Governo não atende MPF e mantém ré por crimes ambientais em direção do Instituto de Meio Ambiente do AC

Governo informou que Adelaide de Fátima Oliveira não possui impedimento jurídico para ficar no cargo.

Por Alcinete Gadelha, G1 AC

Alegando que a diretora do Instituto de Meio Ambiente e Análises Climáticas do Acre (Imac) Adelaide de Fátima Oliveira não possui impedimento jurídico para ficar no cargo, o governo do Estado ignorou uma recomendação do Ministério Público Federal no Acre (MPF) que pedia a exoneração da gestora do cargo.

Adelaide foi nomeada para exercer a função no dia 2 de outubro. Após a nomeação dela, o MPF recomendou, em 14 de outubro, a exoneração devido a gestora ser ré em um processo de crime ambiental que tramita na Justiça Federal.

O governo tinha um prazo de 10 dias úteis para responder ao órgão sobre aceitação ou não da recomendação. “A diretora Adelaide de Fátima não possui impedimento jurídico para compor o quadro do Governo”, informou a porta-voz do governo Mirla Miranda.

A diretora foi denunciada pelo MPF pelos crimes de falsidade ideológica, por dificultar a fiscalização do Poder Público em questões ambientais e por adquirir madeira sem licença válida.

O MPF informou que as nomeações para cargos públicos, ainda que em comissão, devem observar os princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência. Além de que o ocupante de cargo ou emprego público no poder Executivo deve agir de modo a prevenir e impedir possível conflito de interesses e a resguardar informação privilegiada.

Além disso, o órgão reforça que Adelaide é presidente do sindicato do setor madeireiro e proprietária de uma empresa madeireira, o que caracteriza conflito de interesses. De acordo com o MPF, a recusa do pode acarretar medidas judiciais.

G1 não conseguiu contato com a gestora até a última atualização desta reportagem.

Entenda o caso

A denúncia, aponta que no período de 27 de maio de 2014 a 7 de novembro de 2014, Adelaide mandou funcionários inserirem informações falsas no sistema de controle de emissão de Documentos de Origem Florestal (SisDOF), resultando na emissão de 44 DOFs fraudulentos.

O mesmo teria ocorrido de 31 de janeiro de 2015 a 27 de março de 2015 com uma outra empresa que ela era dona, quando foram emitidos 394 DOFs falsos. O esquema, segundo a denúncia, tinha como objetivo gerar créditos fictícios e, assim, dar um ar de legalidade a madeiras retiradas de forma ilegal.

Na denúncia, o MPF informou que Adelaide, ao ser notificada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) para apresentar notas fiscais de entrada e saída dos produtos de origem florestal e sua defesa alegou que não tinha encontrado os documentos solicitados.

Ela teria ainda, ao ser ouvida na delegacia, reconhecido que houve fraude nas transações, mas atribuiu a autoria dos ilícitos à contadora da empresa na época. Adelaide também foi denunciada pelo crime de denúncia caluniosa contra a funcionária.

Adelaide de Fátima Oliveira, que foi nomeada pelo governador Gladson Cameli para o cargo de diretora do Instituto de Meio Ambiente e Análises Climáticas do Acre (Imac), é réu em processo de crime ambiental que tramita na Justiça Federal. Foto: Arquivo pessoal / G1

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