A boa notícia da semana vem das células T

por Maíra Mathias e Raquel Torres, em Outra Saúde

ALÉM DOS ANTICORPOS

A conversa sobre o fim da pandemia tem sido, em geral, focada nos anticorpos: testes sorológicos indicam a prevalência de infectados em cada região ou país, a partir deles se discute a imunidade coletiva (ou de ‘rebanho’), há quem fale em ‘passaporte da imunidade’, e esperamos uma vacina que nos faça produzir esse tipo de defesa. Quando, no mês passado, um estudo sugeriu que os anticorpos contra o SARS-CoV-2 poderiam durar apenas de dois a três meses no organismo, a notícia não foi nada agradável. Desde então, outras pesquisas têm avançado no mesmo sentido. Nesta semana, um trabalho do  King’s College London (ainda não revisado por pares) mostrou que, em alguns casos, o nível de anticorpos após três meses se torna até mesmo indetectável. Tudo isso traz preocupações sobre a possibilidade de reinfecção – algo que, se ainda não foi verificado de forma consistente, também não foi refutado por completo pela ciência.  

Mas essas pesquisas não significam o fim da linha na busca pela imunidade. Os anticorpos são uma face da resposta imune – a mais fácil de medir –, mas não a única. Em poucas palavras, o corpo tem dois principais mecanismos de defesa: um é o dos anticorpos, que atacam diretamente o vírus, ligando-se à sua superfície; o outro é uma resposta que acontece dentro das células infectadas, mediada por linfócitos T, ou células T. Elas reconhecem as células infectadas e as destroem. Pois vários cientistas mundo afora vêm estudando células T no organismo de infectados pelo novo coronavírus e seu papel parece ser muito importante.

Algumas evidências em relação a isso vieram ontem, em um artigo publicado na Nature. Primeiro, os pesquisadores conseguiram ver que convalescentes da covid-19 apresentam respostas dos lifócitos T. Mas não só. Eles analisaram o sangue de pessoas que tiveram SARS em Singapura há 17 anos, viram que mesmo depois de todo esse tempo ainda há uma resposta robusta das células T e, mais ainda, que elas reagem de forma cruzada com a proteína do novo coronavírus, o SARS-CoV-2. Ou seja, quem teve SARS há 17 anos ainda pode ter resposta imune contra o novo coronavírus. Para completar o pacote das boas notícias, os cientistas observaram também que pessoas que nunca foram infectadas pelo SARS nem SARS-CoV-2  apresentavam resposta contra algumas partes do novo vírus, possivelmente por conta de contato anterior com outros coronavírus. 

Esse trabalho se junta a outros achados recentes que apontam na mesma direção. Em um estudo publicado na Cell em maio, pesquisadores descreveram a existência de células T que reconheciam o novo coronavírus em um grupo que nunca havia sido exposto ao SARS-CoV-2, também sugerindo a possibilidade de uma imunidade cruzada. 

Ainda há muito o que se responder: quantas pessoas têm essa resposta induzida por outros coronavírus, quanto tempo ela dura no caso específico do SARS-CoV-2 e, principalmente, se tal resposta pode ser realmente associada a uma imunidade contra a covid-19. Por enquanto, nada garante que a mera presença de células T dê essa proteção. Mas “isso faz pensar, como muitos se perguntam, que a imunidade promovida pelas células T talvez seja a maneira de conciliar o aparente paradoxo entre (1) respostas de anticorpos que parecem estar diminuindo semana a semana em pacientes convalescentes, mas (2) poucos (se quaisquer) relatórios confiáveis ​​de reinfecção real”, escreve o químico Derek Lowe, no site da Science. Sem dúvidas, as descobertas também influenciam a busca por vacinas.

