A eugenia bolsonarista

Presidente gosta de repetir que 70% da população brasileira vai pegar coronavírus. Cientistas mostram que se isso acontecer rápido demais teremos 1,8 milhão de mortes. Leia também: centrão decide que cidades recebem verbas de combate à covid-19

por Maíra Mathias e Raquel Torres, em Outra Saúde

POLÍTICA DE EXTERMÍNIO

Dois meses atrás, um dos líderes mundiais mais criticados pela sua resposta à crise do coronavírus era Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido. Naquela época a covid-19 ainda engatinhava por lá: havia dois mil casos confirmados e 50 mortes. A Itália, já com mais de cinco mil óbitos, tinha o pior cenário e era a prova do potencial destruidor desse vírus, que se alastrava exponencialmente. Mesmo assim, a estratégia britânica, como sabemos, era deixar boa parte da população se infectar para promover imunidade de rebanho.

No dia 16 de março um estudo científico mudou tudo: foi o famoso trabalho do Imperial College de Londres que previa no mínimo 260 mil mortes caso nada fosse feito para impedir o avanço do coronavírus. Diante disso, em 23 de março Johnson foi à TV anunciar o lockdown (pouco depois, ele próprio testou positivo para o vírus). O governo britânico demorou a acordar. Com esse atraso, as infecções cresceram desgovernadamente, o sistema de saúde colapsou e o Reino Unido passou a ter o maior número de mortes da Europa. Ainda assim, o enfrentamento tardio foi melhor do que teria sido a negação absoluta, e a crise parece enfim controlada. Um plano de reabertura foi anunciado, mas a tentativa do governo de manter a economia girando no começo das infecções foi um tiro que saiu pela culatra. Agora, o Reino Unido deve ter uma reabertura mais tardia e lenta do que o resto do continente.

Por que falar no Reino Unido quando o que nos interessa nesse momento é o Brasil? Porque, por aqui, não há ciência que dê conta de trazer seriedade ao discurso do presidente Jair Bolsonaro. Ainda em março, na mesma semana em que Johnson anunciava o confinamento geral, Bolsonaro dizia em vídeo que a ‘previsão’ era não se chegar a 800 mortes por covid-19 no Brasil.

Pois é. Agora esse foi um número atingido em menos de 24 horas: o Ministério da Saúde registrou nada menos que 881 óbitos entre segunda e terça-feira. É um ‘novo recorde’ (expressão que, infelizmente, anda devemos usar bastante), e já há ao todo 12,4 mil mortes confirmadas e 177,5 mil casos. Mais de duas mil óbitos estão em investigação, aguardando testes. São Paulo ainda é o pior estado em número de casos e mortes (tem quase quatro mil óbitos), seguido pelo Rio (que tem quase dois mil). Porém, hoje metade dos casos já estão nas regiões Norte e Nordeste. Mais de mil municípios já registraram mortes, e o vírus está se interiorizando.

Mesmo assim, Bolsonaro promove ad eternum o discurso da imunidade de rebanho, afirmando que 70% das pessoas vão se contaminar de qualquer jeito. Acontece que, se isso ocorrer num período curto de tempo, o país pode ter 1,8 milhão de mortos, segundo estimam pesquisadores da USP e da UnB.

A insistência não é apenas por um negacionismo da ciência, diz o médico e diretor do Hospital das Clínicas, Arnaldo Lichtenstein. “O que vai acontecer, quando as pessoas não defendem o isolamento? Não se fecha comércio, a economia não para, o governo não precisa colocar dinheiro na economia. Muitas das pessoas que vão morrer são os idosos – aí tem a fala de ‘já ia morrer mesmo’ – ou as pessoas que já têm doenças. E vão ficar os ‘jovens e atletas’. Então se a gente pegar pedaços da fala tem uma lógica intensa. Isso se chama eugenia; lembre-se de que sistema político mundial usava isso (…). Quando você fala que ‘morram os vulneráveis para a gente ter uma geração saudável’, pode ser que esteja permeando essa história de ‘vamos acabar logo com essa tortura, não vamos ter o derretimento da economia’. É uma coisa muito mais perversa do que simplesmente não acreditar na ciência, é um outro tipo de teoria que pode ser muito pior do que isso”. Acrescentamos: não se trata apenas de deixar que morram os idosos e os que têm doenças, mas a população pobre e vulnerável – os mais afetados pela covid-19 e pela crise econômica que não vai passar tão cedo.

A reprovação ao governo bateu recorde, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Transporte com o Instituto MDA. Chegou a 43%, 12 pontos acima do percentual registrado no levantamento anterior, de janeiro. A avaliação pessoal do presidente também é pior: 55,4% dos entrevistados o desaprovam, contra 47% em janeiro. A mesma pesquisa mostra que 67,3% querem distanciamento social praticado por todas as pessoas, enquanto 29,3% acham que só idosos e pessoas com doenças crônicas devem se isolar.

PERIGO PARA A REGIÃO

Puxado pelo Brasil e pelos Estados Unidos, o continente americano ultrapassou a Europa em número de casos (com 1,74 dos 4,2 milhões registrados no mundo inteiro). “Estamos profundamente preocupados com a rapidez com que a pandemia está se expandindo. Nossa região levou três meses para atingir um milhão de casos, mas menos de três semanas para quase o dobro desse número. (…) O Brasil tem um dos maiores números de casos hoje, tem transmissão comunitária, as fronteiras são porosas (…) O aumento dos casos (de covid-19) no Brasil nos últimos dias é uma preocupação”, afirmou ontem a diretora-geral da Opas, Carissa Etienne. O resto da América do Sul está em alerta, com cuidados redobrados em relação ao Brasil. Marcos Espinal, também da Opas, ressaltou o perigo que o país representa. “Nossas fronteiras em muitos países são porosas”, disse.

PEQUENAS DIFERENÇAS

Beirando as 180 mil infecções confirmadas pelo novo coronavírus, o Brasil se tornou o sétimo país com mais casos registrados no mundo, ultrapassando a Alemanha. Mas, na verdade, está fora de cogitação confiar nessa colocação no ranking quando se sabe que o Brasil é um dos países do mundo que faz menos testes: até agora, foram 482.743 exames do tipo PCR, só 2% do total prometido pelo Ministério da Saúde (como já dissemos aqui, a Pasta renovou o compromisso de fazer 46 milhões de testes no total, sendo 24 milhões PCR, com resultados mais precisos). Outra promessa era a de zerar rapidamente a fila de amostras aguardando análise ou a divulgação dos resultados, mas isso não aconteceu. Na semana passada havia cerca de 95 mil amostras aguardando análise, e esse número segue estável. Além dessas, há outras 50 mil esperando a divulgação dos resultados. Ou seja, 145 mil testes ainda não revelados.

Para ter uma ideia de como são poucos os menos de 500 mil testes feitos no Brasil: na Alemanha, só na semana passada foram mais de 330 mil, e o país tem capacidade de fazer semanalmente 838 mil.

Mas nenhum lugar, no mundo todo, se compara nesse momento a Wuhan, na China. Depois de se ver livre do coronavírus por algum tempo e de descobrir novamente um pequeno surto (seis casos), foi anunciada uma campanha que deve durar dez dias para testar simplesmente a população inteira: 11 milhões de pessoas, segundo a imprensa estatal. É uma forma de pegar todos os casos, inclusive os assintomáticos, e isolá-los para eliminar qualquer chance de transmissão. Só não se sabe se essa vai ser a solução sempre que um novo conjunto de casos for observado, já que a cidade não ficará fechada.

