Por Pedro Martins, Abrasco
O lançamento da Frente pela Vida reuniu na sexta-feira, 29 de maio, diversas entidades da sociedade civil e teve como pontos centrais a defesa da democracia, da ciência e do Sistema Único de Saúde (SUS). Diante da crise sanitária, econômica pela qual o país passa, a presidente da Abrasco, Gulnar Azevedo, que abriu as saudações do ato, ressaltou o caráter dessa Frente: “Queremos que essa frente mostre para a sociedade que nosso compromisso é com a vida. Para isso precisamos seguir o caminho certo da ciência e de fortalecimento o SUS para que ele atenda a todos que precisam dele”. Em sua fala, Gulnar afirmou ainda que é necessário “entrar em cena o coro dos lúcidos”, tendo em vista os ataques que têm sido feitos à democracia atualmente no país.
Presidente da Sociedade Brasileira pelo progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Castro fez uma chamado a todas e todos para que se somem à Frente. Ildeu destacou a importância da defesa da ciência e da vida e, diante do cenário de mais de 25 mil mortes por Covid-19 e falou: “Reafirmamos que saúde e democracia são conceitos inseparáveis!”. O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, foi na mesma direção e trouxe a história da entidade para afirmar o direito à vida: “O CNS abriu caminho para entendermos que saúde é direito e não mercadoria.”
Saúde e democracia são inseparáveis
O papel da universidade e da pesquisa foi destacado na fala do presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Carlos Salles. “A universidade pública é em si um lugar de resistência à incivilidade e ignorância. Ao pensar a vida como condição que não pode ser precificada e associar a vida a valores democráticos, lembramos a cada brasileiro que ele precisa de políticas públicas” afirmou reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Em seguida, foi a vez de a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se pronunciar. O jornalista Paulo Jerônimo representou a entidade e trouxe a importância do SUS na resposta à pandemia: “Se não fosse o SUS, quantos milhares de vidas a mais já teríamos perdido nesse país? Precisamos fortalecê-lo”. Já o representante da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Padre Paulo Renato, fez questão de desmistificar a polarização que muitos veem entre fé e ciência: “Entendemos que fé e razão se complementam. Nesse contexto histórico que vivemos, muitos acham que a religião pode ser negacionista da ciência. Não é isso que a CNBB entende. Concordamos com a Gulnar que temos de ecoar o grito dos lúcidos”.
Diante das ameaças e ataques que o próprio presidente faz à democracia, Lúcia Souto, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), ressaltou a importância da formação da Frente pela Vida: “Nós estamos vivendo um momento crucial na vida política e pública brasileira de grande afronta à vida e à democracia. É crucial estarmos nos reunindo”. A fala de Lúcia foi ecoada pelas palavras de Túlio Franco da Rede Unida: “Direito à saúde só vai existir com liberdade e democracia. políticas sociais robustas só vão existir com liberdade e democracia”.
Dirceu Greco, da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), lembrou o valores da entidade para ressaltar o apoio à Frente: “A SBB tem como seus objetivos lutar pela dignidade, pelos direitos humanos, pela equidade, pela saúde e em defesa de todas as pessoas afetadas pela vulnerabilidade social no Brasil”.
Após as falas dos representantes presentes, foi lido o Manifesto da Frente pela Vida, que ressalta a base científica e o planejamento em saúde como norteadores das medidas de prevenção e controle para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 a serem articulados entre os governos federal, estadual e municipal – e destaca 6 pontos centrais: direito à vida; valorização do conhecimento científico; fortalecimento do SUS; solidariedade; preservação do meio ambiente e da biodiversidade; e democracia e o respeito à Constituição.
Participaram ainda diversas entidades, como Asssociação Brasileira de Ecnomomia da Saúde (ABrES); Confederação das Associações dos Moradores (Conam); Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP); Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar); Articulação Nacional de Aids (Anaids); União das Negras e Negros (Unegro), Rede de Médicos e Médicas populares, entre outras, além de diversas instituições de ensino e pesquisa. Ao finalizar a atividade convocando a Marcha pela Vida do dia 9 de junho, Gulnar Azevedo foi assertiva: “A gente tem que lutar para que as pessoas não continuem morrendo e que tenhamos condições de dar assistência à população!”.
+ Confira o Manifesto da Frente pela Vida
Assista à transmissão: