Pantanal: “Bolsonero” e o “boi bombeiro” de Tereza Cristina

ClimaInfo

A ministra Tereza Cristina ressuscitou a figura do “boi bombeiro” para justificar a explosão das queimadas no bioma e defender a expansão da pecuária na região. Segundo a lenda repetida pela ministra, o boi consumiria a vegetação ressecada, diminuindo o estoque de matéria orgânica disponível para ser queimada pelo fogo.

A lorota não é nova. No mês passado, destacamos aqui como essa história “não tem pata nem cabeça”: não existem dados científicos que sustentem essa relação inversa entre focos de incêndio e tamanho do rebanho no Pantanal. Pior: a própria ministra reconheceu em entrevista à Época em setembro que o argumento do “boi bombeiro” não tem base em dados técnicos. EstadãoFolhaO Globo e Reuters repercutiram a defesa do “boi bombeiro” por Tereza Cristina. Já o G1 destacou a resposta de especialistas, contestando a lenda. Vale a pena também conferir o fact-checking do Fakebook.eco.

Enquanto isso, Bolsonaro – ou melhor, “Bolsonero” – foi objeto de uma intervenção do Greenpeace em área queimada do Pantanal. A organização ergueu uma estátua do presidente vestido como o célebre imperador romano Nero, suspeito de ter incendiado Roma para liberar terreno e expandir seus palácios. “O Brasil está literalmente em chamas graças à política incendiária do atual governo que, ao invés de apresentar ações coordenadas e efetivas de proteção ao meio ambiente e à vida das pessoas, segue tocando a melodia desvairada de seu projeto de destruição”, disse Tica Minami, do Greenpeace Brasil. A ação “Pátria Queimada, Brasil” teve destaque em diversos veículos, como AFPCongresso em FocoG1 e O Globo.

Em tempo: Depois de duas semanas, as queimadas na Chapada dos Veadeiros (GO) foram controladas no último final de semana, graças ao trabalho árduo de brigadistas e voluntários, e à uma chuva providencial. Mas o fim das chamas não impediu Salles de tentar capturar os louros para si: no sábado (10/10), o ministro sobrevoou a área e publicou postagens nas redes sociais se gabando de estar “na linha de frente” do combate ao fogo. Pior: mesmo com o fogo controlado, Salles ordenou que o Ibama lançasse na região um retardante químico de chamas. De acordo com o próprio órgão, a substância leva algumas semanas para se degradar e, por isso, recomendou a suspensão do consumo de água, pesca, caça e frutas e vegetais expostas a ela por pelo menos 40 dias. André Borges deu mais detalhes no Estadão.

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