A destruição que toma conta do Pantanal e da Amazônia não impressiona Bolsonaro. Para ele, quem exagera são os críticos, domésticos e externos, que querem importuná-lo sem qualquer razão. “Tem críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal. Califórnia está ardendo em fogo. A África tem mais focos que no Brasil”, disse o presidente, comparando laranja (sem duplo sentido, por favor) com banana – afinal, os incêndios na Califórnia são majoritariamente decorrentes das condições meteorológicas, e no Brasil a causa deles é, em grande maioria, a ação humana.
Bolsonaro insistiu em minimizar a crise e colocou-a na conta de seus adversários (reais e imaginários). “Nós tentamos, com a regularização fundiária, resolver essa questão. Tem muita terra que ONG botou laranja aqui, então o lobby é enorme para você não fazer a regularização fundiária”.
Como uma negação sozinha é pouca, Bolsonaro “dobrou a meta”. Em discurso feito ontem (17/9) durante a inauguração de uma usina solar na Paraíba, saiu-se com essa: “O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente. E é o país que mais sofre ataques vindos de fora no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns da maneira como preserva esse seu meio ambiente”.
Folha, Metrópoles, O Globo e Reuters repercutiram as falas de Bolsonaro.
Em tempo: Vale a pena ler a entrevista dada pela antropóloga e socióloga Andréa Zhouri para a Deutsche Welle. Ela apontou como a visão de mundo conspiratória que a ditadura militar teve com relação à Amazônia marca e orienta a política do governo Bolsonaro para essa região agora. “A diferença desse discurso de hoje em relação ao do passado é que antes se pretendia ‘integrar o Brasil para não entregar’. E agora trata-se de integração do país à economia-mundo por meio de exportação e commodities“.
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Imagem: Bolsonaro e o incêndio na floresta amazônica. Montagem Revista Fórum