Depois de um sumiço que durou dias (que, curiosamente, coincidiu com a divulgação dos dados do PRODES mostrando aumento do desmatamento da Amazônia), Salles apareceu em uma live com Bolsonaro na 5ª feira (3/12) para praticar seu esporte predileto: desancar governos e países que criticam a destruição florestal no Brasil.
Para contestar as críticas internacionais, Salles disse mais uma vez que “só crítica de graça não adianta, tem que vir recurso também”, e completou dizendo que o governo federal estaria “aberto à cooperação com todos os países”. É no mínimo irônico que isto tenha saído da boca de quem paralisou o Fundo Amazônia, principal ferramenta financeira para proteção da floresta financiada por doações milionárias da Noruega e da Alemanha.
Na live, Bolsonaro disse que Salles será o representante do governo na COP26 em novembro de 2021, na Escócia. Estadão, O Globo e Reuters repercutiram as falas.
Em tempo: Em entrevista à Bloomberg, Salles defendeu “oportunidades de negócios” na Amazônia como caminho para atrair o capital privado para a região e promover seu desenvolvimento. Para ele, as ilegalidades são decorrentes da situação de pobreza nas comunidades amazônicas. “Como sou um liberal, quem vai resolver isso é a iniciativa privada”, disse. A própria reportagem lembra, no entanto, que nem mesmo a iniciativa privada coloca muita fé em Salles e em suas propostas para a Amazônia, reticente por conta da aceleração do desmatamento sob o atual governo. O Valor publicou uma tradução da entrevista.