NO ACORDO GLOBAL

Junto com outros 74 países de renda média e alta, o Brasil submeteu ontem um pedido oficial para fazer parte do sistema mundial que está sendo criado para garantir a vacina contra a covid-19, o Covax Facility. Eles vão precisar arcar com os custos dos imunizantes; já outros 90 países de baixa renda que estão na iniciativa terão um financiamento extra para garantir o recebimento das doses. O objetivo geral do Covax é fornecer, até o fim do ano que vem, dois bilhões de doses de vacinas  (desde que já tenham passado pela aprovação regulatória da OMS) aos países participantes. De acordo com o jornalista Jamil Chade, do UOL, a exigência de que governos de renda média paguem pelas doses tem sido alvo de críticas por parte de ativistas e entidades de saúde. Há um temor de que dezenas de países sejam incapazes de financiar a resposta sanitária. 

ALÔ, GILMAR

Ontem, foram revelados alguns bastidores da crise entre a ala militar do governo e o ministro Gilmar Mendes. Na noite da segunda-feira – depois, portanto, da divulgação da nota assinada pelo ministro da Defesa e pelos comandantes das Forças Armadas que anunciou a abertura de representação contra o ministro do Supremo na PGR –, Jair Bolsonaro disse a Mendes que, de sua parte, a crise estava encerrada. 

O sinal foi dado em um telefonema mediado por um amigo em comum. Na conversa, o ministro do STF não pediu desculpas ao presidente. Pelo contrário: alertou Bolsonaro que ele pode acabar processado no Tribunal Penal Internacional por sua conduta na pandemia. A Corte sediada em Haia tem em seu histórico prisões de ex-chefes de Estado acusados de genocídio, como Slobodan Milosevic. Já o presidente adotou tom apaziguador e pediu que Mendes conversasse também com o general Eduardo Pazuello. 

Quando pensamos nos últimos embates promovidos por Bolsonaro contra o Supremo, e na própria personalidade do presidente, os fatos soam um tanto extraordinários – mas têm uma possível explicação. Está na mão de Gilmar Mendes o recurso que definirá em qual foro Flávio Bolsonaro será julgado pelo escândalo das rachadinhas. De acordo com o entendimento do próprio Supremo, o filho do presidente deveria ser julgado na primeira instância da Justiça, já que perdeu o mandato de deputado estadual. Sua defesa quer foro especial.

A história continua na terça-feira, quando, cumprindo a ordem de Bolsonaro, o ministro interino da Saúde ligou para Mendes – que, de novo, não pediu desculpas. Pazuello listou as ações da pasta no combate à pandemia. Foi além, e propôs colocar à disposição do magistrado mais informações para que ele pudesse formar uma “opinião correta”. Combinaram de se encontrar quando Mendes voltar de Lisboa – onde, segundo interlocutores relataram à Folha, tem ficado “estarrecido” com a imagem externa do Brasil na pandemia. 

O presidente voltou a elogiar Pazuello que, nas suas palavras, seria um “predestinado” a estar “no lugar certo” para “melhor servir o país”. O texto publicado ontem ganhou um título significativo: “Todos nós queremos o melhor para o Brasil”. Bolsonaro lançou mão da frase de efeito que seu vice vem repetindo, afirmando que o general levou “apenas 15 militares” para a pasta, que conta com 5,5 mil funcionários. Na verdade, são 24 militares – 15 da ativa e o restante da reserva. 

O próximo presidente do Supremo deu declarações que, indiretamente, também minimizam o significado da presença militar no Ministério da Saúde. Em evento da XP Investimentos, Luiz Fux afirmou que ‘não estigmatiza’ a escolha de “militares com expertise” para “determinados ministérios”. No polo oposto, em uma transmissão ao vivo organizada por petroleiros, o ex-presidente Lula se alinhou à crítica feita por Gilmar Mendes.

O Ministério Público que atua no Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou a abertura de uma investigação sobre a participação de militares da ativa no governo federal. A peça é assinada pelo subprocurador Lucas Rocha Furtado, de quem também partiram outros pedidos, como o da investigação sobre a produção de cloroquina, e cita a declaração de Gilmar Mendes, demarcando posição bem dura: “Na minha opinião, o Brasil atravessar a pandemia sem ter ministro da saúde é um absurdo, é uma tentativa de genocídio. Vejo como verdadeira maldade do presidente da República manter essa situação”. O subprocurador quer que o TCU oriente o governo a passar os militares da ativa com cargos para a reserva.

