Governo enviou espiões à COP25

ClimaInfo

Ao invés de colaborar com o esforço global contra a crise climática, o governo Bolsonaro foi à Conferência do Clima de Madri (COP25) com objetivos menos pertinentes – e mais obscuros. Oficiais da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) foram escalados para monitorar as atividades de organizações da sociedade civil do país que participaram das conversas na Espanha, informa o Estadão. Um dos alvos dos “arapongas” foi o Brazilian Climate Action Hub, espaço mantido por ambientalistas para realização de eventos e debates públicos sobre questões climáticas no contexto brasileiro.

Ouvido pela reportagem, um dos agentes afirmou que o objetivo era captar eventuais críticas ao governo para “defender os interesses do país”. Parlamentares de oposição reagiram e devem pedir nos próximos dias esclarecimentos do governo sobre a atuação da ABIN.

Com mais esse episódio, aumentou a pressão sobre Ricardo Salles – que chefiou a delegação brasileira em Madri, com uma atuação polêmica (para dizer o mínimo). Como a Folha expressou em seu editorial no último sábado (10/10), o desempenho patético do governo na área ambiental, tomada por crises sucessivas, cortes no orçamento, desmonte institucional e legal, é um atestado da incompetência do ministro – e da necessidade de sua saída o mais rápido possível, pelo bem do Brasil.

Em tempo: Pouco depois de assumir o ministério do meio ambiente, Salles justificou a redução da estrutura dedicada para clima no governo dizendo que essa questão era “acadêmica”, uma preocupação “para daqui a 500 anos”. Pois bem: a onda de calor intenso que atuou sobre boa parte do Brasil nas últimas semanas, com recordes de temperatura no Sudeste e no Centro-Oeste, deve causar sérios problemas para o agronegócio brasileiro. O Globo repercutiu um levantamento feito pelo cientista Eduardo Assad, da Embrapa, que estimou o prejuízo causado por ondas de calor no ano passado na agricultura: cerca de R$ 15 bilhões no Rio Grande do Sul e R$ 10 bilhões no Paraná. 500 anos nunca passaram tão rápido, não é ministro?

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