O ÚLTIMO A SABER

O Ministério da Saúde protagonizou outro episódio inacreditável. Ontem, o secretário substituto de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, disse que a pasta identificou 39 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) confirmados para o novo coronavírus antes de 26 de fevereiro, data do primeiro caso de covid-19 reconhecido oficialmente. Sim, é isso mesmo: os casos estavam todo esse tempo registrados no sistema. 

Para despistar, Macário afirmou que os casos registrados como coronavírus podem ser apenas “erros de digitação”. Questionado na coletiva de imprensa se não seria improvável 39 erros do gênero, ele retrucou que “são milhares e milhares de dados que são digitados e coletados diariamente”. Além disso, o secretário não soube precisar quando teria ocorrido o caso mais antigo, mas disse que “tem alguns de janeiro”. Mas só ontem, cinco meses depois, o Ministério enviou ofícios para os estados onde os registros foram feitos para que os casos sejam investigados. 

CABO DE GUERRA

Logo que Bolsonaro anunciou a tresloucada inclusão de barbearias, salões de beleza e academias de ginástica como serviços essenciais durante a pandemia, governadores de todo o país se opuseram e avisaram que não cumpririam. Têm autonomia para isso, como lembramos ontem. Mas o presidente promete dificultar as coisas: “Se por ventura o governador falar que não vai cumprir, a AGU e o Ministério da Justiça vão tomar a devida medida. Já falei para vocês. Quando qualquer um de nós achar que um decreto está exagerado, tem dois caminhos: a Justiça e o Parlamento. No caso de decreto, chama-se projeto de decreto legislativo, para tornar sem efeito o decreto”, ameaçou ontem, em frente ao Palácio da Alvorada.

A propósito, depois que o ministro da Saúde Nelson Teich soube do decreto pela imprensa, começaram a circular rumores sobre sua fritura, menos de um mês depois da posse. Bolsonaro minimizou o problema: “Não é porque faltou um contato que vamos desclassificar esse novo decreto que trata de mais algumas profissões. Quantas vezes você chega em casa com um colega para almoçar e não avisa a sua esposa? Vai acabar o casamento por causa disso?”, indagou o presidente, usando sua metáfora preferida.

O VÍDEO E O CENTRÃO 

Ontem, foi exibido o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. A gravação foi citada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que Jair Bolsonaro quer interferir na Polícia Federal. Quem teve acesso ao material relatou que o presidente fala em proteger ‘familiares e amigos’ com a troca na superintendência da corporação no Rio de Janeiro. Depois, apareceu o primeiro registro documental de que o presidente teria dito isso no encontro: no termo do depoimento do ministro Augusto Heleno há uma pergunta sobre quem seriam os familiares e amigos que Bolsonaro quer proteger.

Ainda segundo relatos de quem assistiu ao vídeo, Bolsonaro dito que, antes de ‘foderem’ com sua família, ele trocaria não só todos da superintendência do Rio como até Sergio Moro, que deixou o governo dois dias depois da reunião. 

Além disso, Bolsonaro teria afirmado que não iria divulgar os exames que fez para o novo coronavírus porque isso poderia levar até mesmo a um processo de impeachment. 

O final de abril marcou também o início da negociação do presidente com o centrão. Hoje, uma reportagem do jornal O Globo revela que o governo federal resolveu deixar de lado qualquer critério sanitário na distribuição da verba emergencial do Ministério da Saúde para o combate à covid-19. Segundo relataram deputados de legendas como PP, PL, PSD, Podemos, Republicanos, MDB e Patriota – e confirmaram fontes próximas ao Palácio do Planalto – os recursos serão distribuídos conforme indicações de deputados e líderes partidários aliados. Ou seja, vão para os redutos eleitorais do centrão. 

Para calcular quanto cada partido teria direito a direcionar, foi levado em conta o número de deputados fiéis em cada legenda. “Só terá direito à indicação quem se comprometer a votar com o governo”, escreve a repórter Natália Portinari. E continua: “A negociação da verba não foi atrelada a nenhuma votação específica, mas serve para barrar o andamento de um possível processo de impeachment, segundo deputados”.

