Setembro também tem sido devastador para o Pantanal. Segundo o INPE, em 15 dias, o bioma já bateu seu recorde histórico de queimadas para esse mês. Até agora, o Pantanal já registrou 5.603 focos de incêndio, número quase três vezes acima da média para o mês. Para se ter uma ideia, o setembro mais destrutivo para os pantaneiros até hoje tinha acontecido em 2007, quando 5.498 queimadas foram identificadas ao longo de seus 30 dias.
Na Folha, Phillippe Watanabe disse que setembro de 2020 caminha para se tornar o mês mais destrutivo da história do Pantanal, já que a perspectiva para a próxima quinzena é de continuidade das condições secas que têm facilitado a disseminação do fogo na região.
As Terras Indígenas, áreas sob proteção legal, também estão sendo devastadas. A Agência Pública levantou que quase metade dessas reservas foi atingida pelas queimadas no Pantanal matogrossense, que estão cercando casas e plantações e causando doenças respiratórias em diversas comunidades. A partir de dados do INPE, a reportagem assinalou que parte dessas queimadas começou em terras privadas, que depois avançaram para além de seus limites e atingiram áreas indígenas. A Pública também mostrou a luta dessas comunidades para debelar o fogo: a maior parte dos brigadistas que estão atuando pelo Ibama no combate às chamas é indígena, que faz o trabalho sem recursos suficientes e com muita dificuldade.
O Senado Federal criou uma comissão especial para acompanhar as ações de combate às queimadas no Pantanal. O grupo visitará a região de Poconé (MT) no próximo sábado (19/9), para fazer diligências em áreas afetadas pelo fogo e conversar com brigadistas e autoridades locais. Estadão e O Globo repercutiram essa notícia.
Em tempo: O G1 falou da reação de especialistas à defesa feita por Salles à técnica do “fogo frio” (queima controlada de matéria orgânica em excesso) como ação preventiva que poderia ter evitado as queimadas atuais no Pantanal. Desde 2014, o uso dessa técnica é proibido durante a temporada seca. Ouvido pela reportagem, Vinícius Silgueiro (Instituto Centro de Vida) disse que a proibição de queima de material antes da época de seca pode até contribuir para a intensificação do problema, mas não é a origem dele. “Não há uma relação direta entre o acúmulo de matéria orgânica e a existência do foco no Pantanal”, argumentou, reforçando que “a causa principal [dos incêndios] são as ações antrópicas (humanas)”.
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Até o fim de agosto, fogo consumiu 12% do Pantanal em 2020