PFDC visita bairros afetados pela mineração da Braskem a convite da força-tarefa do MPF em Alagoas

“O MPF vai até o fim para fazer com que a empresa seja responsabilizada”, diz Carlos Alberto Vilhena

A atuação da força-tarefa do Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) no Caso Pinheiro, que abrange também os bairros Mutange, Bebedouro e Bom Parto, todos afetados diretamente pela exploração de sal-gema pela empresa petroquímica Braskem, trouxe a Maceió (AL) o procurador federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), Carlos Alberto Vilhena.

Convidado pelas procuradoras da República Julia Vale Cadete, Juliana Câmara, Niedja Kaspary e Roberta Bomfim, que compõem a FT do MPF para o Caso Pinheiro, Carlos Alberto Vilhena se reuniu com representantes da Procuradoria do Município de Maceió, da Defesa Civil Municipal, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet), e com representantes da empresa petroquímica Braskem.

Na tarde da última quarta-feira (28), o procurador federal dos Direitos do Cidadão esteve pessoalmente – juntamente com as procuradoras da República da FT do MPF – nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Na ocasião, conversaram com lideranças comunitárias, conhecendo de perto a complexidade do problema e toda a atuação institucional junto aos moradores.

Cumprindo uma agenda intensa de reuniões e visita aos bairros, ele revelou que a situação dos moradores dos bairros tem tirado seu sono. “Graças à atuação pluri-institucional uma tragédia maior não aconteceu em Maceió e esperamos que jamais venha a acontecer. Quanto mais me aprofundo no assunto, mais impressionado eu fico com a atuação preventiva aplicada ao caso”.

Em reunião com as Defesas Civis, Vilhena ressaltou: “este caso, que deveria se chamar ‘Caso Braskem’, é muito caro para o MPF, porque mais que um problema ambiental é um problema humano. Segundo dados do IBGE, 85% dos municípios brasileiros têm menos de 40 mil habitantes, enquanto a população afetada aqui em Maceió pode ser ainda maior, o que dá uma ideia do impacto desse problema. Não estamos falando de um problema de bairros, nem de Maceió ou de Alagoas, o problema é nacional, o problema é da Braskem”.

A procuradora regional dos Direitos do Cidadão em Alagoas, Niedja Kaspary, destacou que “hoje o maior desafio é conseguir que todas as pessoas atingidas sejam indenizadas de forma célere e justa, de modo que elas possam recomeçar suas vidas com dignidade, bem como a recuperação do meio ambiente, a reparação da área degradada e a recuperação urbanística”.

Carlos Vilhena ressaltou que a principal missão do MPF é fazer de tudo para salvar vidas, mas a segunda prioridade é responsabilizar a empresa, disso ninguém abre mão. “Minhas colegas estão fazendo um trabalho de excelência, com muita serenidade e firmeza. É impressionante o que elas e as demais instituições têm conseguido. Muito embora a empresa, no mundo jurídico, não tenha assumido publicamente ser a responsável pelos danos causados aos bairros, ela vem custeando realocações e pagando, timidamente é verdade, as indenizações. Isso abre espaço para um diálogo mais próximo e mais eficaz com a Braskem”.

Durante a reunião com representantes da empresa, o PFDC argumentou que “a mineradora, assumindo a responsabilidade pelos danos, deve ter sensibilidade também para a solução do problema – que não pode ser somente a mais rápida, mas tem que ser também a mais segura quanto à preservação das vidas dos que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade”.

Para as procuradoras que compõem a força-tarefa, a vinda do PFDC traz ainda maior destaque ao trabalho desenvolvido pelo MPF em Maceió. Afinal, só conhecendo de perto é possível compreender a dimensão do problema e a complexidade da atuação institucional. “Em razão do grande desafio que é o Caso Pinheiro, pela área que atinge, pela quantidade de pessoas afetadas, e pela quantidade de direitos que são violados, reputamos de grande importância a vinda da PFDC ao nosso estado, para conhecer de perto o trabalho que tem sido feito ao longo de mais de um ano e meio, conhecer os bairros, e, sobretudo, interagir com a comunidade e com os demais atores e instituições envolvidos no caso”, avaliou Roberta Bomfim.

Saiba mais sobre a PFDC – A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) é um órgão do MPF, tem sede na Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Atua no diálogo e interação com órgãos de Estado, organismos internacionais e representantes da sociedade civil, com o propósito de proteger e defender os direitos fundamentais da população brasileira. Sua atuação descentralizada ocorre por meio das Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão (PRDC), existentes em cada estado brasileiro.

O atual procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, tomou posse em 25 de maio. Durante os últimos meses, tem trabalhando na reestruturação interna do órgão e na criação de grupos de trabalho, formados por membros voluntários do Ministério Público, responsáveis por auxiliá-lo na análise técnica de diversos temas, como racismo, questões de gênero, reforma agrária, saúde mental, população LBGTIA+, seguridade social, educação, direitos humanos e empresas.

Em Alagoas, a procuradora da República Niedja Kaspary é a procuradora regional dos Direitos do Cidadão e tem a missão de atuar na defesa de direitos constitucionais como a liberdade, igualdade, dignidade, saúde, educação, assistência social, acessibilidade, segurança pública, o direito à informação e à livre expressão, entre outros.

A força-tarefa (FT) do MPF para o Caso Pinheiro foi designada em setembro de 2019 e prorrogada por mais um ano, em setembro de 2020, pelo procurador-geral da República Augusto Aras. Atualmente a FT é composta pelas procuradoras República Julia Vale Cadete, Juliana Câmara, Niedja Kaspary e Roberta Bomfim. Anteriormente, o Caso Pinheiro era acompanhado por grupo de trabalho (GT) criado no âmbito do MPF em Alagoas, em fevereiro de 2019.

Confira imagens

Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria da República em Alagoas

Maceió: 4,5 mil imóveis em risco como consequência da mineração da Braskem passarão a ser visitados por técnicos sociais em 2020; muitas famílias já deixaram suas casas. Foto: Arquivo Pessoal de moradores, no Brasil de Fato

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

5 × três =