O contraste não poderia ser mais explícito e preocupante. No mesmo período no qual o desmatamento na Amazônia subiu mais de 9%, de agosto de 2019 a julho de 2020, o número de autos de infração aplicados pelo IBAMA na região caiu 42% (de 3.403 multas para 1.964). Os dados foram revelados pelo Fakebook.eco dois dias depois do sistema PRODES, do INPE, confirmar a maior taxa de desmatamento da floresta desde 2008. O total aplicado de multas nestes 12 meses é o menor da história do IBAMA. O Globo repercutiu os dados.
A capacidade de fiscalização do IBAMA vem sendo paulatinamente corroída sob a gestão Bolsonaro/Salles. Cortes de despesas, sucateamento de material, não reposição de quadros, falta de segurança e cobranças públicas do próprio presidente tornaram a principal agência ambiental federal impotente diante dos criminosos ambientais. Os números do desmatamento mostram que o vácuo não está sendo preenchido de maneira eficiente pelos militares convocados pelo governo para atuar na fiscalização da floresta desde maio passado.
Não foi à toa que o próprio Mourão admitiu que a presença militar na Amazônia não deve seguir depois de abril, quando termina o novo prazo do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
A dúvida é qual cortina de fumaça o governo lançará para encobrir o desmonte ambiental na Amazônia a partir daquele mês.
Em tempo: Vale a pena dar uma olhada no infográfico feito pelo InfoAmazonia sobre os números recentes do PRODES. Usando imagens de satélite, ele mostra o desdobramento do desmatamento em diferentes pontos da Amazônia.