INQUÉRITO SOROLÓGICO

Também ontem, Lucas Rocha Furtado ingressou com pedido de medida cautelar para obrigar o Ministério da Saúde a continuar com a Epicovid-19. O inquérito sorológico nacional, conduzido pela Universidade Federal de Pelotas, parou na terceira fase. A negociação de outra rodada foi travada pela gestão Pazuello. A pesquisa mostrou que o Brasil pode ter até seis vezes mais casos do que as estatísticas oficiais dão conta.

75 MIL MORTES

É praticamente certo que hoje cheguemos aos dois milhões de casos confirmados do novo coronavírus. Marcos é o que não faltam: ontem, ultrapassamos as 75 mil mortes. De terça para quarta-feira, foram reportados quase 40 mil casos e 1,2 mil óbitos. Estamos há 12 semanas em uma situação fora de controle, com a taxa de contágio acima de 1, segundo o Imperial College de Londres. E, de acordo com a Fiocruz, na semana passada retrocedemos a patamares de contaminação vistos em maio. 

O boletim do Ministério da Saúde, também referente à semana passada, dá conta de que nove estados puxam o crescimento dos casos: Tocantins, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A região Sul experimentou um aumento de 8% nos casos, e suas três capitais estão em situação crítica de ocupação de leitos de UTI. Florianópolis vai pior, e atingiu 93% da capacidade pública. Ontem, 17 prefeitos seguiram o exemplo do município de Tubarão – que atingiu 100% e concentra os leitos no litoral sul do estado – e decretaram lockdown.  

O Centro-Oeste, onde os casos cresceram 6%, também tem capitais em situação limite. Cuiabá tem hoje o pior quadro do país, com 97% de leitos de terapia intensiva ocupados.  Em Goiânia, dependendo da fonte, o índice é de 81% ou de até 96%; de qualquer forma, a cidade está na faixa crítica. Mas o prefeito Íris Rezende (MDB) autorizou a reabertura quase total do comércio.  Em Campo Grande, a decisão foi de decretar lockdown nos próximos dois finais de semana. 

EM MOVIMENTO

Uma matéria da Wired defende que se deixe de usar comparações com a gripe espanhola para fazer projeções sobre uma segunda onda global de covid-19, simplesmente porque… o mundo, como um todo, não ultrapassou o que seria uma primeira onda. “Acho que as ondas são um conceito útil para países individuais ou nas regiões dos países, mas não para o progresso do mundo. Se você pensa sobre a gripe, não a chamamos de ondas quando volta todos os anos – chamamos isso de gripe sazonal”, compara Martin Hibberd, da London School of Hygiene and Tropical Medicine. Daí que, em vez de uma segunda onda global, provavelmente veremos uma série de novas crises localizadas, e possivelmente com alguma parte do mundo passando por problemas. 

Parte da região da Catalunha, no norte da Espanha, voltou a ser confinada por conta do aumento de casos. No Japão, Tóquio entrou novamente em estado de “alerta vermelho”. Em Israel, que achatou a curva de contágio e começou a reabrir a economia em maio, agora são registrados todos os dias mais do que o dobro dos casos diários relatados em março e abril. 

E há países que nunca estiveram sob controle, como o Brasil e os Estados Unidos. Neles, não faz mesmo sentido pensar em segunda onda. “É apenas uma epidemia que se prolonga e se prolonga”, define Loren Lipworth-Elliot, epidemiologista da Vanderbilt University, referindo-se aos EUA. Por lá, dados das últimas semanas mostravam casos em alta e mortes em baixa. Vários especialistas apontaram razões para isso. Uma delas: como o vírus chegou a locais novos, leva tempo até infecções se tornarem mortes.