De uma maneira meio torta, o vice-presidente Hamilton Mourão negou que o cerne da negociação seja barrar um pedido de afastamento. “O que a turma está dizendo? ‘Agora, ele está fazendo isso para escapar do impeachment, é para escapar do processo’. Não. Não é dessa forma que ele está vendo. Ele já chegou à conclusão de que ele tem que atrair esses partidos”, disse ao Globo. Sobre as negociações ele foi ainda mais claro e confirmou que o próprio Bolsonaro e o ministro Luiz Eduardo Ramos, chefe da Secretaria de Governo da Presidência, conduzem pessoalmente a distribuição de cargos e benesses. “Eu não posso te dizer os detalhes. Se é fisiológico ou programático”.

Caberá ao ministro Celso de Mello decidir se torna pública a gravação. Sua divulgação tem tudo para inflar mais o preço do centrão. “Bolsonaro está enrolado. Uma coisa é querer um novo diretor da PF porque o anterior não estava alinhado a suas ideias, sejam lá quais forem. Isso é péssimo do ponto de vista republicano, mas ainda navega dentro de um escopo de legalidade. Outra coisa é dizer que precisa cuidar dos interesses de seus filhos e amigos”, observa o colunista Igor Gielow na Folha. Ele continua: “Mais concessões ao centrão e novos episódios de enfrentamento institucional para agradar sua base radical e assustar o ‘establishment’ estão no preço dessa dinâmica. O problema, para Bolsonaro, é que seu padrão se tornou previsível e, no limite, insustentável sem ruptura real.” 

O ESPERADO TESTE

Os exames feitos por Jair Bolsonaro nos dias 12 e 17 de março foram entregues ao Supremo Tribunal Federal. A informação foi dada pela AGU, que divulgou em nota que “os laudos confirmam que o presidente testou negativo para a doença”. O material está com o ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação movida pelo Estadão para recorrer da decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio Noronha, que desobrigava Bolsonaro de tornar públicos os exames. Os testes foram feitos usando um codinome. Há especulação em torno desse fato, seja porque torna a certeza de que sejam os testes verdadeiros mais nebulosa, seja porque aventa-se que ele possa ter escolhido um nome que cause constrangimento, como o de um torturador.

UM ESTRANHÍSSIMO CASO

Nada menos do que 73.242 militares, pensionistas, dependentes e anistiados cadastrados na base de dados do Ministério da Defesa receberam o auxílio emergencial de R$ 600. Ontem, o governo disse que vai apurar individualmente cada um desses casos e pedir a restituição dos valores para quem recebeu sem ter direito. De acordo com o Ministério da Cidadania, uma parte desse grupo recebeu automaticamente o auxílio por ter CPF registrado no Cadastro Único ou ser beneficiário do Bolsa Família – o que também seria bom esclarecer, já que o programa é desenhado para quem está em situação de extrema pobreza. Segundo a Folha, a tabela de remuneração das Forças Armadas estabelece que um recruta ou cabo ganham R$ 956 (o que também é estranho, pois abaixo do salário mínimo, que está em R$ 1.045).

DE VOLTA AO MAPA DA FOME

Segundo estudos do Banco Mundial, com a pandemia, cerca de 5,4 milhões de pessoas no Brasil devem ser empurradas para a extrema pobreza. O contingente total nessa situação pode chegar a 14,7 milhões até o fim do ano, ou cerca de 7% da nossa população. Com isso, Daniel Balaban, chefe do escritório brasileiro do Programa Mundial de Alimentos da ONU, alerta que o país “está caminhando a passos largos” para voltar ao Mapa da Fome. Só entram nessa lista as nações com mais de 5% da população em pobreza extrema. Nós saímos do Mapa em 2014.

