã pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) através de uma carta que será assinada pelos 27 secretários estaduais de saúde. Os recursos são adicionais às promessas do Ministério da Saúde, de mais insumos, equipamentos e contratação de mil leitos de UTI. “Pode parecer muito, mas estamos falando de R$ 4,50 por cada habitante de todo o país. O valor seria destinado à contratação de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que seriam necessários para o funcionamento das UTIs, nestes casos mais graves”, afirmou Alberto Beltrame, presidente do Conass e secretário de Saúde do Pará ao jornal O Globo. Ainda de acordo com ele, os recursos poderão ser devolvidos, dependendo de como o vírus irá se comportar no Brasil. “Da mesma forma, se a situação for mais grave, talvez precisaremos (sic.) mais que o R$ 1 bi”, ponderou. 

Na entrevista ao jornal carioca, Beltrame lembrou que, se o coronavírus repetir o padrão verificado naqueles países que, hoje, concentram o maior número de casos, 85% das pessoas infectadas serão levemente afetadas, podendo ser tratadas em casa ou nas unidades básicas de saúde. A preocupação dos secretários estaduais se concentra nos 15% de casos restantes – que tendem a ser graves, superlotando os hospitais. Nesse sentido, o cancelamento de cirurgias eletivas “é uma possibilidade extrema, sempre cogitada quando há muitos casos de urgência”, antecipou ao Estadão. Mas, por enquanto, não há indicação da necessidade de tal medida. Na mesma linha, o presidente do Conass afirmou que é cedo para estimar se os mil leitos de UTIs que foram prometidos pelo governo federal serão suficientes.

De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, publicada ontem, há 252 pacientes sob investigação em 15 estados, mais o Distrito Federal. A maior concentração de casos suspeitos no país está em São Paulo, que responde por 136 dos pacientes em avaliação. O governador João Doria (PSDB) anunciou que o estado vai investir R$ 30 milhões “em um programa de prevenção do coronavírus”, dos quais R$ 14 milhões serão destinados a uma campanha a ser veiculada em meios de comunicação e redes sociais. A ação será iniciada nessa semana. 

O Rio Grande do Sul tem a segunda maior concentração de casos suspeitos do país, com 27 pacientes em observação. Em Minas, que contava 17 pacientes sob suspeita no sábado – o que o coloca em quarto no ranking de casos suspeitos –, o governo criou times médicos e de enfermagem com até sete profissionais, incluindo um motorista, para atendimento de pacientes contaminados em casa. Pelo plano mineiro, cada uma dessas equipes extras teria um custo semanal de R$ 39 mil. 

SEGUNDO CASO

No sábado, o Brasil confirmou seu segundo caso da doença. Trata-se de um homem de 32 anos, funcionário da corretora XP, diagnosticado após voltar de férias da Itália. Ele chegou ao Brasil na quinta-feira (27), em voo vindo de Milão e foi direto para o escritório da XP, em São Paulo, onde teve contato com cerca de dez pessoas. Depois de passar a manhã na empresa, foi enviado para casa após sentir dores de cabeça e informar que vinha da Itália, país com maior número de casos na Europa. Foi só no dia seguinte que o homem realizou exames: ele foi ao Albert Einstein. Lá, recebeu a orientação de isolamento domiciliar, com a justificativa de que seu quadro clínico é leve e estável. A esposa do paciente, que também esteve na Itália, passou por exames, que deram negativo. Os outros funcionários da XP com os quais ele teve contato estão sendo monitorados e passando por exames, mas ainda não apresentaram sintomas nem foram diagnosticados com a doença.

Pra lembrar: o primeiro caso de coronavírus no Brasil também foi registrado em São Paulo e o paciente, um homem de 61 anos – empresário – também esteve no norte da Itália, região mais afetada pelo surto de coronavírus. O doente vive na capital paulista, também está em casa e, segundo apurou o UOL, passa bem. 

CIÊNCIA NOTA 10

A grande notícia do fim de semana nas redes sociais foi o sequenciamento super rápido do genoma do vírus coletado nesse primeiro paciente brasileiro feito por pesquisadores de duas instituições públicas: o Instituto Adolfo Lutz e o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo. O diagnóstico do homem foi confirmado na quarta-feira (26) e o sequenciamento foi divulgado 48 horas depois. “Em média, os países estão conseguindo fazer o sequenciamento em 15 dias. Queríamos fazer em 24 horas, bater o recorde, mas não funcionou tudo (no processo). Fizemos em 48 horas, como o Instituto Pasteur (na França)”, contou à BBC News Brasil Ester Sabino, diretora do IMT da USP. De acordo com ela, o sequenciamento no início de uma epidemia pode ajudar na tomada de decisões e no monitoramento mais ágil da transmissão do vírus a nível local, os chamados casos autóctones. Além disso, é possível comparar a cepa coletada no Brasil com as de outros países para juntar pistas cronológicas e geográficas no caminho de transmissão do patógeno. Também é uma forma de registrar mutações, pontos fracos e fortes do vírus.

