Na última semana, novas informações sobre dois massacres contra indígenas e ribeirinhos no Amazonas e em Mato Grosso geraram cobranças para que os crimes sejam investigados e os responsáveis, punidos
Na última semana, novas informações sobre dois massacres contra indígenas e ribeirinhos ocorridos no mês passado vieram à tona e geraram cobranças para que os crimes sejam investigados e os responsáveis, punidos.
Em comum a ambos os casos, além da brutalidade, das mortes e do acúmulo de violações, está o fato de que eles resultaram da ação de forças policiais dos estados do Amazonas e de Mato Grosso. É o que indicam as diversas denúncias e relatos colhidos junto a testemunhas e familiares das vítimas.
No Amazonas, policiais militares são acusados de matar pelo menos cinco ribeirinhos e um indígena Munduruku após conflitos envolvendo uma lancha que, sem autorização das comunidades, praticava ilegalmente a pesca esportiva na região do rio Abacaxis, entre os municípios de Nova Olinda do Norte e Borba.
As averiguações de diversas organizações, entre elas o Cimi, indicam a prática de “execuções, torturas, prisões ilegais, perseguições e destruição de patrimônio” pelos policiais.
O outro caso ocorreu na região de fronteira entre o Brasil e a Bolívia, área de ocupação tradicional do povo Chiquitano. Em 11 de agosto, conforme as denúncias, quatro indígenas que haviam saído para uma caçada foram mortos por agentes do Grupo Especial de Fronteira de Mato Grosso.
Os Chiquitanos denunciam, ainda, que os corpos das vítimas – assassinadas em território brasileiro – apresentavam sinais de tortura.
Enquanto as organizações da sociedade civil cobram a investigação dos casos e a proteção dos sobreviventes, o povo Chiquitano e as comunidades e aldeias do rio Abacaxis enfrentam a dor, o medo e o descaso. E esperam por justiça.
Outra morte ocorrida na última semana provocou tristeza e consternação entre os apoiadores da causa indígena: o indigenista Rieli Franciscato morreu após ser flechado por indígenas isolados que apareceram mais uma vez na zona rural de Seringueiras, em Rondônia.
Com três décadas de experiência na Funai e uma vida dedicada à defesa dos povos em isolamento voluntário, Rieli buscava evitar um conflito entre isolados e não indígenas.
A reação desesperada dos indígenas, que lamentavelmente vitimou Rieli, expõe a vulnerabilidade destes povos frente à “constante a invasão dos seus territórios e a criminosa omissão do Estado”, denuncia o Cimi.
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Chiquitanos choram perda de seus familiares e exigem justiça Foto: CEDPH-MT e FDHT-MT