Homem posta vídeo ameaçando angolanos que foram agredidos e arrastados para fora de revendedora de bebidas: ‘Vocês vão ver o satanás’

Estrangeiros disseram que foram agredidos quando buscavam a quinta cerveja (já paga) na loja. Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso e saber se as agressões foram motivadas por questão racial.

Por RPC Maringá e G1 PR

Um homem, ex-policial militar, publicou um vídeo na internet ameaçando os dois angolanos que foram agredidos e arrastados para fora de uma revendedora de bebidas, em Maringá, no norte do Paraná. 

“Esses vagabundos, não importa se são negros, angolanos, haitianos. Vieram lá da terra deles, para causar confusão. Se algum dos meus for prejudicado por causa desses marginais, aí vocês vão ver o satanás”, disse Nilson Roberto Pessuti Filho.

Nilson Roberto Pessuti Filho postou vídeo ameaçando angolanos que foram agredidos e arrastados para fora de revendedora de bebidas. Foto: Reprodução RPC

Imagens divulgadas pela Polícia Civil mostram parte das agressões que ocorreram na noite de sábado (7), em uma empresa localizada na Zona Sul da cidade. 

A gravação começa com os dois angolanos apanhando de, pelo menos, cinco pessoas. Logo depois, os dois são arrastados para fora da loja.

Um dos estrangeiros desmaia depois de receber um golpe chamado de mata-leão. Uma das vítimas procurou ajuda no Hospital Universitário, onde ficou internada até a manhã do domingo (8).

A Polícia Civil de Maringá afirmou que está investigando o caso.

Segundo os angolanos, os dois compraram cinco cervejas na loja, ficaram na frente da empresa e buscavam uma de cada vez. Quando entraram na empresa para pegar a última cerveja, eles foram proibidos de entrar pelo segurança. Houve bate-boca e logo depois ocorreram as agressões.

“Falei: ‘Deixa eu entrar para pegar a cerveja então’. Aí ele começou a me xingar, eu retruquei o xingamento dele, e ele já começou a agressão”, disse uma das vítimas.

No dia seguinte ao da agressão, os angolanos voltaram à loja junto com amigos, segundo eles, para falar com o gerente. Eles contaram que foram ameaçados e perseguidos até um prédio, onde pediram ajuda.

Câmeras de segurança registraram dois homens falando com o grupo. Um deles é Nilson Roberto Pessuti Filho – que depois publicou o vídeo com ameaças na internet.

O delegado responsável pelo inquérito afirmou que, pelas imagens, é possível identificar pelo menos um crime: o de lesão corporal.

Os envolvidos na confusão serão chamados para prestar depoimento. A polícia disse que quer saber se as agressões foram motivadas por questão racial.

“Se essa motivação tem uma conotação racista ou não. Se tiver comprovado isso, também tem um outro crime de racismo, que a gente deverá avaliar e apurar nesse sentido”, explicou o delegado Diego de Almeida.

O dono da loja de bebidas, onde as agressões aconteceram, disse que houve uma confusão por conta do horário de fechamento do estabelecimento, que os agredidos já tinham bebido muito, e nega a questão racial. Ele afirmou ainda que eles passaram a receber ameaças.

“Discutiram com os seguranças, por volta das 22h55, porque eles não queriam respeitar a fila. Em torno de umas 23h aconteceu, depois da discussão, de eles acabarem invadindo e agredindo um dos seguranças que estavam lá na frente cuidando da porta e, nisso, gerou toda aquela confusão”, contou o advogado João Vítor Ritter.

Os primos angolanos moram há sete anos no Brasil e relatam que estão assustados.

“Aquela imagem fica passando repetidamente na cabeça junto com sentimento de ódio e de impotência muito grande. De, tipo, não conseguir fazer nada em relação a isso”, comentou.

G1 tenta localizar a defesa de Nilson Roberto Pessuti Filho.

Angolano foi arrastado após ser agredido em revendedora de bebidas, em Maringá. Foto: Reprodução vídeo RPC

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