Os resultados divulgados na sexta indicam que, das dezenas de amostras do novo tipo de coronavírus já analisadas em todo o mundo, a maior compatibilidade do material genético do vírus encontrado no paciente de São Paulo foi com um vírus sequenciado na Bavária, Alemanha. Isto é um indicativo, mas ainda não a confirmação, de que a cepa do vírus em questão teve origem na China, passou pela Alemanha, Itália, até chegar ao Brasil. A possível transmissão da Alemanha para a Itália é um hipótese nova trazida pela equipe brasileira.

Já em relação ao primeiro sequenciamento, feito em janeiro por pesquisadores na China, o material analisado por aqui apresentou três mutações: duas em comum com o encontrado na Alemanha e uma mutação única, que provavelmente aconteceu na transmissão para o paciente brasileiro. A reportagem da BBC Brasil explica que é normal que, no momento em que o vírus está se “instalando” no corpo de um novo hospedeiro, haja erros no processo de replicação de seu material genético. São mutações que, ao acaso, podem causar tanto uma vantagem adaptativa quanto deixar o patógeno menos infeccioso.
O sequenciamento realizado em São Paulo foi comparado com 127 genomas completos do coronavírus sequenciados em 17 países diferentes. E assim como os resultados obtidos na França, a investigação brasileira aponta que o novo tipo de coronavírus surgido na China ainda é bastante homogêneo — portanto, não precisou passar por muitas mutações para se adaptar e espalhar.

Além do feito da ciência brasileira, o sequenciamento deixou um orgulho a mais em muita gente porque foi conduzido por uma pesquisadora negra: Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP e bolsista da Fapesp, que desenvolve pesquisas sobre o zika. Ao lado dela, estava Claudio Tavares Sacchi, do Instituto Adolfo Lutz. No processo, os brasileiros contaram com a colaboração remota de pesquisadores das universidades de Birmingham, Edinburgh e Oxford, no Reino Unido.

Enquanto isso, na Itália, cientistas identificaram a mutação genética que permitiu ao novo coronavírus infectar seres humanos e não apenas animais. Os pesquisadores da Universidade Biomédica de Roma reconstruíram as mutações até descobrirem o que era decisivo para o chamado “salto de espécies”, a alteração que permitiu o vírus comum em morcegos ser capaz de atacar o homem. A mutação ocorreu em uma proteína de superfície chamada “spike” – parte usada pelo vírus para atacar as células e se multiplicar –, provavelmente entre 20 e 25 de novembro do ano passado. O estudo foi publicado no Journal of Clinical Virology

RECURSOS E USO POLÍTICO

O governo italiano anunciou ontem que vai injetar € 3,6 bilhões (cerca de R$ 17,8 bilhões) em sua economia para mitigar os impactos daquele que é o maior surto de coronavírus da Europa. O país já registra 34 mortes e 1.694 casos confirmados. Esse montante se soma aos € 900 milhões de um pacote de ajuda às regiões mais afetadas, anunciado na sexta. Tudo isso acontece depois de uma semana infernal para o país: o número de pessoas contaminadas pela doença cresceu mais de cinco vezes em apenas seis dias. O dinheiro vai servir tanto para financiar o sistema nacional de saúde, quanto para ajudar empresas que registrem queda de 25% em suas receitas.

O governo também resolveu mudar a estratégia na gestão da crise. Segundo o El País, a aposta é numa “mensagem de calma, coordenada com a comunidade científica dentro e fora do país”. Mas o fato é que o surto inflamou a classe política italiana, com declarações xenófobas de políticos de extrema-direita. Na BBC, o repórter Lucas Ferraz conta que o senador Matteo Salvini, “atualmente o político mais popular da Itália e notório pelas declarações xenófobas e contra os imigrantes”, tem aproveitado o medo para falar besteiras. Salvini chegou a pedir o fechamento das fronteiras e que imigrantes vindos da África sejam impedidos de entrar no país. O detalhe é que o continente africano só reportou três casos, sendo que um deles é de um italiano que chegou à Nigéria vindo de Milão. Já o preconceito do governador do Vêneto contra os chineses correu o mundo: “A higiene que há no nosso povo, a formação cultural que temos, de tomar banho, lavar as mãos, inclusive o cuidado com a alimentação, isso faz diferença. A China pagou um grande preço por essa epidemia porque vimos inclusive chineses comerem ratos vivos e outras coisas do gênero”, disse. 