REFORÇO

Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou a medida provisória que libera o saldo remanescente do fundo da Reserva Monetária do Banco Central, de cerca de R$ 9 bilhões, para ações de combate ao novo coronavírus. O texto prevê que o dinheiro seja repartido na proporção de 50% para estados e Distrito Federal e 50% para municípios de acordo com regras a serem estipuladas pelo governo federal. Entre os critérios está o número de casos de coronavírus em cada local. O projeto condiciona o repasse ao cumprimento pelos entes das orientações da Organização Mundial da Saúde em relação à doença. Pela MP original, os recursos do fundo, criado em 1966 com parcela da arrecadação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), seriam destinados ao pagamento da dívida pública federal. O texto segue agora para o Senado e precisa ser votado lá até 18 de maio, ou perderá a vigência.

CONTRA-ATAQUE

Os hospitais privados estão se movimentando para evitar a requisição de leitos pelo poder público. Uma reportagem da Folha mostra como e apresenta um novo personagem nessa história. Trata-se do juiz Vitor Moreira Lima, do Tribunal de Justiça do Rio. O magistrado é especializado em direto médico e participou de uma videoconferência ontem com representantes das empresas que o procuraram pedindo conselhos. Moreira Lima os orientou a entrarem a Justiça para obter um mandado de segurança contra requisições que não atendam a certos critérios. 

Ele se refere à nota técnica do Conselho Nacional de Justiça, (CNJ) sobre a qual falamos ontem por aqui. O documento reconhece que “se a capacidade de leitos à disposição do SUS estiver esgotada, e a rede assistencial privada não se interessar por contrato público com o gestor do SUS, os leitos deverão ser requisitados”. Mas, ressaltou o juiz Moreira Lima, pode ser usada pelas empresas para lutar contra a requisição. Como? Basicamente atrasando o processo. Isso porque a nota defende que todas as possibilidades de uso de leitos na rede pública precisam ser esgotadas antes – o que incluiria a reativação de leitos que possam ser recuperados. Determina ainda que os gestores apresentem estudos detalhados e formem gabinetes de crise.

Vitor Moreira Lima teria ido além dos conselhos e se permitido o desabafo de que a “incompetência do Estado” acabaria prejudicando quem paga um plano de saúde. Mais um exemplo de ‘sensibilidade’ dado pela elite brasileira nesta pandemia.

AGENDA

Acontece mais tarde, às 14h, o lançamento do manifesto das campanhas Vidas Iguais e Leitos Para Todos. As iniciativas defendem a criação de uma fila única de leitos durante a pandemia, através da qual o poder público gerencie vagas no setor privado, de modo a garantir que toda a capacidade instalada no país seja utilizada e ninguém morra esperando atendimento enquanto houver estruturas vazias.  O evento será transmitido pelo canal da Rede Unida.

NA RETINA

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo feito em parceria com o Instituto da Visão aponta que o novo coronavírus pode causar lesões na retina. Os resultados, que ainda são preliminares, foram publicados ontem na Lancet. Com isso, as alterações no olho humano se somam a outros efeitos colaterais já detectados em órgãos, como pulmão, coração, rins e cérebro.

O estudo avalia 25 pessoas. No artigo, são descritas as lesões encontradas em 12 pessoas, com idades entre 25 e 65 anos, que foram examinadas entre o 11º e 35º dia de infecção. As lesões estão localizadas junto às células ganglionares, que são um tipo de neurônio encontrado na retina. “É mais um indício de que o coronavírus tem uma predileção pelo sistema nervoso”, observou Rubens Belfort Júnior, um dos autores do estudo, em entrevista à Folha. As lesões foram detectadas mesmo em casos mais leves que não demandaram internação em UTI. Ainda não se sabe se vão desaparecer ou piorar com o tempo. A expectativa dos cientistas brasileiros é que a divulgação do achado estimule outros grupos do mundo todo a investigarem o problema.

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