Agora, as hospitalizações estão em alta e em várias regiões faltam equipes, insumos e leitos. Estados como o Arizona já solicitaram caminhões refrigerados para o transporte de corpos para os necrotérios. Alguns governadores voltaram a estabelecer medidas de restrição, mas, ao que tudo indica, insuficientes. Neste último fim de semana, por exemplo, a Disney reabriu um de seus parques, apesar dos recordes de contágio na Florida. “Ao contrário de abril, quando a maior parte do país estava confinada, não há uma noção clara de quando os surtos atuais atingirão seu pico ou declínio. Com apenas medidas parciais de distanciamento social em vigor e uso inconsistente da máscara, o vírus pode continuar a se espalhar, levando a uma onda inabalável de casos graves que exigem hospitalização, mais mortes e mais complicações a longo prazo que requerem cuidados médicos”, diz a reportagem do site The Atlantic, que trata especificamente de estados onde o cenário é mais preocupante: Arizona, Florida, Texas e Califórnia. Mas há 41 onde os casos estão aumentando.

MODUS OPERANDI

Donald Trump está na ofensiva contra órgãos federais da saúde pública. Ontem, os hospitais do país pararam de repassar seus dados ao Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), seguindo determinação da Casa Branca que resolveu redirecionar as informações para um banco de dados em Washington. Detalhe: o tal banco não é aberto ao público. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência…

Semana passada, a administração Trump já tinha criticado as diretrizes do órgão para a reabertura de escolas, caracterizadas como “excessivamente restritivas”. Em um país sem sistema nacional de saúde, onde mesmo os esquemas de cobertura financiados com dinheiro público dependem do setor privado, o CDC cumpre um papel de coordenação técnica bem relevante. Mas a agência está pouco equipada para lidar com a pressão política por sempre ter evitado entrar nessa seara, como mostrou uma reportagem do STAT

Quem está lidando razoavelmente bem com a pressão é Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas – que tem sido uma espécie de grilo falante para um governo que só quer ouvir a própria voz. Desde o fim de semana, Fauci é alvo de um ataque coordenado da Casa Branca que teve como pontos altos uma lista entregue por assessores de Trump a veículos de comunicação contendo diversas críticas às previsões do epidemiologista. E um editorial de um dos correligionários mais próximos do presidente, Peter Navarro, saiu na segunda com o seguinte título: “Fauci esteve errado todas as vezes em que interagi com ele”. 

Desde então, se discute no país se o presidente tem o poder – e o respaldo – para demitir o epidemiologista que acumulou, ao longo de décadas, um enorme capital político na sociedade americana. Ontem, Fauci mandou um recado a Trump durante um evento virtual: “Acredito que na maioria das vezes você pode confiar em autoridades médicas respeitadas”, disse, para emendar: “Acredito que sou uma delas, então acho que você pode confiar em mim.” Ao The Atlantic, ele afirmou que não pretende renunciar ao cargo no meio da pandemia e definiu como “um pouco bizarra” a campanha do governo para desacreditá-lo. 

“Se você se sentar e conversar com as pessoas que estão envolvidas na lista que saiu, elas ficam realmente surpresas com o grande erro que foi. Eu acho que se você conversar com pessoas razoáveis na Casa Branca, elas perceberão que foi um grande erro da parte delas. E eu não acho que essa era a intenção delas. Não consigo descobrir nos meus sonhos mais loucos porque eles gostariam de fazer isso. Acho que agora eles percebem que isso não era uma coisa prudente, porque apenas refletia negativamente sobre eles”, disse na entrevista.

E parece que Trump sentiu: ontem, o presidente tentou se descolar dos ataques feitos por Navarro no tal editorial. “Bem, ele fez uma declaração representando a si mesmo. Ele não deveria estar fazendo isso. Não, eu tenho um relacionamento muito bom com Anthony”, disse. 