Um comitê de crise do Executivo italiano apresentou um mapa que mostra que apenas 0,1% das localidades italianas (em 0,05% da extensão territorial) está submetido a quarentena rigorosa – dez cidades e aldeias na Lombardia e uma no Vêneto –, e que é possível circular com normalidade no resto. Também esclarecem que as pessoas em isolamento, cerca de 50 mil, representam 0,089% da população total. Segundo dados da Defesa Civil, foram feitos mais de 11 mil exames, dos quais 5% deram positivo. “Não podemos ser culpados de termos sido um dos países que mais fizeram controles”, disse o ministro de Relações Exteriores, Luigi di Maio, acrescentando que nos próximos dias enviarão diariamente aos demais países, através das embaixadas, todos os dados relacionados com os contágios. 

No entanto, para Massimo Galli, diretor do departamento de doenças infecciosas do hospital Luigi Sacco e professor da Universidade de Milão, é muito provável que o vírus estivesse circulando no norte do país pelo menos desde a metade de janeiro, sem que tenha sido detectado pelo sistema de saúde. O primeiro caso no país foi confirmado no dia 20 de fevereiro, na cidade de Codogno (a 60 km de Milão), na região da Lombardia. “O número de doentes graves que chegaram ao mesmo tempo aos hospitais significa duas coisas: que o número dos infectados deve ser maior, porque a doença se desenvolve com quadros graves somente em uma minoria de pacientes, e que a doença deve ter se manifestado nesses pacientes ao menos dez dias antes, porque as manifestações pulmonares tendem a aparecer depois de uma dezena de dias ou mais após o surgimento dos sintomas”, argumentou o médico à Folha.

MUNDO

Na sexta, a Organização Mundial da Saúde elevou o alerta de risco de disseminação e impacto global do novo coronavírus de “alto” para “muito alto”. E, ontem, saiu um novo boletim da OMS: o número de casos confirmados de coronavírus em todo o mundo subiu 1.739 e chegou a 87.137, sendo que 2.977 pessoas morreram da doença. Agora os países que não a China representam cerca de três quartos das novas infecções.

Segundo o organismo, cinco países passaram a integrar a lista das nações com casos confirmados de coronavírus, com registros nas últimas 24 horas: Azerbaijão, Equador, Irlanda, Mônaco e Catar. México, Nigéria, Estônia, Dinamarca, Holanda e Lituânia registraram seus primeiros casos no fim de semana – todos relacionados a viagens para a Itália. Ao todo, 58 países têm casos confirmados da doença. 

No Oriente Médio, ao que tudo indica, o Irã emergiu como a grande fonte regional do vírus, concentrando o maior número de casos. O número de mortes teria chegado a 210 na sexta, segundo informação da BBC Persian, que cita fontes no sistema de saúde iraniano. O índice, se confirmado, representaria um grande salto em relação às estatísticas oficiais, que dão conta de 34 vítimas fatais e 388 infecções confirmadas. 

MEDIDAS EXTREMAS

O rápido avanço do coronavírus Covid-19 pelo mundo está levando vários países a tomarem medidas drásticas para evitar a propagação. O Museu do Louvre, o mais visitado do mundo, ficou fechado na manhã de ontem. O Japão decidiu fechar suas escolas públicas por quase dois meses e a Arábia Saudita não receberá mais muçulmanos em Meca e na mesquita de Medina para a tradicional peregrinação.

Mas no Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não pretende recomendar à população não aderir às manifestações do dia 15 de março em defesa de Jair Bolsonaro e contra o Congresso. A autoridade já recomendou que a população evite aglomerações… Mas, em nota, a Pasta informou ao Estadão que, “neste momento, não há evidências de circulação do vírus no País. Assim, não é possível afirmar que o Covid-19 será espalhado em manifestações”. O jornal nota que uma das teorias conspiratórias propagadas nas redes diz que os atos do dia 15 foram convocados, na verdade, pela esquerda para espalhar o coronavírus no Brasil e, assim, desestabilizar o governo. 

Aliás, segundo a Fundação Getúlio Vargas, 42% do debate em torno do coronavírus nas redes sociais é composto por memes e piadas sobre o vírus

MENTIRA SÉRIA

Cerca de de 90 jornalistas no mundo todo formaram ainda em janeiro o Coronavirus Collaboration para checar fake news. Na Deutsche Welle, a coordenadora do projeto Cristina Tardáguila fala sobre isso e sobre as fases diferentes que já foram observadas em relação às notícias falsas. No início do surto, eram aquelas informações enganosas sobre a origem do vírus e teorias da conspiração sobre os EUA querendo acabar com a China; depois a tendência de espalhar falsas curas e falsos meios de prevenção. Nos últimos dias, estão circulando postagens relacionadas a raça e religião, como “de que muçulmanos não pegam coronavírus” ou que “negros têm sangue mais resistente ao vírus”.

