Ao longo de cinco vídeos especiais para a TV Boitempo, a autora discute alguns dos principais temas de seu livro mais recente sobre feminismo marxista e caça às bruxas na atualidade.
Já está disponível, na TV Boitempo, uma série especial sobre feminismo marxista e caça às bruxas hoje conduzida por ninguém menos que Silvia Federici! Ao longo de 5 vídeos legendados em português, a autora discute alguns dos principais temas de seu mais recente livro, Mulheres e caça às bruxas: da Idade Média aos dias atuais, em conversa com Artur Renzo e Heleni Andrade.
Clique aqui para salvar a playlist completa, ou confira os vídeos um a um aqui neste post.
Lembrando que todas as séries em língua estrangeira da TV Boitempo são sempre devidamente legendadas. Para visualizar as legendas, contudo, é preciso ativá-las no seu tocador do YouTube!
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1. A história oculta da fofoca: patriarcado e silenciamento das mulheres
Você sabia que o termo “fofoca” oculta uma poderosa história de silenciamento da resistência das mulheres contra o patriarcado e o capitalismo?
Imputar um sentido depreciativo a uma palavra que indicava amizade entre as mulheres ajudou a destruir a sociabilidade feminina que prevaleceu na Idade Média quando a maioria das atividades executadas pelas mulheres era de natureza coletiva e, ao menos nas classes baixas, as mulheres formavam uma comunidade coesa que era a causa de uma força sem-par na era moderna.
2. Eles chamam de amor, nós chamamos de trabalho não remunerado
“O contrato de casamento é na verdade um contrato de trabalho na sociedade burguesa”.
Para compreender as armadilhas do amor romântico e da instituição familiar burguesa, Silvia Federici insiste na necessidade de se debruçar sobre as relações materiais da reprodução do capital. O trabalho doméstico e de reprodução social é o trabalho são absolutamente fundamentais para garantir o funcionamento do capitalismo. Para a autora, essa é a chave para compreender a carga de invisibilização ao qual essa esfera da vida social é submetida.
3. As feministas devem reivindicar a imagem da bruxa?
A imagem da bruxa está no centro de um campo de batalha.
Se por um lado uma nova geração de feministas está abraçando de maneira criativa a imagem da bruxa, buscando ressignificá-la, por outro, Hollywood, por exemplo, investe pesadamente em reforçar o imaginário patriarcal e repressivo em torno da bruxaria. Para Federici, é crucial lembrar que a palavra e a imagem da bruxa não foram criadas pelas próprias mulheres, mas pelo sistema que brutalmente as oprimiu. Por isso, para ela, a bruxa não deve ser tratada simplesmente como uma imagem descolada e pop. “É uma figura que podemos recuperar para a luta, mas sem torná-la uma lenda. Por tempo demais a história da caça às bruxas foi apagada.”
4. Formas ativas de resistência e luta contra o capital
As mulheres estão na linha de frente da luta anticapitalista.
Para Silvia Federici, as mulheres estão na linha de frente da luta anticapitalista hoje. Neste vídeo, ela explica por quê e discute as diversas formas não apenas de resistência como também de criação ativa de novos espaços colaborativos e cooperativos de reprodução social e vida em sociedade para além do isolamento e das relações sociais impostas pela acumulação do capital.
5. Caça às bruxas e capitalismo neoliberal
O que a caça às bruxas tem a ver com o neoliberalismo?
Fechando a série, Federici faz uma análise marxista e feminista da atual fase do desenvolvimento capitalista. Para ela, o que une as diversas facetas da chamada globalização neoliberal é, fundamentalmente, o ataque frontal à reprodução da força de trabalho e ao poder das mulheres. É essa mesma lógica que articula as diversas práticas violentas de caça às bruxas na Índia e na África, os cercamentos e a privatização de terras no campo, as ações do Banco Mundial, a destruição das florestas e formas de vida comunitárias e solidárias e o arrocho salarial brutal nas cidades, entre outros fenômenos.