CONTRA A CAPITALIZAÇÃO

A Câmara do Chile aprovou ontem um projeto que permite às pessoas retirar 10% dos recursos guardados nos fundos de pensões do país durante a pandemia. A proposta era apoiada por oito em cada dez chilenos e, em seu favor, aconteceram na véspera as maiores manifestações nas ruas desde março. O temor do governo Piñera é que a aprovação abra espaço para uma reforma da Previdência mais ampla. Como sabemos, o modelo da capitalização individual (que Paulo Guedes tentou emplacar por aqui) é uma das principais fontes de insatisfação da população chilena. Após a votação, houve aplausos, buzinaços e gritos, “como se fosse a final de uma Copa”, segundo a Folha

FILA ÚNICA

Os vereadores de Niterói, no Rio, aprovaram ontem um projeto de lei que autoriza o município a ter uma fila única de leitos de UTIs públicos e privados destinados a pacientes com covid-19. A fila vai ser construída a partir de critérios de gravidade do diagnóstico. Pacientes sem plano poderão ser encaminhados para hospitais particulares, caso não haja leitos na rede pública. Essa é uma solução apontada por vários especialistas para os municípios e estados onde os pacientes morrem na fila, como explicamos aqui. Não é o caso em Niterói, que atualmente não tem pacientes aguardando por vagas. Somando as redes públicas e privada, a cidade tem 25% de ocupação dos leitos para coronavírus. Mesmo assim, passa um recado político importante para o resto do país. 

TECNOLOGIA NACIONAL

Ventiladores pulmonares desenvolvidos pela USP, produzidos com tecnologia nacional e com componentes disponíveis no mercado brasileiro vão começar a ser usados pelo Incor (o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas) em São Paulo. Quase 200 pesquisadores participaram do desenvolvimento das máquinas, que vão começar a substituir as importadas. A ideia é que sejam produzidos entre dez e 20 por dia.

POUCA DIFERENÇA

Algumas pesquisas apontaram, desde o início da pandemia, uma influência do tipo sanguíneo na possibilidade uma pessoa pegar o novo coronavírus e de desenvolver formas mais graves da covid-19. Porém, dois novos estudos  sugerem que a relação não existe. Ambos envolveram milhares de pessoas nos EUA e encontraram evidências de que pessoas com sangue tipo O podem ter menos chance de se infectar, mas que seria uma diferença pequena demais para se levar em conta.

‘CORREÇÃO’ À VISTA

Ontem, a lei que cria um novo marco legal para o saneamento foi sancionada pelo presidente. Mas Jair Bolsonaro abriu nova crise com o Congresso ao vetar vários dispositivos, entre eles um negociadíssimo entre parlamentares e governadores durante a complicada tramitação da proposta. 

Atendendo aos interesses do setor privado, ele derrubou o artigo que previa que as empresas de saneamento estatais poderiam renovar os contratos com municípios mais uma vez, por 30 anos. As cidades são, de acordo com a Constituição de 1988, as responsáveis pelo saneamento. Tradicionalmente, os municípios assinam acordos com as empresas estaduais repassando a elas operação dos serviços de água e esgoto por esse prazo. Por se tratar de um acordo entre entes públicos, os contratos eram negociados diretamente, sem licitação. O setor privado queria mudar principalmente isso, mas foi parcialmente derrotado no Congresso, que aprovou a previsão de renovação. 

O veto à prorrogação foi duramente criticado por parlamentares ontem, já que a aprovação do dispositivo integrou o acordo costurado com o governo para que o Congresso aprovasse o novo marco. O relator do projeto de lei, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) – que esteve envolvido com a articulação das outras MPs e do outro PL que tramitaram sobre o tema desde 2018 – se disse “profundamente surpreendido”. Para ele, o Planalto deu um “tiro no pé”. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), prometeu “corrigir isso” – ou seja, derrubar o veto ao dispositivo da prorrogação e aos outros dez que também foram riscados pela caneta presidencial. 

Imagem: Daniel Zukko, Jornal de Brasília

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