Atingidos dos municípios de Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce fecham há 9 dias o acesso as obras da hidrelétrica de Candonga. Até agora a Renova não foi no local e não atende os atingidos na demanda de uma reunião presencial para negociar o pagamento dos direitos reivindicados
por Coletivo de Comunicação MAB/MG
Os atingidos reivindicam o pagamento de indenização e também do auxílio financeiro emergencial. Nos dois municípios a Renova fez o pagamento do auxílio emergencial para um grupo de famílias que foram reconhecidas, mas muitas delas ficaram de fora e agora lutam pelo direito de também receber o valor.
O Comitê Interfederativo (CIF) aprovou no dia 25 de julho de 2019 o pagamento do auxílio para esse segundo grupo de famílias mas até hoje, 1 ano e 2 meses depois da aprovação, a Renova ainda não realizou o pagamento. Além disso, o pagamento da indenização ainda não foi realizado para as famílias nesses municípios, que têm como atividades econômicas a pesca e o garimpo tradicional, atividades dependentes do Rio Doce. Desde junho as comissões de atingidos dos dois municípios estão buscando uma forma de negociar as indenizações através do judiciário da 12 º Vara da Justiça Federal, mas o processo também segue sem repostas.
Nessa mesma região está localizada a hidrelétrica de Candonga, que atingiu os dois municípios quando foi construída. A hidrelétrica pertence a Vale e a Cemig e está sem gerar energia desde o rompimento de Fundão porque acumulou uma grande quantidade de rejeitos em seu reservatório. A Vale tem gasto dinheiro da reparação aos atingidos para retirar rejeito do lago da hidrelétrica que é de sua propriedade, com o objetivo de poder voltar a gerar energia ali. A empresa fez quatro anos de obras emergenciais, sem licenciamento ambiental adequado, e agora busca fazer a regularização ambiental junto ao órgão estadual de meio ambiente, realizando uma audiência pública no dia 15 de outubro em meio a pandemia, com participação presencial e virtual.
Os rejeitos que estão sendo retirados da hidrelétrica estão sendo depositados na Fazenda Floresta, que vai se tornar um novo local de armazenamento de rejeitos localizado acima de diversas comunidades. Em 2018 houve um tremor na região e a Renova paralisou as obras até regularizar a situação. Os atingidos têm medo de que essa fazenda vire uma nova barragem de rejeitos próxima das casas.
O que vemos quase 5 anos depois do rompimento é a Fundação Renova não cumprindo os acordos firmados e as determinações dadas pelos órgãos competentes. Além disso ela deixa as famílias mais vulneráveis ao destruir sua fonte de trabalho, o Rio Doce, e as coloca sob novos riscos, como o relacionado a estabilidade das obras na Fazenda Floresta.
Quase cinco anos depois as famílias atingidas sentem suas vidas paradas e buscam ainda direitos emergenciais que já deveriam ter sido garantidos nos primeiros seis meses do rompimento, como cadastramento e auxílio financeiro emergencial.