E a OMS está com equipes de especialistas em redes sociais e comunicação de risco em todos os escritórios regionais, para tentar controlar os efeitos colaterais da “epidemia de desinformação”.

QUARENTENA GLOBAL

Na piauí, Amanda Rossi escreve sobre as expectativas de enfrentamento ao coronavírus em países diferentes. A manchete é catastrófica: “Rumo à quarentena global: a distopia do coronavírus“. Mas Benjamin Cowling, chefe da divisão de epidemiologia e bioestatística da Universidade de Hong Kong, instituição que está à frente das pesquisas sobre a doença, diz que é difícil imaginar quarentenas como a chinesa se espalhando mundo afora. Ele acha até que as pessoas, em pânico, não vão apresentar grandes resistências a medidas como o fechamento de escolas: o mais difícil é coordenar as operações. 

O epidemiologista Pedro Vasconcelos, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, diz que um dos motivos para isso é o fato de que ninguém tem experiência em isolamento, porque esse tipo de quarentena foi usado poucas vezes na história da humanidade – na peste negra da Idade Média, na febre amarela quando não se sabia o que a causava, e na gripe espanhola. Ainda assim, um grupo cada vez maior de cientistas defende que todos os locais com casos confirmados devem implementar alguma medida de contenção do vírus. Vasconcelos, que o início não acreditou que o coronavírus chegasse com força ao Brasil, mudou de opinião. “Se os EUA e a Europa não conseguem evitar a transmissão do Covid-19 em seus territórios, dificilmente outro país vai conseguir controlar. No Brasil, não vai ser diferente, infelizmente. Estamos entrando em uma pandemia”, diz.

QUEM PODE, PODE

Já entendemos as recomendações para evitar a disseminação do coronavírus: lavar as mãos, cobrir o rosto ao espirrar e tossir e ficar em casa se tiver sintomas. Mas quem pode ter o “luxo” de não trabalhar quando está doente? No site The Atlantic, Amanda Mull escreve que esse pode ser um dos maiores calcanhares de Aquiles no enfrentamento nos EUA, mas podemos transportar o argumento para outros lugares com direitos trabalhistas frágeis. Nos EUA, para poder seguir a recomendação à risca é preciso ter um bom seguro de saúde, folga remunerada e um chefe que não o penalize por sair de de licença ou trabalhar em casa, mas para milhões de trabalhadores isso é quase inconcebível. “Com mais de um terço dos americanos em empregos que não oferecem licença médica, muitos infelizmente não têm condições de tirar dias de folga quando estão doentes”, diz Robyn Gershon, professor de epidemiologia da Escola de Saúde Pública Global da Universidade de Nova Iorque.  “Nesse sentido, os Estados Unidos são uma anomalia global, um dos poucos países que não garantem a seus trabalhadores licença remunerada de qualquer tipo. Esses empregos também são os menos propensos a fornecer aos trabalhadores seguro de saúde, tornando difícil para milhões de pessoas obter provas médicas de que não podem ir trabalhar”, escreve Mull. 

Uma preocupação é com o quanto o coronavírus pode sobreviver em superfícies. No vidro, especificamente, ele vive por até 96 horas, ou quatro dias. De modo que, teoricamente, telas de celular são um meio fácil de transmissão. Mais uma recomendação: limpá-la com frequência.

NOVO FLUXO

A partir de hoje, o Ministério da Saúde inicia um novo fluxo de informação, adotando sem reanálise os dados sobre casos suspeitos repassados pelos gestores locais. A ação de descentralização da consolidação dos casos busca dar agilidade de resposta à doença. O governo também lançou um aplicativo: o Coronavírus-SUS. O objetivo é conscientizar a população sobre a doença causada pelo novo vírus, com informações sobre sintomas, como se prevenir, o que fazer em caso de suspeita de infecção e mapa indicando unidades de saúde próximas. 

REFORMA DO SUS

Um editorial do jornal O Globo pegou carona no coronavírus para defender “um amplo projeto de reforma do Sistema Único de Saúde”. Segundo o jornal – e não há novidade nenhuma nesse suposto argumento – “parte dos problemas [do SUS] tem origem em má gerência e em excesso de burocracia”. Por isso, a “solução” seria o governo federal liderar um debate sobre a definição dos limites no acesso a serviços e tecnologias disponíveis na rede pública médico-hospitalar, além do redesenho do papel suplementar do setor privado. O jornal também defende “uma ampla e profunda revisão dos incentivos setoriais”, citando estimativa de que dos gastos totais do país com saúde, metade corresponda a renúncias fiscais em benefício da parcela da população (40%) atendida por empresas privadas. “Trata-se de uma distorção, com efeitos óbvios no processo de concentração de renda”, diz.

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